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Viva o Choro! O Choro vive! Viva! (final)




Finalizando nosso papo sobre o Chorinho e o Vale do Paraíba, me adianto logo em dizer que não há nenhuma pretensão em trazer novidades. Essa parte da história, hoje, felizmente muita gente conhece. E poderia citar Carlos Monte, Nei Lopes e muitos outros estudiosos, para me avalizar. Mas aqui reforço meu discurso com o trabalho de um bandolinista de respeito, também compositor e pesquisador reconhecido internacionalmente, e que é daqui do Vale do Paraíba Fluminense, mais precisamente, Volta Redonda: Carlos Henrique Machado Freitas.


O jornalista Francisco Luiz Noel tem um artigo encontrável facilmente nas Redes, que faz um desenho bem preciso do trabalho do Carlos Henrique, apelidado de Baiano. Com seu álbum, premiado, Vale dos Tambores ele chama atenção para a importância do Vale do Paraíba para as manifestações musicais destacando Samba e Choro, no Rio e em São Paulo. E o jornalista, rechaçando o pensamento de que esses gêneros são genuinamente urbanos, diz o seguinte: muitos brasileiros não se dão conta de que o caminho desses dois gêneros nacionalíssimos cruzou os cafezais do vale do Paraíba no século 19.


Relembrando o que dizem os estudiosos, quando ocorreu a avalanche migratória com destino a Rio de Janeiro e São Paulo, consequência da Abolição, em 1888, o ex-escravizados e descendentes levaram junto a tradição musical afro-brasileira que zanzava às sombras dos cafezais. O Carnaval das duas principais cidades do país na ocasião foi se encorpando. E nessa leva não foi só o Samba a receber a transfusão. O Choro também, com a experiência das bandas de negros escravizados.


A conexão da musicalidade africana com o nosso nobilíssimo gênero musical teve como uma de suas estradas as bandas de escravizados que existiam em várias fazendas do Vale no século XIX. Explica o Carlos Henrique Baiano. Era uma ostentação de poder dos barões do café exibir suas bandas formadas por negros, que aprenderam a usar os instrumentos de sopro. Os regentes eram músicos europeus. Aqui em Resende, dona Maria Benedita conhecida como a ‘Rainha do Café’, proprietária de uma meia dúzia de fazendas cafeeiras, tinha a sua banda de escravizados que animava os regabofes que aconteciam no belo sobrado que fica na Praça Oliveira Botelho (Praça da Matriz), que é hoje deposito de um supermercado que fica na parte térrea do prédio, no centro histórico da cidade.


Meu primeiro contato com o trabalho de Carlos Henrique Baiano foi por intermédio do saudoso Claudionor Rosa, nosso historiador, pesquisador e incansável agitador cultural de Resende. Claudionor me mostrou uma caixa de CDs que o Carlos Henrique o presenteara. Na época como gestor da cultura e inspirado no Carlos Henrique, sonhei em criar a Casa de Referência da Música do Vale. Mas foi um sonho de uma noite de verão. Não demorei no cargo.


Semana passada falei da satisfação de ver gente jovem e até crianças magnetizadas pelo instrumental do Choro na Praça da Bandeira, em Resende, o que acontece sempre no último sábado mês organizado pelos chorões do grupo ‘Nós nas Cordas’. Entendo que temos que divulgar ao máximo esses’ eventos. O Choro é forte, mas as barreiras são muitas. Na letra que fiz para ‘Cariocando’ do meu parceiro musical Guido de Castro, citei a rua General Glicério com Choro aos sábados e a Praça São Salvador, em Laranjeiras, aos domingos. Mas tem também aos sábados a partir da hora do almoço o ‘Quarteto Corujinha’, no bar Corujinha na Praça Serzedelo Correa, em Copacabana. O pandeirista do grupo é um irmão de coração o Vitor Loureiro.

Mas voltando rapidamente ao nosso berço, o Vale do Paraíba, citei o grupo ‘Passagem de Nível’, que anima os domingos em Mendes, com Samba e Choro na Praça João Nery e pra terminar (com certeza há outros endereços que ainda tenho que descobrir), funciona em Conservatória, o musical distrito de Valença, o Instituto Waldir Azevedo, tocado (literalmente) pelo excelente cavaquinhista, Ronaldinho e que é um espaço que merece muito ser visitado por quem gosta de música, e principalmente, de Choro. Aos sábados o bicho pega por volta das 17 horas. O Choro vive! Que ótimo.


“Nasceu no Rio de Janeiro Dia do santo guerreiro Naquele tempo que passou

Foi o maior mestre do choro Tinha um coração de ouro E que bom compositor

Foi carinhoso e foi ingênuo E na roda dos boêmios Sua flauta era rainha

E em samba, choro e serenata Como era doce o som de prata, doutor Que a flauta tinha

O embaixador dessa cidade Meu Deus do céu, mais que saudade que dá Do velho Pixinguinha

Veio da terra de Zambi, Sangue de Malê De uma falange do rei Nagô Filho de Ogum, de São Jorge, no Batuquegê De Benguelê, de Iaô, Rainha Ginga

É que sua avó era africana A rezadeira de Aruanda, vovó Vovó Cambinda Só quem morre dentro de uma igreja Virá orixá, louvado seja Senhor Meu santo Pixinguinha

Ele é de Benguelê Ele é de Iaô É do Batuquegê Ele é do Rei Nagô” É sangue de Malê

É santo sim senhor

(Som de Prata-Moacyr Luz/Paulo Cesar Pinheiro)


 

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