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Foto do escritorLéo Viana

POEMINHA PRO FUTURO




Qualquer hora o futuro vira presente

E ninguém sabe se estará ou não ausente,

Com Parkinson, Alzheimer, escleroses

Ou com quantos dentes remanescentes


Não sabemos quem será o/a presidente

Se seremos ainda república ou um reino decadente

Se os mares terão mesmo subido muito

E se terão ou não afogado muita gente


É tudo incerteza, imprecisão, possibilidade

Não se sabe se vem aí uma onda de verdade,

Se a mentira segue em alta cotação

Ou se as duas juntas criam nova e alternativa realidade


Haverá novo ciclo de fascismo renovado?

Os idiotas serão enfim envergonhados?

Conseguiremos letrar os involuntariamente ignorantes?

Ou seremos ainda súditos dos imbecis autodeclarados?


A Coreia do Norte cumprirá as renitentes promessas?

Chegarão de lá ao Japão as atômicas remessas?

Ou ao grande irmão do Norte, do outro lado do Pacífico?

Se não tiver jeito, que ao menos não se tenha pressa…


Haverá, na Rússia, algum discernimento menos belicoso?

Ou várias Ucrânias? Guerrear pra eles é gostoso?

Querem mesmo só afastar a Otan e correlatos

Ou o projeto de expansão é ainda mais ambicioso?


São questões com solução ainda por ser gerada

Como a condenação final da nossa recente palhaçada

Aquela que em quatro anos quase destruiu o Brasil

E deixou, em oito de janeiro, muita vidraça estilhaçada


Igual ao cara de laranja azeda da potência lá de cima

Que não acreditava em mudança do clima,

Inspirou a besta que nos governou aos relinchos

E fez curral onde Niemeyer tinha feito obra-prima


A África entrará enfim no mundo consumidor?

A China suprirá suas próprias demandas – e as de todo o resto - sem dor?

A Índia distribuirá sua gente pela terra toda?

Há de sobrar terra pra plantar comida com algum valor?


A música e a cultura seguirão seu rumo sem ataques?

Ou a produção vai ser pautada por artistas de araque?

Estaremos condenados ao sucesso imposto pelas mídias?

Ou surgirão levas de Caetanos, Gilbertos, Paulinhos da Viola, Chicos Buarque?


Não dá pra saber. Não sei responder. Desisto!

O presente é estranho, mas nosso. Resisto!

O passado, de altos e baixos, deixou cicatrizes boas e más.

Quanto ao futuro, no entanto, na dúvida, apenas insisto.


Vai que melhora?


Rio de Janeiro, maio de 2023.


 

Música, Arte, Cultura




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