PAZ E AMOR
Não lembrava mais quando tinha começado a ver filmes de guerra compulsivamente. Lembrava dos primeiros, assistidos ainda por uma mente em formação e sem a necessária cultura geral que ajuda a entender tudo o que envolve uma guerra e suas normalmente absurdas justificativas. Assistira a “O Encouraçado Potemkim” numa programação da escola destinada ao ensino médio. Mas era um garoto da então quarta série primária e só viu o filme porque precisava esperar o irmão mais velho, já adolescente secundarista, que o levaria pra casa. Não se sentiu bem vendo o que acontecia num navio de guerra. Só muito mais tarde conseguiu elaborar que a ideia central nem era a guerra, mas a luta de classes. Mas talvez tenha sido o desconforto causado pela situação dos marinheiros no navio que o tenha feito continuar vendo filmes do tipo.
O que há de concreto é que foram sessões e sessões de cinema e vídeo, da tv comum ao streaming, passando obviamente por videocassete, dvds e copias das mais diversas procedências. E tome “Johnny vai à Guerra“, “Selvagens Cães de Guerra”, “Ben Hur”, “Apocalypse Now”, “Platoon”, “O Resgate do Soldado Ryan”, “A Ponte do Rio Kway”, “Indochina”, “A Queda”, “1917”, “A Lista de Schindler”, “Pearl Harbor”. Até comédias como “Forrest Gump” e “Bom Dia Vietnam” entraram na lista infindável. Blockbusters americanos, mas também filmes noruegueses, russos, turcos, africanos no norte ou do sul.
Além da guerra propriamente dita, se impressionava com a maneira de o cinema tratar o tema, com o realismo variável de cada época, mais ou menos receptiva à realidade. E a indecência da estupidez humana levada às últimas consequências cada vez mais tornava o Amadeu um pacifista intransigente, capaz de se divertir com a ficção de base real do cinema de guerra e de abominar, de maneira gradativamente crescente, qualquer tipo de violência, da mais simples, verbal ou decorrente de um olhar menos amistoso, a qualquer possibilidade, por menos significativa que seja, de violência física.
Analista de sistemas, o Amadeu passava os dias ocupado entre máquinas de última geração e milhões de dados numéricos, numa impessoalidade que contribuía, junto com os filmes de guerra e a postura pacifista, para a formação de uma personalidade controversa, um tipo de pacifista tenso.
O perfil nunca contribuiu para o bom andamento das relações interpessoais. Relacionava-se com uns e outros no trabalho, normalmente para ajustar informações coletadas a partir de redes de computadores remotamente operadas pelo servidor de internet que gerenciava, com clientes diversos e com alguns curiosos da imprensa, em tempos de fakenews e hegemonia das redes sociais sobre a vida real.
Os amigos nunca foram muitos, já desde os tempos da escola secundária, quando ficou evidente que era um nerd ligado em tecnologias digitais e filmes de guerra. Diferente dos outros garotos, nerds ou não, nunca se interessou por jogos eletrônicos. Foi carregando esse portfólio de esquisitices que conheceu a Liza. E ela trazia consigo mais que a homenagem à Liza Minelli no nome, dado por sua avó. Portava, também ela, um cabedal de estranhezas colecionadas ao longo da vida, capazes de, como as do Amadeu, complicar o convívio mesmo não oferecendo riscos. A Liza era um doce de pessoa. Topou com o Amadeu em uma sessão de debates em torno de uma exibição do “Amor em Tempos de Guerra”. Ela era viciada em filmes românticos. Do tipo que se emociona fortemente, chora sozinha e decora as falas.
Cresceu entre sessões de “Love Story”, “A Princesa e o Plebeu”, “Uma Janela para o Amor”, “Ghost”, “Uma Linda Mulher”, “Um Lugar Chamado Nothing Hill”, ‘Casablanca” e outras produções do gênero.
Mas não trouxe o romantismo para a vida, como o Amadeu não trouxe o belicismo. Engenheira civil, também se descobriu nerd na adolescência e também se manteve relativamente distante das amiguinhas normais da geração, mais dadas às ciências humanas e às artes, ao menos em seu grupo.
O apartamento de três quartos onde vivem tem duas salas de TV, claro. Raramente algum filme é assistido em conjunto, mas eles se gostam muito.
Sem o exagerado romantismo ficcional dos filmes da Liza e sem a estupidez da guerra dos filmes do Amadeu, a vida é bem mais interessante.
No Rio, a guerra está na rotina diária e o romantismo que faz sentido inclui o pôr do Sol no Arpoador e a Lua nascendo no Aterro.
Rio de Janeiro, abril de 2023.
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