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Foto do escritorMarlos Degani

DEPENDE DOS CINQUENTA





Dizem que a vida começa depois dos quarenta. Assombram o tal do quarenta por conta de seu sufixo, o malfadado “enta”. Dizem, ainda, que nunca mais sairemos dele ̶ tudo bem, mas o quarenta nunca dará a exata sensação da metade cumprida, da divisão em duas partes que o cinquenta dá. Senão, vejamos: cinquenta é a metade de cem, cinquenta porcento. Ademais, apesar de não ser costumeiro conhecermos pessoas que chegaram ao centésimo aniversário, não é uma coisa de outro mundo. Se você fizer um pequeno esforço, haverá de se lembrar de alguém que completou cem anos de idade, mesmo que não faça parte do seu círculo social.


A ideia da metade funciona muito bem para o homem e para a mulher, mas fazer cinquenta anos para um homem é absolutamente diferente do que fazer cinquenta anos para uma mulher. O homem (apoiado em nossa ultrapassadíssima cultura machistóide insistente) encara o fato de um jeito, digamos, otimista: ele está mais maduro, mais sábio e, talvez, mais barrigudo, mas, geralmente, transforma isso numa vantagem e num aspecto positivo do estereótipo da masculinidade que lhe é intrínseca, feito a escassez dos cabelos e a andropausa.


Não obstante, no frigir dos ovos — como bem sussurrava a minha avó Aurora — o homem consegue mais comumente fazer do limão uma limonada. E a mulher? Ela também está mais madura, mais sábia, mas, oprimida, nada disso parece ter tanta importância diante do culote, das marcas de expressão, da celulite, enfim, dos sinais dos tempos e, se ela pudesse jogar tudo fora, quem sabe jogaria sem o menor titubeio. Mas não pode. Junto disso tudo, ainda há a menopausa que lança aquele calor inesperado saia adentro, sem aviso ou cerimônia. Fazer cinquenta anos modifica as coisas para ambos, mas o homem pode, por exemplo, aventurar-se numa relação com uma mulher mais nova ̶ estará, certamente, se renovando. Vai a mulher tentar fazer isso com um homem mais novo? O homem pode ousar e investir numa indumentária mais moderninha e estará demonstrando afinidade com os tempos, mas quando a mulher faz a mesmíssima coisa, corre o risco de ser taxada de ridícula ou até de — para usar uma expressão muito atual — sem-noção. A capa do preconceito e do machismo ainda é muito cruel para e contra as mulheres em pleno 2023. É vergonhoso...


O interessante dessa vida é que tudo depende de tudo: nada é, tudo está. Mesmo quando tratamos de quem ou do que faz cinquenta anos. Por exemplo: o aniversário de cinquenta anos de um episódio importante para a humanidade, na ótica do historiador, é como sefosse o primeiro. Somente a partir da 50ª velinha é que ele pode começar a discorrer a sua análise científica e imparcial sobre os desdobramentos do ocorrido. Fazer cinquenta anos, portanto, também pode significar quase o mesmo do que nascer, sob o ponto de vista da História.


Feito se a vida fosse um ábaco, estamos sempre a transportar os seus fardos, na tentativa de equilibrar as coisas por meio de uma conta onde o muito e o pouco se comunicam e, por isso, se relativizam. Para o estudo do espaço, cinquenta anos é algo quase, mas quase absolutamente insignificante. Muitíssimo pouco.


Para um ser humano, cinquenta anos é uma metade da laranja; para uma tartaruga também; para um tigre, cinquenta anos significa viver duas vidas; para o rinoceronte uma e meia; para um partido político, cinquenta anos valem doze eleições presidenciais; para o eleitor, cinquenta anos são doze tentativas de melhorias; para uma empresa, cinquenta anos representam meio século de desafios do mercado e de dificuldades para se estabelecer, conquistar relevância, crescer e tentar chegar aos cem mais forte e mais poderosa; para o funcionário, uma vida útil inteira de dedicação e trabalho duro; para uma universidade, completar cinquenta anos de existência significa a solidez de seus princípios sócio-acadêmico-científico-culturais e, ao mesmotempo, a singela indicação do glorioso começo de uma longa estrada; para os seus alunos, conhecimentos amadurecidos e compartilhados entre eles, e também, com os seus círculossociais; para quem ama, cinquenta anos pode significar um segundo; para quem odeia, cinquenta anos pode representar uma dolorosa eternidade.


Torçamos para que cada um, para que cada coisa, para que as lágrimas e suspiros possamfazer bons e esperançosos proveitos de seus cinquenta anos. Cada um do seu modo. Cada um do seu jeito.


Beijo pode ter e ser bitoca e bitoca pode ser e ter beijo.


Depende.

 

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