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CANTORIAS



A única coisa que posso dizer nessa vida é que sou poeta. Nada mais. Gosto muito de cinema e de música também, mas não entendo nem de uma coisa nem de outra, apenas um mero consumidor. Nada além de um mero poeta, repito.


O lado cronista aflorou há muito tempo, mas ficou congelado e, agora, ao retornar à prosa, pensava (oh, inocente!) que estaria mais livre, solto das algemas do poema. Que nada! Fazer qualquer coisa com a preocupação de fazer bem feito (e é raro conseguir), é um desafio do tamanho de um bonde, como meus avós diziam...


Mas há muito tempo gostaria de tecer algumas palavras sobre dois discos que foram de extrema importância na minha formação musical. Faço referência aos discos Cantoria 1 e 2 da Kuarup Produções de meados da década de 1980, lá do século passado. Cantoria 1 e 2 foram projetos que reuniram quatro feras da música brasileira: Elomar, Xangai, Vital Farias e Geraldo Azevedo, em dois discos, ao vivo, (quatro vozes e quatro violões, tão somente) separados por um hiato de quatro anos (1984 e 1988).


Antes de comentar, de maneira superficial, os discos, propriamente ditos, fico incomodado com o fato de gente do quilate artístico de Elomar, por exemplo, apesar de ser um compositor prestigiadíssimo e de ter, por conseguinte, um enorme público, não ser uma personalidade reconhecida nacional, quiçá, internacionalmente. Elomar é um gênio da composição brasileira. Um sofisticado cantador do sertão baiano, nascido à beira do Rio Gavião, que desvenda o mistério sertanejo do seu povo e, com isso, de todo o Brasil, que ele conhece e traduz por meio de suas composições absolutamente magníficas.


Cantorias prestaram-me, logo de cara, um enorme favor: apresentaram o que é a música sertaneja, de fato, e o que é o cancioneiro do interior do Brasil. Logo em seguida, passei a interessar-me pelos regionais como Renato Teixeira, Pena Branca e Xavantinho e Almir Sater, entre muitos outros, mas foram as Cantorias que abriram os meus olhos, e que despertaram a poesia do que é simples, entretanto, não simplório.


Além de toda a densidade estética de Elomar, mantida, em contraposição, por sua leveza, Cantorias reúnem, ainda, as maravilhosas participações de Vital Farias e Geraldinho com o auxílio luxuoso de Xangai.


Ambos os discos começam com um desafio: no primeiro, Elomar e Xangai desfilam um apanhado de composições e conversam em música. No segundo, os quatro participam. É coisa fina, Sinhá, como diz o nosso Ney Lopes.


Pode parecer exagero, mas todas as músicas dos dois discos são irretocáveis. Lindas. Majestosas. Portanto, é difícil destacar partes.


Sem perder o medo de praticar alguma injustiça, no disco um, as interpretações do Desafio do Auto da Catingueira (Elomar e Xangai) e da Cantiga do Boi Incantado (Elomar) são de arrepiar. Temos ainda o clássico de Jatobá, Matança, que Xangai simplesmente imortalizou. Pontos altíssimos: Saga da Amazônia e Saga de Severinin, belíssimas composições de Vital Farias, que ele mesmo interpreta emocionadamente, e acaba ovacionado pela plateia. Noves fora, Cantiga do Estradar, de Elomar (os quatro interpretam), e Kukukaia, de Cátia de França, que Xangai toca e canta de um modo todo especial.


O disco dois tem, igualmente, os seus destaques: Quadrada das Águas Perdidas, de Elomar, é de fazer chorar, com a participação da turma toda; Arrumação, também de Elomar, com participação especial do ceguinho Francisco Aafa e violão do Geraldinho é uma pérola da nossa música; Estampas Eucalol, de Hélio Contreiras, que Xangai defende com muito talento e com o violão de Geraldinho, que também presenteia o ouvinte com Caravana e Talismã.


Que saudade das produções da Kuarup... O selo lançou discos incríveis da música brasileira que merece ser reconhecida e pesquisada nos tempos digitais.

E quanto a você? Qual foi ou foram os discos que marcaram, feito tatuagem, a sua vida?

 

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