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É sempre muito difícil, mas possível


Luiz Inglês_fonte: arquivo pessoal

 

 

A virada do ano sempre traz a esperança. E por quê? Porque provavelmente, o ano que passou não satisfez aos anseios gerais. E nunca satisfará. O que vemos é, ano após ano, sermos engolidos pela máquina que tritura nossa nossa fé, nossas expectativas e  confiança. Nossa ilusão, fantasia mais sonhos ainda e nesta nova oportunidade, acreditamos que desta vez, vai! E não vai...


As notícias alvissareiras vão se transmutando em realidades indigestas  e recomeçamos a batalha íntima do dia-a-dia. A luta para realizarmos as promessas feitas vão minando nossas forças. O comprometimento honesto na mudança pessoal há tanto perseguida, vai se tornando um estorvo. O juramento tão aguardado na meia-noite da passagem do ano “que mudaria nossas vidas” se torna um peso cada vez mais insustentável, por mais leve que seja, como já ponderou Kundera. A procrastinação de todas as expectativas jogam o ano novo de volta na mesmice conhecida. Mas, todo ano, temos sempre a disposição renovada. Desta vez garanto que consigo! E nada acontece.


E por que isso ocorre? Por que ficamos encabulados e desapontados com as promessas não cumpridas? Por que a maioria de nós não atinge o sonho tão acalentado?

Acaba janeiro, entra fevereiro e mal lembramos da esperança que colocamos no empenho das tentativas (frustrantes) das mudança tão ansiadas.


Por que o Ano Novo deve ter esta função? Mudanças podem ser efetuadas a qualquer momento. Agora por exemplo.


Parar de fumar; diminuir a bebida ou terminar definitivamente com o álcool em sua vida, para a felicidade da família; perder uns quilinhos para usar aquele vestido que ainda está novo mas não entra mais; acordar mais cedo para dar uma boa caminhada ou então, ao menos, ir para a cama dormir mais cedo e não ficar dorminhocando no sofá na frente da TV com o controle na mão; terminar finalmente o mestrado; procurar um emprego ... são tantos os pedidos, tantas as solicitações e demandas que acabamos nos enrolando. Às vezes até começamos e achamos que conquistamos o paraíso. Mas qual o quê! Passada algumas semanas percebemos que foi fogo de palha.


Como sabem, moro na roça na serra da Bocaina, e aqui acontece o mesmo. Apesar de não termos as sete ondas para pular – para quem vive à beira-mar – as promessas também são verdadeiramente conscientizadas e juramos que vamos cumpri-las.


Mas, por incrível que pareça, a distância dos grandes centros inibem bastante  as dificuldades normalmente encontradas. Acredito que se houvesse uma pesquisa, perceberíamos que o índice de sucesso é maior por aqui, no meio do mato, do que nas cidades. E por que digo isso? Porque as distrações são menores e as tentações também mais dispersas. No meu caso, a cidade mais próxima fica a 30 minutos de carro em estrada de terra.


Acabou o cigarro? Vai encarar meia-hora de estrada só para dar uma tragada?

Amigos, para tomar uma cervejinha no bar à noitinha? Em dia de semana é difícil até encontrar um barzinho aberto.


Já perder uns quilinhos se torna mais fácil quando aqui a atividade física é permanente. Subir e descer morro é uma constante; cavar berços para replantio de mata ciliar requer dispêndio de energia, como também terminar a pinguela inacabada que vai ser colocada para atravessar o ribeirão.


O mato não para de crescer ao redor da casa, providências sempre têm que ser tomadas. Enfim, o neo-rural encontra maior espaço para as conquistas pessoais. As promessas feitas na virada do ano, aqui neste local ainda com pouca ação antrópica, repercutem mais fundo em nossa alma e nos torna mais hábeis em conquistá-las.


Apesar da aparente imobilidade da natureza, a cada minuto diante de nossos olhos, há uma intensa revolução acontecendo. A vida pulsa vibrante e por osmose participamos desta movimentação natural. Não há como permanecer imóvel sem se envolver. A cada piscada d’olhos um mundo novo surge. Somos sugados pela agitação, aparentemente inexistente, da natureza. O vento flui pelos espaços e as borboletas acompanham esta via aérea em seus voos oscilantes; o sol esquenta o solo plantado e faz a semente explodir sua raiz com o nascimento de mais uma planta; o tiê-sangue aproveita uma forquilha segura e convidativa e lá faz seu ninho com capricho de um tecelão; a árvore caída e já seca, vira lenha para o fogão. Fogo não vai faltar para cozinhar, iluminar e esquentar.


A natureza ajuda.  Colabora sem pedir nada. Segue seu destino nos ensinando que tudo é viável. E ainda nos presenteia com a oportunidade de podermos usufruir desta maravilha que é a criação natural. Basta termos sensibilidade.


Ano novo, vida nova, como dizem. E aqui, isso é possível, é bem mais fácil cumprir nossas promessas.

 

Luiz Inglês

Janeiro 2024


 

 O movimento dos neo-rurais no Brasil também está impulsionando uma mudança cultural significativa, especialmente no que diz respeito à música, à cultura e à economia criativa.




A busca por um estilo de vida mais conectado com a natureza e tranquilo está influenciando a produção artística e cultural dessas comunidades.


Muitos neo-rurais são artistas, músicos e criativos que encontram nas áreas rurais um ambiente propício para explorar sua expressão artística. A conexão com a natureza, o cotidiano mais tranquilo e a proximidade com diferentes manifestações culturais locais têm inspirado novas criações e abordagens artísticas.




Nesse cenário, a Cedro Rosa surge como uma importante iniciativa para o mercado musical. Ao certificar obras e gravações musicais, essa plataforma está possibilitando que artistas independentes, muitos deles localizados em áreas rurais, tenham suas obras reconhecidas e inseridas no mercado global. Essa certificação não apenas valida a qualidade do trabalho, mas também oferece visibilidade e oportunidades para que músicos e compositores alcancem um público mais amplo.




A  Cedro Rosa , ao facilitar a promoção e distribuição dessas obras musicais, contribui para a expansão da diversidade cultural brasileira, levando a riqueza artística das áreas rurais para além das fronteiras nacionais. Isso não apenas beneficia os artistas e a economia criativa local, mas também enriquece o cenário musical global ao apresentar novas sonoridades e perspectivas culturais.



Assim, a certificação e promoção de obras musicais pela  Cedro Rosa não apenas impactam positivamente o mercado musical, mas também fortalecem a identidade cultural das regiões rurais, proporcionando um intercâmbio cultural valioso e contribuindo para uma maior valorização da diversidade artística brasileira no cenário internacional.

 

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