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Você com um revólver na mão é um bicho feroz...

Cid Benjamin
Cid Benjamin

O melhor retrato do cotidiano das camadas populares no Brasil hoje é encontrado na música. E, no Rio de Janeiro, está no partido alto — modalidade deliciosa das várias que tem o samba.


Basta ouvir o repertório de Zeca Pagodinho para se convencer disso. Aliás, o bamba Luiz Carlos da Vila (21/7/1949 - 20/10/2008), um excepcional compositor que não tem o reconhecimento merecido, certa vez falou do partido alto para exemplificar suas predileções na música popular: “Se eu fosse um samba queria ser um partido alto”. Ele tinha um gosto parecido com o meu.


E, em se falando dessa modalidade do samba, há um partido alto gravado por Bezerra da Silva (23/2/1927 - 17/1/2005) que me vem à cabeça quando vejo deitando falação algum dos Bolsonaros, em particular aquele apelidado de Bananinha. Para não estimular preconceitos, me abstenho de reproduzir aqui a explicação que uma ex-namorada do cidadão deu para a origem do apelido.

Mas vamos em frente.


A música gravada por Bezerra da Silva a que me referi dá o título deste artigo. Ela começa assim: “Você com um revólver na mão é um bicho feroz/Sem ele anda rebolando e até muda de voz...”

Deixando de lado as tinturas de machismo e de homofobia da letra, características muitas vezes presentes na música popular, esse partido alto critica o comportamento de um determinado bandido que, armado, diante de suas vítimas indefesas, era metido a valentão — “um bicho feroz”, diz o samba. Mas que, quando preso, de tigre virava um gatinho dócil. E “entregava os irmãozinhos”.


Em virtude desse comportamento, o bandido era malvisto, obrigado a dormir no canto da cama e, na cadeia, tinha que “lavar a roupa da malandragem”. A letra prossegue, abordando o mundo-cão vigente no sistema carcerário e fazendo uma previsão que é quase uma ameaça: “Quando entrar em cana novamente, vai passar lua de mel outra vez na prisão”.


O comportamento covarde a que a música se refere é também o de certas figuras da extrema-direita. Gostam de fazer ameaças quando estão numa situação de superioridade. Aí, são um bicho feroz. Mas quando as coisas apertam, se acovardam. Foi o que ocorreu durante uma sucessão de prisões e diligências feitas pela Polícia Federal neste ano. Um determinado oficial graduado desse grupo chamado de kids pretos chegou a desmaiar ao ser abordado na porta de casa por uma equipe da Polícia Federal.


Mais recentemente, depois do duro relatório apresentado pela Procuradoria-Geral da República, alguns golpistas que fizeram sempre apologia da violência e até da tortura de seres humanos, afinaram. Diante da perspectiva de irem para a prisão gravaram depoimentos na internet pedindo compreensão e concórdia. Só faltou exibirem um cachimbo da paz.


Essa mudança de comportamento de Bolsonaro e seus amigos, passando de tigrão a gatinho, se deveu ao temor de serem punidos.Mesmo que, numa eventual prisão, não houvesse risco de que recebessem o tratamento que sempre defenderam aos adversários politicos, tremeram nas bases. Tiveram medo de ver o sol nascer quadrado.


Além disso, há na sociedade a percepção de que algo está mudando na conjuntura. Os exageros recentes de Donald Trump, os deixaram mais isolados. Mesmo seus puxa-sacos mais notórios passaram a não se sentir tão à vontade.


A exigência de condicionar o fim da tarifa de 50% aos produtos brasileiros a uma anistia a Bolsonaro foi vista como exagerada até pelos segmentos da extrema-direita que toma banho, como aquela do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.


Deve ser dito, ainda, que o comportamento de Lula e do governo brasileiro tem sido correto. Não aceitaram as provocações de Trump e não fizeram bravatas, mas deixaram claro que o Brasil não é a Casa da Mãe Joana.


A situação fez ressurgir no Brasil uma onda de um nacionalismo positiva — porque com um viés anti-imperialista, e não chauvinista.

Ótimo.


Pérolas da Cedro Rosa.

Escute o CD "RODA DE SAMBA DE PARTIDO ALTO", a trilha sonora do filme Partideiros.


Roda de Samba no Bip Bip.


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