Um Dia de Cada Vez
- David Gertner
- há 2 minutos
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David Gertner
Viver um dia de cada vez parece um conselho simples, quase banal. Mas por trás dessa frase se esconde um segredo: o tempo não nos pertence inteiro, ele se oferece em pequenas porções, como pães repartidos na mesa.
Para uma criança, um dia é vasto. Cabe nele a descoberta da primeira letra, a alegria de um balanço, a dor de um arranhão no joelho. O futuro não existe; só existe o agora que se prolonga até o sono da noite.
Para um adulto saudável, um dia pode ser rotina: acordar, trabalhar, compromissos, refeições, tarefas que se repetem. É fácil deixar que a pressa engula o instante. Mas, quando lembramos de viver um dia de cada vez, a rotina se revela: o sabor inesperado do café, a conversa breve com o vizinho, o pôr do sol refletido no vidro do escritório.
Para quem está feliz, um dia é celebração. Não porque seja extraordinário, mas porque cada instante carrega a promessa de ser vivido com gratidão. Um abraço pode bastar, uma música pode encher o peito, um olhar pode iluminar.
Para quem está deprimido, no entanto, um dia pode ser um fardo pesado demais. O simples levantar da cama exige força. O relógio parece zombar. É então que viver um dia de cada vez ganha outro sentido: não como metáfora, mas como sobrevivência. Não se trata de planejar anos nem semanas, mas apenas atravessar as próximas horas. Um copo d’água, uma respiração profunda, um pequeno gesto de cuidado consigo mesmo já são conquistas.
E há ainda os que enfrentam a doença, para quem um dia de cada vez significa esperar o exame, receber uma notícia, lidar com a fragilidade do corpo. O tempo já não é abundante, mas intensificado: cada instante é mais precioso porque pode ser o último dessa forma.
Um dia de cada vez é a lição dos que perderam alguém querido, dos que buscam sair do álcool ou das drogas, dos que carregam cicatrizes invisíveis. É o aprendizado de que viver não é acumular, mas atravessar, e que cada travessia é única.
No fundo, viver um dia de cada vez é mais do que uma técnica de sobrevivência. É um convite à humildade diante do tempo. É reconhecer que não controlamos o amanhã e que o ontem já não nos pertence. Temos apenas este dia, esta manhã, esta hora, este minuto.
Talvez por isso as crianças riam com tanta facilidade e os velhos sorriam com tanta sabedoria: ambos sabem que a vida não se mede em décadas, mas em instantes.
Um dia de cada vez. Essa é a medida justa da existência.
David Gertner, Ph.D.
Nascido no Brasil, filho de imigrantes judeus do leste europeu e radicado há mais de 30 anos nos Estados Unidos, é professor aposentado, escritor e autor de A Sombra da Depressão – Rompendo o Silêncio, Encontrando a Luz, IA e Eu: A Inesperada Jornada de Liora e David e O Silêncio e o Tempo. Doutor pela Northwestern University, dedica-se a refletir sobre identidade, memória, ética e a condição humana.
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