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SONS DA CASA


Paulinho do Cavaco

Tudo começou assim:


“Arnaldo, vou pra Mauá.” Ele parou a leitura do jornal e, sem olhar para ela, disse: “Vai?” Ela repetiu: “Vou pra Mauá.” Ele perguntou: “Volta no domingo?” Ela: “Estou me mudando. Vou embora. Fernando e Letícia, os filhos, estão lá embaixo me esperando pra carona, Vão me levar. Depois a gente se fala.” E assim se fez a separação. Ele não procurou razões e ela também não as deu. Continuaram amigos, mas se comunicando pouco.


Sozinho no apartamento foi tomado pelo sentimento de solidão, agravado pela pandemia, que o isolava de tudo e de todos. Descia rapidamente para uma caminhada no calçadão e uma ida ao mercado, mantendo o que a ciência preconizava: máscara, álcool gel, isolamento. Tomou as duas vacinas.


O que mais o incomodava, porém, era o silêncio. Depois da leitura e da escrita, atividades que tomavam boa parte do seu tempo, sentia imensa necessidade de ouvir palavras. Buscava sons que preenchessem o vazio da casa. Jornais na televisão, música no rádio...


Era aí que a falta dela mais se fazia presente.


No início, os amigos telefonavam prum papo. “E aí, tudo bem? Assistiu ao jogo do Fluzão? Manhattan é um filmaço! E a vizinha: rolou?” Do esporte e da cultura à indiscrição, tudo era usado para papear e passar o tempo. Respondia para dar continuidade à conversa, mas isso não acontecia. As ligações foram diminuindo, substituídas pelas mensagens de texto do WhatsApp, que tomavam o lugar da fala. Alguns poucos enviavam as de voz, curtas, que mais suprimiam que estimulavam o diálogo. Procurou entender: talvez também estivessem, como ele, cansados desses códigos.


Começou a ouvir as conversas dos vizinhos e, não se contentando somente em ouvir, quis participar, fazendo críticas e dando opiniões, o que gerou desconforto e algumas brigas que cessaram com a intervenção do síndico e a ameaça de multas.


Outro canal fechado, ligou para planos de saúde, bancos, clubes... Pedia informações detalhadas que não tinham o menor interesse para ele, mas que preenchiam a sua necessidade de conversa. Chegou a ligar para um psicólogo, mas, longe de ouvir um “alô” recebeu uma mensagem para preencher um cadastro. Ia desistir de encontrar um interlocutor, mas, num momento de lucidez, na sua quase loucura, descobriu uma possível solução: começou a falar sozinho.


De início, correu tudo bem, o outro concordava, dava sugestões, ria das suas piadas, cantava junto.


Não durou muito, porém, pois o outro também tinha temperamento explosivo e, depois de uma discussão, calou-se. E agora, a quem apelar? Dirigiu-se à janela para, como solução extrema, ouvir o ronco dos motores e a buzina dos carros, mas, ao ver rolos de fumaça que saíam de um apartamento do prédio em frente, gritou: NÃO CONCORDO! É MENTIRA! É FAKE!


Esperou uma resposta que não veio e, desolado, rendeu-se: já não exigia vozes, queria comunicação!


 

Ouça a música Quem Me Acordou, de Paulinho do Cavaco

e Luis Pimentel. Repertório Cedro Rosa, disponível para gravações e trilhas sonoras.



 

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