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SALVE À SOVINICE COGNITIVA




Ensina-se que crônica é um tipo de prosa que trata do despercebido, do inane, da coisa boba. Conselho que me fez pensar em escrever sobre o vira-lata caramelo, a marca da mestiçagem canina nacional. O sintagma passou a designar milhares de cachorros que perambulam abandonados por logradouros deste imenso país ou vivem sob o calor humano em lares ricos ou pobres. O vira-lata caramelo, um símbolo nacional, está prestes a se transformar em manifestação cultural imaterial do Brasil. Tramita um projeto de lei na Câmara dos Deputados para nobilitar esse ser com distinta inteligência e resistência.


Mas meu plano não avançou. Fui aconselhado por uma amiga, daquelas eloquentes que influencia atitudes e opiniões, a não escrever sobre esse assunto. Argumentou que falar do vira-lata caramelo ou dos seus congêneres é assunto perigoso capaz de unir os contrários contra mim – não importa a crença política ou religiosa, poucos são aqueles ou aquelas que não se alimentam dos afetos sem peias proveniente de um cachorro ou cachorra. Eu mexeria com sentimentos alheio. Falar de amor sempre foi algo delicado, não importa de quem e de que tipo. Assim, recolhi a ideia e mudei o assunto desta crônica. 


Ao sofrer essa admoestação, optei por tratar daquilo que tem ocupado o noticiário tradicional e as redes socias antes, durante e depois do Carnaval, que não é nada bobo. Diz respeito ao gênero Homo sapiens e não ao Canis. Refiro-me às investidas da Polícia Federal contra aqueles que, estando no Poder Executivo Federal até o dia 31 de dezembro de 2022, tentavam impedir a realização das eleições para presidente da República no mês de outubro daquele ano.


Fato é que sempre fui cético quanto à possibilidade de o capitão Messias ter sucesso em um intento desse tipo. Um pressentimento que se nutria de obviedades. Muita gente, mesmo tendo algum naco de poder, temia dar um golpe. Avaliavam que uma medida truculenta atrapalharia os seus negócios - resistiam a uma virada de mesa. Grandes fundos de investimentos não queriam deixar a floresta amazônica sob o controle dos bandidos da mineração e do desmatamento, que o governo Federal não movia um dedo para impedir a devastação. Havia muita mobilização social de democratas, socialistas, anarquistas, comunistas etc. e tal. O Tio Sam sinalizava que não apoiaria uma falta de fair play eleitoral. Esses eram os pontos que iluminavam meu otimismo.

Um outro ponto poderoso, vinha das observações que eu fazia do comportamento das autoridades fardadas e não fardadas, que ocupavam o governo. Observações auxiliadas pelas leituras, como um diletante, de livros de psicólogos, psicólogas e neurocientistas. Ainda preservo o hábito antiquado da leitura de livros de papel.


Esses especialistas da mente afirmam que a nossa natureza, além de procurar conservar energia física, busca conservar energia cognitiva. Ou seja, há uma força natural dentro da gente que nos faz economizar pensamentos. Por isso, temos a tendência inata de simplificar a complexidade, de procurar o mais fácil. Não é por acaso que se prolifera “fake news” e tantas bobagens proferidas por pessoas sem qualquer sinal de ter alguma patologia psíquica. Simplificar, segundo a psicologia evolutiva, nos foi benéfico. Caçar e colher, na maioria das vezes, exigiam pensamentos rápidos. Era correr ou morrer. Uma vida de muitas tentativas e erros até chegarmos a essa nossa, sedentária, mediada por smartphones e plataformas digitais.

Com tudo que tem aparecido nas últimas semanas, a partir da delação do Ajudante de Ordens do Messias, sobre a malsucedida tentativa de golpe, a confirmação das alegações científicas, de que temos o pendor para a sovinice cognitiva, fica mais robusta.


No ambiente mental e material em que vivemos, não só no Brasil, mas no mundo, onde sobeja meios para se poupar energia cognitiva, eu avaliava que aquela turma teria muita dificuldade em dar um golpe. Diante de tamanha complexidade institucional e social, bem diferente da de 1964, interromper o curso da nossa democracia minimalista seria um empreendimento difícil de realizar. Exigiria não só força, mas muita movimentação sináptica!


Concluo que a sovinice cognitiva, marca indelével do homo sapiens, foi mais uma poderosa barreira para conter a turma do Messias. Dessa vez a natureza jogou a nosso favor!



 

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