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Que Mundo é Este?

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Não é verdade que toda pérfida e perfeita trama tenha alguém escondido numa fortaleza, cercado de capangas, com o dom de pontificar sobre os mais variados temas e que seja a representação do mal absoluto.


Alguém que uma vez eliminado garanta, sem a menor sombra de dúvida, a vitória das forças do bem. Essa é uma versão, que fora da literatura (aqui considerada como ficção) e de seus derivados como o cinema e os teledramas, tem duas origens históricas que se complementam.


A primeira é a narrativa dos vencedores. Estes, quaisquer os seus fatores de motivação – ambição, fome, falta de espaço físico, necessidade de mão de obra, disputa com seus pares – sempre se apresentaram e sempre se apresentarão como portadores do ímpeto civilizatório.


O perdedor, já de saída tido como mais fraco, a partir da conquista passa a ser considerado um estorvo, um ser inferior que chafurda na “barbárie”. E portanto precisa ser disciplinado para se adequar às novas normas. Ou ser eliminado caso se prove completamente imprestável à ordem que se impõe.


Exemplos na história não faltam. Principalmente no caso da constituição e das tentativas de manutenção de impérios. Xerxes, Alexandre, o Império Romano, o colonialismo europeu no velho e no novo mundo. E tantos outros em todas as partes do planeta.


A segunda origem histórica é a narrativa religiosa. Tem o mesmo fundamento que a primeira, mas com outra modelagem. Trata-se do apelo ao metafísico. Afirma a superioridade intrínseca de alguns sobre outros a partir de uma decisão que está fora da esfera de atuação humana. Impõe a submissão. Em alguns casos propõe a conversão. Em outros, nem isso. É só o extermínio mesmo.


(E para não deixar nenhuma dúvida eu falo dos negros e pardos e indígenas –que não se sabem assim – nas favelas e nas periferias do Grande Rio, de São Paulo, de Recife, de Belém, falo dos palestinos, dos curdos, dos negros da Diáspora africana, dos povos originários de um lugar chamado América).


E hoje, no mundo atual, supostamente dessacralizado, onde pelo menos nas sociedades ditas democráticas devem (ou deveriam) prevalecer os princípios da laicidade, da diversidade e – porque não dizer – da igualdade e da fraternidade.


Será que estamos virando os novos vencidos de impérios mumificados que revivem com o poder e a ameaça de armas e tecnologias assombrosas?

Ou de maneira mais simples e direta, apenas descartáveis com o advento das Inteligências Artificiais?


Odete Roitman não morreu. Muita gente ficou bem chateada com isso. Outros demonstraram verdadeira revolta. A mesma que não manifestam em seu cotidiano.


E o Laranjão queria – ainda quer – ganhar o Prêmio Nobel da Paz. Quem ganhou este ano foi a Corina (vá pesquisar, leitor desavisado).


Desculpa, Afonso Romano, não é “Que País é Este? ”, todas as honras ao seu fantástico poema, no momento preciso, mas agora a pergunta que cabe é: que mundo é este?


Jorge Cardozo

Outubro de 2025

(Antes da chacina no Rio)

 

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