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Pois é, o futuro pode estar chegando


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                        País imenso este o nosso.


                        Li que a mais longa viagem de avião, em vôo direto, vai de Campinas-SP a Boa Vista-RO em 4h35m de viagem e percorre 3.200kms. Se estivéssemos na Europa saindo de Lisboa, percorreríamos a Europa inteira e daria para chegar em Tbilisi, capital da Geórgia, no Cáucaso.


                        Por que esta reflexão aparentemente sem nexo? Porque nosso país é um continente. Atravessamos inúmeros e incontáveis dificuldades devido a este tamanho gigantesco. O frio vem chegando aqui no Sudeste trazendo a seca, enquanto no Norte  rios transbordam e chegam ao nível de enchente. O Pantanal seca enquanto chove no Nordeste.


                        Rússia, Canadá, China e Estados Unidos são os maiores países, mas não possuem tantas terras agricultáveis. Não dispõem de tanta água potável contidas em  nossas inúmeras bacias hidrográficas, sofrem com terras geladas ou desertos imensos. Somos o 5º país em extensão de terra e abençoados com solos utilizáveis em quase toda nossa extensão. Junto com outros vizinhos sul-americanos nossa área abarca a maior floresta tropical do planeta com uma biodiversidade invejável e ainda bastante inexplorada. Nesta vasta dimensão encontramos campos diferenciados propícios às mais diferentes culturas. Somos o celeiro do mundo, como afirmam. Apesar de nossa extensão falamos o mesmo idioma, com seus sotaques regionais. Estamos situados geograficamente numa região privilegiada do planeta, na medida em que não somos atingidos por furacões nem terremotos devastadores. Nossa localização historicamente não se envolve em conflitos internacionais nem em guerras civis recorrentes. Nosso litoral é de 7.500 kms de  extensão banhado pelo Oceano Atlântico. É o maior litoral de um país do mundo possibilitando incontáveis áreas de pesca.


                        Mas como se dizia no passado, “somos o país do futuro” e continuamos aguardando este porvir. Mas, de alguma forma começo a acreditar que aos poucos este nosso tempo está chegando. Segundo um famoso dito, “O tempo perguntou pro tempo, quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu pro tempo, que o tempo tem o tempo que o tempo tem”. Este é um exemplo clássico de parlenda ligada ao folclore da língua portuguesa e da nossa constante preocupação com o passar da existência.


                        Mas, por que afirmo que sinto que o ciclo de nossa era está chegando? Num exercício impraticável mas humano, atrevo-me a dizer que existem dois tempos: o nosso tempo pessoal, que regula nossa vida, nossos anseios futuros e nossas expectativas mais próximas, e existe o tempo universal. Ambos não são passíveis de controle, mas nos ajuda a entender e aceitar os desígnios da vida. De qualquer forma, neste período de existência  que cá estou encarnado, percebo que caminhamos – apesar de todos os percalços – para uma situação geopolítica mais favorável.

                        Moro numa cidade com 10.000 habitantes. Cheguei aqui há décadas e percebo que, apesar da pobreza, temos evoluído bastante. A Unidade de Saúde, obstante a falta de recursos, atende a população 24 horas por dia, 7 dias da semana. Já fui atendido por duas ocasiões. Uma por picada de aranha armadeira e outra por acometimento de dengue. Passei mal e fui muito bem atendido e socorrido. Estamos com 3 escolas do ensino fundamental e construindo uma quarta. Estradas que eram de terra batida repletas de mata-burros e tronqueiras, hoje estão asfaltadas facilitando o tráfego dos ônibus escolares (que não existiam), ambulâncias e moradores. A Prefeitura é toda informatizada. Havia apenas uma boa loja de material de construção. Hoje temos três, ou seja, estamos construindo e crescendo.


                        Onde moro não havia energia elétrica, não havia Internet. A cidade não dispunha de Corpo de Bombeiro, hoje temos uma guarnição singela mas com brigada de voluntários atuante. Associações de moradores protegem nossas matas com sua vigilância constante.


                        Seja local para ser global, dizem.


                        Falei da grandeza do nosso país e demonstro que o tempo vai chegando. Não terei oportunidade de ver esta transmutação do nosso país num exemplo de administração e progresso, mas percebo que vem chegando uma mudança com mais consistência. A nova geração aprende muito com os erros do passado. A informática, agora com a Inteligência Artificial (não gosto deste nome pois acho que não é inteligência muito menos artificial, mas é uma ferramenta muito útil) temos acesso a todos  os conhecimentos e conexão às novas tecnologias. Drones captam com exatidão as condições do solo, melhorando o plantio. Fotografam e medem para o georreferenciamento das propriedades, eliminando erros. NPK se tornando coisa do passado na medida em que já buscamos fertilizantes mais naturais. Agrotóxicos sendo questionados. Alimentos ultraprocessados sendo postos na berlinda. Preocupação com a saúde e com o que colocamos para dentro do nosso corpo comprova nossa preocupação por uma vida mais saudável.


                        Fico imaginando que se estas modificações estão se operando na pequena cidade onde tenho domicílio, o que não estará acontecendo nos mais de 5.500 municípios deste nosso gigante – outrora adormecido – chamado Brasil?...

 

Luiz Inglês

Bananal, maio de 2025



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