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Piadas, Raças e Etnias



Quando era adolescente, lá se vai meio século, eram muito comuns as piadas e adivinhas racistas ou meramente preconceituosas. Os alvos prediletos eram os pretos e os judeus. Mas sobrava também para homossexuais, indígenas e alemães (estes, talvez por conta da Segunda Guerra Mundial). Mais raramente, portugueses e, pasmem, até americanos entravam na roda da chacota. Não vou repetir aqui porque outros são os tempos. E a minha noção melhorou um pouco, espero.


No entanto, para facilitar o desenvolvimento deste texto, abro uma exceção. Trata-se da pergunta/ anedota quase sempre precedida por um furtivo “desculpe”: “Porque o preto entra na igreja?” O silêncio no grupo era quase visível. Quem sabia a resposta infame ficava quieto por vergonha ou tristeza. Já o contador fazia uma pausa dramática para obter o máximo efeito.


Depois de angustiantes segundos, soltava a pérola: “É para chamar o branco de irmão.” E ria-se à larga, feito tivesse inalado litros de gás hilariante. Os pretos e pardos presentes em geral davam um sorriso amarelo, sem força ou espaço social, na época, para desancar o racista.


Certa feita, já na faculdade, um colega judeu contava piadas de negros num momento de lazer no centro acadêmico. (Nem sei se ainda existem centros acadêmicos). Eu as sabia todas. Aguentei calado. Quando ele perdeu o fôlego, contei uma de judeus. O cara ficou muito sério e disse: foi assim que o nazismo começou. Concordei com ele. E respondi: pau que bate em Chico bate em Francisco. Nunca mais piadas racistas.


Vamos voltar a essa história de preto entrar na igreja. Uma outra resposta, eventualmente mais realista, seria: “É para o branco chamá-lo de irmão.” Muita coisa mudou nos últimos 50 anos. Cotas nas universidades, presença de negras e negros na TV, seja em novelas e telejornais, seja nas propagandas. Sem contar as redes sociais.


Porém uma questão permanece com pouquíssima discussão pública. A aparente necessidade de pessoas negras serem aceitas pelas pessoas brancas.

Talvez não seja apenas uma questão de etnia. Porque ninguém quer ser perdedor. Todos querem ser vencedores. Os descendentes de europeus, em regra brancos, reservaram para si os melhores espaços de moradia, a propriedade das terras maiores e mais produtivas e o domínio da maioria dos meios de produção. Afinal foram os seus/nossos ancestrais europeus que invadiram o território, sufocaram as revoltas das populações originárias e efetivaram o tráfico de um enorme contingente de africanos para servir de mão de obra escravizada.


Cientificamente só há uma raça: humana. Porém histórica e socialmente foram construídas diferenças com base na cor da pele, tipo de cabelo, formato do nariz e outras características físicas e culturais.


Diferença pode ser bom. Diversidade é bom. Desigualdade não. Mas pode abrir espaço para a superação. Com luta e diálogo. Tratar desiguais como se iguais fossem, sem considerar o histórico e os mecanismos da desigualdade, só gera injustiça e, potencialmente, revolta.


Que chovam as críticas.


Jorge Cardozo

Abril de 2024.


 

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