Música e Eventos na Economia Criativa
O hino oficial do Rio de Janeiro não foi composto especialmente para esta finalidade, como também não o foi o nosso Hino Nacional Brasileiro.
No tocante ao Hino Nacional, o primeiro presidente da república, Marechal Deodoro da Fonseca, insatisfeito, como o público também, com a vitória de outra música no concurso especialmente mandado efetuar para a escolha do Hino, determinou que se criasse uma letra para a velha música de Francisco Manoel ( Dai resultou o Ouviram do Ipiranga ...), que ele tanto apreciava por ser muito tocada em desfiles militares. Este passou a ser o nosso Hino desde janeiro de 1890.
O perdedor foi denominado Hino da Proclamação da República ( Seja um pálio de luz desdobrado sob a larga amplidão destes céus...) de Medeiros de Albuquerque e música de Leopoldo Miguez. Poucos conhecem.
Um pianista- compositor ainda da época imperial, falecido de malária no Rio, em 1869 - vinte anos portanto antes da proclamação da República, o norte americano Louis Moreau Gottschalk, deixou aliás uma magnífica obra para piano chamada Fantasia Triunfal ( mais tarde acrescentou-se ao título - sobre o Hino Nacional Brasileiro). Esta obra foi composta por ele, de tanto ouvir a marcha de Francisco Manuel ser tocada pelas tropas que retornavam da Guerra do Paraguai e desfilavam, sob a janela do hotel onde se hospedava, na Rua Primeiro de Março. Existem excelentes gravações das pianistas Guiomar Novaes e Eudóxia de Barros.
Quando a cidade do Rio de Janeiro se tornou independente, a muito tocada música Cidade Maravilhosa , composição de André Filho ( autor do não menos famoso jingle Bom mesmo é o Café Capital ,,,) foi oficializada como Hino do Estado da Guanabara. Hoje continua sendo o Hino da Cidade. É um sucesso onde tocada , das cerimônias oficiais aos bailes de carnaval. O Estado do Rio tem outro hino, quase desconhecido do público.
A letra de Cidade Maravilhosa cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil. Berço do samba e das lindas canções , que vivem na alma da gente,,,,evoca a imagem de um Rio que foi se perdendo ao longo do tempo pela incúria de seus governantes e falta de participação consciente da sua população no processo político.
O samba porém e as canções continuam firmes, como a nos lembrar que temos a música na veia. Hoje podemos ,dentre as músicas atuais que falam do Rio, mostrar que se muito mudou algo continuou. Vejam a letra do funk O Endereço dos Bailes do MC Junior e MC Leonardo : É que no Rio tem, mulata e futebol, chopp, cerveja gelada, muita praia e muito sol, é... Tem muito samba, Fla-Flu no Maracanã, mas também tem muito funk rolando até de manhã....
Mudam os tempos, os gostos, culturas periféricas emergem, mudam os costumes mas o samba continua sua tradição associada à cidade e a grandes manifestações da música popular. Seja no Hino, nos muitos sambas , na bossa-nova e tambem agora no funk.
Nizan Guanaes, este gênio da comunicação, em recente palestra virtual na Casa Firjan propôs: Por que não criar no Rio uma Zona Franca de Impostos para Eventos Musicais e Performáticos? Manaus não tem um regime especial?. Não seria isso muito mais efetivo do que viver sonhando com cobranças compensatórias da transferência da Capital para Brasília, 60 anos depois do fato ocorrido.? Não se abririam inúmeras rotas para o desenvolvimento de várias atividades artísticas que aqui encontram seu locus natural?
Nós acrescentamos: Não seria este o caminho de fazer do Rio a Soft-Power-House do Brasil e turbinar um processo de formalização econômica da vida urbana, com base no reconhecimento de capacidades e vocações mais do que provadas que possuímos ?
Viena na Áustria foi capital de um grande Império Austro Húngaro. Ao final da Primeira Guerra Mundial, perdedora, concentra um terço da população da nova Áustria que emergiu do Tratado de Paris. Este país, reduzido em extensão, retalhado em uma dezena de estados nacionais, ficou como uma capital macrocéfala como o Rio após 1961. Ela porém se reinventou e hoje é a capital mundial da música clássica de qualidade, com atividades high-tech e de finanças internacionais. E olha que sofreu muito na 2a Guerra Mundial , também.
Ser criativo é pensar fora da caixa. Favorecer a enorme capacidade de trabalho da nossa gente. Algo que se impõe é valorizar a cadeia produtiva do carnaval antes que outros a levem embora (vejam o estudo do Luiz Carlos Prestes Filho preparado para a Secretaria de Indústria Comercio e Desenvolvimento na Gestão do querido e inesquecível Júlio Bueno).
O efeito multiplicador desta proposta nas cadeias do Turismo, Esportes, da Moda e de tantos outros setores seriam enormes e ajudariam a valorizar de novo o Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro
Soft Samba
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