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“Minha mente está um caos de delícias”

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​​O comentário acima foi proferido em 1832, pelo o então jovem naturalista inglês Charles Darwin, quando o navio inglês HMS Beagle aqui aportou vindo da Bahia, em sua viagem de circum-navegação. Darwin, aos 22 anos de idade, participava de uma  expedição científica ao redor do mundo que levaria cinco anos.


​​Esta observação acima (referente ao título), deu-se quando Darwin, no Rio de Janeiro, embrenhou-se Mata Atlântica adentro. Ele ficou encantado com a nossa biodiversidade e este foi o bioma mais rico que ele conheceu em toda a viagem, na qual percorreu dez países.


​​“O dia passou deliciosamente", escreveu no diário que levou a bordo. O impacto quando – pela primeira vez – se viu perambulando por uma floresta brasileira foi desconcertante.


​​Agora, imaginemos a Mata Atlântica em 1832. Consideremos a ocupação daquela época, em 100%, comparado aos 12% que restam hoje, sendo o bioma brasileiro mais devastado. E, destas partes remanescentes 80% estão em áreas privadas, apesar de fragmentadas e em estágios variados de regeneração.


​​Aqui em casa temos muitas frutas, como a banana, goiaba, lima-da-Pérsia, mexerica, manga, todas exóticas. Mas nativas da Mata Atlântica temos a cabeludinha, grumixama, araçá, abio, a palmeira jussara com seus coquinhos “baba de boi”, jaboticaba, pitanga, palmeira juçara (que produz o delicioso juçaí, alternativa sustentável ao açaí). Imaginemos quantas frutas não havia quando Darwin passeou por aqui.


​​Como trabalho com bambu, nestes anos todos, consegui reunir 30 variedades desta gramínea, todas importadas. No entanto, dentro da Mata Atlântica encontramos inúmeros gêneros de Guadua, Taquara (palavra tupi-guarani para o bambu que os nossos indígenas utilizavam), Taquaruçu ou Taboca, Chusquea, Merostachys e tantos outros. Não são tão populares porque não foram domesticados, portanto ficam restritos ao interior da mata.


​​82% de árvores das espécies exclusivas da Mata Atlântica estão em extinção. São quase 2 mil espécies de árvores. Desmatamento é o maior vilão. Pau-Brasil, araucária, jequitibá-rosa, jacarandá da Bahia, braúna, cabreúva, imbuia, angico e peroba fazem parte desta lista.


​​Os animais também estão sofrendo com o perigo de extinção. O mico-leão-dourado lidera a lista. Provavelmente nossos netos não o verão mais em liberdade, apenas em cativeiro. Mesmo caso das onças-pintadas, do tatu-canastra, da arara-azul e do macaco-prego-galego. Aves como a jacutinga, a coruja murucututu, o papagaio-charão e diversas outras também serão vistas apenas em fotos.


​​Me pergunto qual paraíso Darwin presenciou por aqui para justificar seu êxtase diante de tanta beleza? Fico imaginando seu deslumbramento diante do bioma com tamanha biodiversidade. A profusão de cores, a abundância de cheiros, a exuberância e diversidade da flora e da fauna, a variedade imensa de insetos, tudo isso foi catalogado. Não dá para não perceber seu arrebatamento.


​​Mas tudo isso é passado. Nossa realidade nos toca com tristeza. Hoje a Mata Atlântica é apenas um pálido esboço do que foi outrora. Apesar de todo esforço, o homem continua a desmatar para ganhar dinheiro.


​​Ao deixar o Brasil, Darwin escreveu: "Nunca hei de voltar a um país com escravidão. Ficou bastante revoltado com a escravidão já que sua família lutava contra o comércio de escravos e corrupção. 


​​Disse ele em seus escritos: “Até onde posso julgar, os brasileiros possuem, apenas uma fração daquelas qualidades que dão dignidade ao homem", e continuou "Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que, em pouco tempo, ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados."


​​Como podemos ver, nada mudou.

 

*Dados da Lista Vermelha/USP e União Internacional de Conservação da Natureza/IUCN

 

Luiz Inglês

agosto 2025

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