Linhas de pesquisa foram paralisadas por falta de pesquisador no Centro de Engenharia e Automação, do IAC
- Redação
- há 46 minutos
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Quadro de servidores foi reduzido em 73% em fazenda experimental de Jundiaí que agora corre o risco de ser vendida pelo estado
Campinas, 20 de maio de 2025 – A falta de concurso paralisou linhas de pesquisa do Centro Avançado de Pesquisa em Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), localizado em Jundiaí, no interior de São Paulo. A informação foi denunciada, ontem (19), pelo diretor do Centro, Hamilton Humberto Ramos, durante uma audiência pública realizada na Câmara municipal de Jundiaí, convocada após o governo do estado anunciar a venda de uma fazenda experimental do IAC no município.
Segundo ele, na década de 1990 o centro de engenharia contava com 23 pesquisadores e 80 servidores da carreira de apoio à pesquisa. Hoje, são apenas oito pesquisadores e 20 servidores de apoio, uma redução de 73% no quadro de funcionários.
"Tivemos várias pesquisas que tiveram que ser paradas por falta de pesquisador, como ensaio de máquinas, como energia alternativa na agricultura, não entra gente, o governo não faz concurso para repor essas pessoas que são importantes para a pesquisa", afirmou Hamilton Humberto Ramos, diretor do Centro, durante a audiência.
Um levantamento feito pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), revela mais de 4,5 mil cargos vagos nos institutos ligados à Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA). No ano passado, o estado abriu concurso para a área, mas ofertou apenas 37 vagas pesquisador, enquanto há 746 cargos vagos.
Considerando os institutos de Saúde e Meio Ambiente, a quantidade de cargos vagos passa de oito mil nos 16 Institutos Públicos de Pesquisa. Mesmo com redução no quadro, o diretor do Centro Avançado de Engenharia diz que a categoria segue determinada em produzir conhecimento.
"Os pesquisadores do centro de engenharia captam R$ 4,3 milhões por ano, investidos em pesquisa. Deste total, R$ 3,7 milhões são captados pelos próprios pesquisadores, sendo que apenas R$ 0,6 vem do governo", completa Hamilton.
A propriedade do IAC que pode ser vendida fica na rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, na área rural de Jundiaí. A lista de fazendas experimentais que o estado pretende vender inclui 35 propriedades.
No mês passado, após uma ação proposta pela ApqC, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), determinou que o estado apresente estudos de impacto sobre cada uma das fazendas experimentais que serão colocadas à venda.
"A alegação do governador é de que o estado vai se desfazer de áreas que estejam ociosas, que não estejam ativas na pesquisa, para fazer caixa. E por que, e para que o estado precisa fazer caixa se teve um superavit no ano anterior", afirma Helena. "O que a gente percebe é que o enfraquecimento da estrutura de pesquisa deve servir a algum interesse. Isso mostra um descaso com a ciência, um retrocesso no estado que produz tecnologia, que gera conhecimento", diz a presidente da APqC.
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Na audiência, o vereador Henrique do Cardume (PSOL) anunciou que irá propor uma moção ao legislativo local contra a venda da área do IAC em Jundiaí.
"Essa é uma moção de repúdio à iniciativa do governo do estado de São Paulo de privatizar as fazendas do Instituto Agronômico de Campinas", afirmou o vereador.
Representantes da sociedade civil e de agricultores familiares da região participaram do evento.
"Sou produtora rural em Campo Limpo Paulista, aos pés da Serra dos Cristais, e protesto veementemente contra a extinção do IAC aqui em Jundiaí. Campo Limpo Paulista não tem nem Casa da Agricultura e a gente tem que se dirigir a Jarinu, e o IAC é para nós o elo do conhecimento, a pesquisa pra gente poder disponibilizar para o consumidor final", afirmou Maria Izilda Lenk, produtora rural e integrante da Associação Caminho Verde.
Link audiência pública:https://www.youtube.com/live/cUDxSaEomjM?feature=shared
Sobre a APqC Fundada em 1977, a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC) representa servidores de 16 Institutos Públicos de Pesquisa do Estado, nas áreas de Meio Ambiente, Agricultura e Saúde. Além de incentivar o desenvolvimento da ciência, como instrumento de transformação socioambiental do Estado de São Paulo, a entidade tem como missão estabelecida em seu estatuto a defesa dos institutos e da carreira de pesquisador científico, criada em 1975, além do patrimônio público ligado à pesquisa, incluindo prédios históricos e fazendas experimentais. A entidade defende a recriação dos Institutos Florestal, de Botânica, Geológico e da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), extintos em 2020*.
Os pesquisadores representados pela APqC atuam nos institutos:
Meio Ambiente: Instituto Florestal*, Instituto de Botânica*, Instituto Geológico* (Integram a Secretaria de Estado do Meio Ambiente, infraestrutura e logística).
Agricultura: APTA Regional, Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Instituto Biológico, Instituto de Economia Agrícola (IEA), Instituto de Pesca, Instituto de Tecnologia de Alimentos, Instituto de Zootecnia (Integram a Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento).
Saúde: Instituto Adolfo Lutz, Instituto Butantan, Instituto Dante Pazzaneze de Cardiologia, Instituto Lauro de Souza Lima, Instituto Pasteur, Instituto da Saúde, SUCEN*, Laboratório de Investigação Médica-LIM HC-USP (Integram a Secretaria de Estado da Saúde).
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