1 de mar. de 2022

Grandes porres e filosofia de merda

EU SÓ QUERIA SABER

QUANDO SERÁ

O MEU DIA DE MORRER

Na verdade, não sei se queria realmente.

Eu tinha bebido muito e, como sempre acontece quando bebo muito, comecei a regurgitar essas filosofias de merda.

SE TODO DIA NASCE UM NOVO DIA

PAIXÃO VIRA SEMENTE

SEMENTE VIRA FLOR

Venhamos e convenhamos, essa foi uma boa bebedeira.

A qualidade do álcool consumido certamente devia ser altíssima.

Afinal, não é pra me gabar, mas é um belo verso.

Que, aliás, faz parte de um belo samba.

Mas isso é uma outra história.

TENHO A IMPRESSÃO DE QUE HOJE É ONTEM

E POR MAIS QUE OS FATOS CONTEM

O CONTRÁRIO É IMPOSSÍVEL DE ACEITAR

NÃO FIZ O SAMBA QUE TANTO QUERIA

E NEM PUDE VER O DIA

COM A LUZ DE OUTRO DIA SE ILUMINAR

Esse porre foi especial, pois, como dá pra perceber, gerou uma espécie de amnésia de tempo e um samba/filosofia meio estranho.

Embora eu goste muito.

Mas de todos os porres que viraram filosofia que viraram samba um dos que mais gosto aconteceu no imortal Nova Capela.

Eu estava comemorando minhas 40 primaveras (gente, faz teeemmmpppooo) quando um frequentador cismou que eu deveria me pronunciar filosoficamente, ou existencialmente, ou existencialisticamente (nem sei se essa porra dessa palavra existe) sobre o tema.

Foi um embate histórico entre dois bêbados chatos, no caso ele e eu.

- Como você está se sentindo?

- Não sei.

- Porra, você tem que tá sentindo alguma coisa diferente, o que é?

- Não sei.

- Não fode, Mario! Deixa de frescura e diz logo o que você tá sentindo!

- Não sei, caralho! Não sei!

E não é que o desgraçado do samba veio inteirinho na cabeça (lógico que eu não disse isso pro outro chato)?

A melodia foi feita um tempo depois pelo meu melhor parceiro, o gênio Delcio Carvalho.

NÃO SEI

DE QUE VIDA É A SEMENTE

QUE CHEGA ASSIM DE REPENTE