Feliz aniversário, Adonis Karan, meu bravo amigo
- Lais Amaral Jr.
- há 3 dias
- 3 min de leitura

Alguns nomes gigantes da nossa música fizeram aniversário no mês de junho. Bethânia, Chico e Gil, foram alguns deles. No sábado passado, dia 28, um outro gigante ligado à música, por outras vias, também mudou de idade, o produtor e agitador cultural, Adonis Karan. Um dos pilares da era de ouro dos grandes festivais de música no país.
Lancei ano passado, pela editora Autografia, um livro que reúne algumas dezenas de crônicas que publiquei aqui na Criativos entre 2021 e 2023: Show de Estrelas - esbarrando nos astros pela vida. O livro contou, inclusive, com uma abertura elegante e simpática do Leo Viana, cronista da nossa turma daqui da revista. Entre esses astros que esbarrei, o amigo Adonis Karan, que abre o volume.
Karan publicou um artigo em fevereiro de 2018, intitulado ‘O que fizeram com nossa música’, artigo repostado agora pelo Facebook. No artigo ele cita a importância dos festivais da MPB nos anos 60, 70 e 80 que proporcionaram a ele o privilégio de ver surgir uma geração extraordinária: Gonzaguinha, Ivan Lins, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Edu lobo, Gil, Caetano, Milton e outros compositores geniais, “que hoje são reconhecidos e aclamados em todo o planeta”.
E ele, que teve participação vital nesses festivais, segue na constatação de que nas últimas décadas houve o desinteresse da grande mídia (as TVs principalmente, destaque meu) pelos festivais, o que provocou um vazio e o fim da revelação de grandes talentos.
Prosseguindo, Karan reforça que os espaços deixados foram ocupados gradativamente por movimentos musicais produzidos unicamente com fins comerciais, voltados ao consumo imediato, e isso, com a ajuda da Internet, que ajudou a mudar a cara da força propulsora de grandes nomes, sendo esses movimentos, consagrados pela mídia, principalmente com a força de programas de auditório, líderes de audiência. E ilustra com a conclusão de Leonardo Sales, um estudioso da MPB: “A música brasileira nunca esteve tão simplória, confinada em letras que abusam de palavras repetidas e de poucos e recorrentes acordes nas composições”.
Concordo muito com o Karan. Com as mudanças amplificadas pelas novidades tecnológicas (e lá se foram discos, CDs, gravadoras, etc.) e pelo preponderante interesse comercial das grandes mídias de massa, foram-se os grandes festivais e junto, a oportunidade de vermos surgir novas gerações de grandes astros. Como consolo ou até para justificar, o que se viu e vê, são programas destinados a mostrar nossa força na arte musical do país, fora do chamado horário nobre, a maioria em emissoras públicas e de audiência menor, nichos.
O programa do saudoso Rolando Boldrim, que saiu de uma emissora comercial e foi para a TV Cultura foi certamente o maior deles. Uma grande vitrine nacional de valores indiscutíveis que continuam nascendo. Hoje ainda temos o ‘Balaio’, do Renato Teixeira na mesma TV Cultura e outros, destinados à música sertaneja. Valorosos artistas que não chegam às massas que foram adestradas para outros gostos, como disse o Karan, por movimentos musicais produzidos unicamente com fins comerciais, voltado ao consumo imediato, música descartável.
Os tempos são outros e os moinhos de ventos são gigantes de verdade, mas o nosso querido Adonis Karan, que hoje mora no Retiro dos Artistas, não entregou os pontos. Continua produzindo seus projetos voltados a promover a nossa música e projetar bons compositores e intérpretes, que continuam por aí. A despeito dos donos de tudo, que se lixam para as manifestações genuínas de arte e abrem espaço para fabriquetas de lixo sonoro descartável, que após cumprir seu papel comercial, vai para a lata de lixo. Parabéns Adonis Karan, saúde, força e disposição para continuar na trincheira. Abração!
Audiovisual e Música: Indústrias Que Geram Emprego, Renda e Identidade
A produção de um filme, de um documentário ou de um álbum musical envolve uma cadeia produtiva ampla: roteiristas, músicos, diretores, iluminadores, técnicos de som, figurinistas, fotógrafos, montadores, tradutores e muito mais. Quando um projeto audiovisual ou musical ganha vida, ele movimenta dezenas, às vezes centenas de empregos diretos e indiretos.
A Cedro Rosa Digital fortalece essa cadeia ao garantir que trilhas, músicas e obras estejam certificadas, devidamente registradas e com seus direitos autorais organizados e pagos em todo o mundo.
Oficina da Canção, com Sandro Dornelles. Inscrevam-se!
Comments