Desempenho patético dos Estados Unidos faz China liderar no 5G, diz ex-CEO do Google. E o Brasil?
“O avanço para velocidades 5G reais levará a avanços análogos em veículos autônomos, aplicativos de realidade virtual como o metaverso e outras áreas que ainda precisam ser inventadas”, escreveram Graham Allison, cientista politico e Eric Schmidt, ex CEO do Google/Alphabeth em editorial do Wall Street Journal.
A dupla também acusou os EUA de ficarem para trás em várias áreas. Eles disseram que a velocidade média de download 5G da China é significativamente mais rápida que a dos EUA. A velocidade média de download da China foi de pouco mais de 299 megabits por segundo no terceiro trimestre de 2021, contra 93,73 megabits por segundo nos EUA, de acordo com a Speedtest, uma empresa que mede a velocidade da internet.
“A velocidade da internet móvel é um avanço central do 5G, que permite um novo domínio de aplicativos inovadores com poderosas implicações econômicas e de segurança nacional”, disseram Allison e Schmidt.
De chão-de-fábrica do mundo, em pouco mais de 40 anos a China assumiu o protagonismo internacional, enquanto o mundo se distraia com o fim da Guerra Fria entre Russia e Estados Unidos.
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Os vários planos quinquenais estabelecidos partir de 1978, estruturaram um desenvolvimento industrial, comercial, científico e tecnológico, que através de transferência de tecnologia, moldaram o novo Império do Meio.
Os números são astronômicos: mais de USD 3, 3 trilhões em reservas internacionais, maior parceiro internacional de blocos como Américas e União Europeia e políticas comerciais e estruturantes como a "nova rota da seda".
Até em áreas como comércio eletrônico e redes sociais onde os Estados Unidos foram pioneiros e reinaram absolutos por anos, a China abriu passagem na passarela mundial com grupos como Alibaba e TikTok, para ficar apenas em 2 exemplos.
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O "negócio da China", onde parceiros comerciais saiam com muitas vantagens comerciais em função da escala de volumes em patamares astronômicos, atualmente só se realiza se houver interesse estruturante chinês, como transferência de tecnologia.
Se estivesse falando de futebol, diria que a China deu um nó tático no Ocidente, que vai levar pelo menos uns 30 anos para achar a bola.
Mas como o Brasil deve agir? Devemos abandonar o "primo-rico" Estados Unidos? Puxar o saco dos chineses, transformá-los em enredo de escola de samba do Rio? Já estou escutando o refrão:
" Oh 5G, 5G, 5G,
Na Sapucaí só dá eu e você!"
Tanto China quanto Estados Unidos tem boas lições para dar, guardadas as proporções da indagação "o que é bom para a China e os Estados Unidos é bom para o Brasil?"
Os dois gigantes econômicos fizeram investimento pesado em geração de emprego, ciência, tecnologia, pesquisa e educação.
E o Brasil, quando vai deixar de ser o país do futuro?
Temos algumas ilhas de excelência de reconhecimento mundial, como o agronegócio - que definitivamente não é formado por trogloditas invasores de terra em sua maioria - é enorme, moderno, extremamente competitivo, conta com uma empesa da qualidade da Embrapa, que já foi respeitada mundialmente, mas que a partir de 2018 passou por um esvaziamento, assim como todos os centros de ciência e pesquisa no país, mas nao foi totalmente esvaziada.
Ainda no campo, temos excelentes experiências de ocupação de terras improdutivas e produção de sementes sem agrotóxicos, como o MST, isso mesmo, o Movimento dos Sem Terra - ao ponto de terem conseguido em apenas 3 horas o aporte de R$ 17,5 milhões no mercado financeiro através uma operação de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) como já foi comentado aqui na Criativos!
Ainda que o agrobusiness e o MST precisem de ajustes, porque também abrigam contradições e atitudes questionáveis, por outro lado apresentam resultados concretos.
O Brasil também tem um considerável repertório de inteligência financeira, com grandes talentos, boa tecnologia e uma governança desenvolvida.
Em algumas áreas de tecnologia aplicada como aviação, o destaque é Embraer, que vai entregar os primeiros carros voadores já em 2026. Compondo nosso cesto, temos ainda música, futebol, novelas... . Isso é softpower, que abre caminhos e relacionamentos internacionais. Atualmente a Coréa está nadando de braçada com o K Pop e prêmios internacionais de cinema, como o Oscar e a China com TikTok abalou o mundo das redes sociais.
No passado recente até os dias atuais, França, Inglaterra e Estados Unidos abriram grandes canais de comunicação no mundo através de arte e cultura, vendendo de modo subliminar comportamento e produtos.
Somos apaixonados por tecnologia e mídia social, o brasileiro é um dos povos mais conectados do mundo.
Precisamos investir em tecnologia, educação, pesquisa, tudo em larga escala, tudo falando português-brasileiro, seja como primeira ou segunda língua, porque precisamos aprender com quem está mais avançado, mas absorver e deglutir em nosso idioma. As lições da Semana de Arte Moderna de 1922 estão aí. Precisamos comer os atuais "Bispos Sardinha", em um ritual antropofágico pós-moderno digital. A meta precisa ser o bem-estar social. Isso não virá através da absurda concentração de renda e da desigualdade, onde atingimos o pico. Gente pobre com dinheiro no bolso, saúde e crianças nas escolas é bom dá lucro para todos, inclusive para os ricos.
Reclamar da herança histórica, da qualidade dos homens públicos, do governo é facil e necessário, mas o que cada um de nós faz além disso?
A China soube aproveitar-se do momento histórico da Guerra Fria entre Rússia e Estados Unidos para se desenvolver e a partir de 1978 teve um desempenho extraordinário. O Estado chinês foi um grande indutor da economia, mas esse sistema não se encaixa em nenhum modelo existente, não é comunismo, social-democracia, nem capitalismo de Estado. Uma definição interessante e irônica da NDRC - National Development and Reform Commission - agência chinesa, " o Estado está presente para facilitar e organizar o crescimento da China, liderado pelo mercado, utilizando a mão invisível do governo". Os chineses, quem diria, tem "bom humor de Estado"!
Segundo estudiosos de China, o governo comanda a sociedade, mas controla apenas 20% da economia. Poderia ser um sistema de socialismo-liberal? Essas informacões e conceitos contam no excelente livro BRASIL CHINA - Ensaios de 2002 a 2021, de Anna Jaguaribe, lançado pelo CEBRI, Centro Brasileiro de Relações Internacionais, com apoio de várias instituições e de Marcelo Vieira, um dos melhores líderes do agronegócio no Brasil.
De qualquer maneira, o Brasil precisa olhar para dentro de si, de seu povo e relacionar-se com o mundo, fora de algemas ideológicas, políticas e religiosas.
A tal "ameaça comunista", que assombra o país desde os anos de 1964, se naquela ocasião poderia ser explicada pela Guerra Fria, caiu no ridículo, embora seja constantemente requentada, como na eleição de 2018, por grupos ignorantes ou maldosos.
A única e real ameaça comunista no Brasil aconteceu em 1982, em pleno Maracanã, no desafio internacional do vôlei, onde vencemos a então União Soviética por 3 a 1.
Se por um lado não temos 5 mil anos de história documentada como tem a China, o peso cultural da Europa nem a potência atual dos Estados Unidos, temos nossas vocações naturais, que valem "ouro mas tambem aceitamos crédito de carbono".
Precisamos ajustar alguns passivos internos como a desigualdade colossal, questões sociais e agrárias mal-resolvidas, acelerar o passo na educação, ciência, tecnologia, geracão de trabalho e emprego, ajustar nosso destino e içar as velas. Talento e tamanho não nos falta.
Antonio Galante, fevereiro de 2022.
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