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 Como parar o relógio do Juízo Final?

 



A indagação é o título do livro recém laçado, aliás o primeiro livro publicado pelo Instituto Conhecimento Liberta (ICL). O livro tem como razão um texto produzido pelo linguista, filósofo e entre outras qualificações, ativista político estadunidense, Noam Chomsky. Foi feito para um seminário organizado pelo ICL, em 2021. A partir do artigo um grupo de pensadores esmiúça o tema com textos tão instigantes quanto o de Chomsky. Os textos são de: Gisele Cittadino, Suze Piza, Bruno Rekdal de Lima, Danielle de Andrade Moreira, Carolina de Figueiredo Garrido, Francisco Comaru, Talita Anzei Gonsales, Leonardo Freire de Mello e Sara de Paula. Um livro essencial.


O chamado Relógio do Juízo Final foi uma bolação de cientistas nucleares criado em 1947 para calcular os riscos de um apocalipse atômico. Os cogumelos de Hiroshima e Nagasaki estavam tatuados nas mentes desses cientistas. Em 2007 as alterações climáticas também passaram a fazer parte desses cálculos. Segundo Chomsky, já no último ano do governo Trump, faltavam apenas 100 segundos para a meia-noite nesse relógio. E em nota de rodapé do texto de apresentação do livro, escrito pela Gisele Cittadino, a informação que em 2023 já estávamos a 90 segundos do Juízo Final. 


O texto de Noam Chomsky está longe de ser considerado catastrofista. “A sobrevivência, literalmente, está em jogo. Mas, assim como os anos 1930, há esperança”. Ele faz é um diagnóstico, levando em consideração análises conclusivas de instituições e cientistas e pensadores de todo o mundo. E divide o atual momento em três grandes crises, responsáveis pela aceleração dos ponteiros do relógio: 1) guerra nuclear, logicamente, pois foi a espoleta dessa grande apreensão; 2) a destruição do meio ambiente e 3) a deterioração do discurso racional. E ele justifica a crise número 3, que aparentemente tem menor relevância que as anteriores mas que seria a única esperança de confrontar as duas crises existenciais pela deliberação e  planejamento racionais guiados por uma cidadania informada.


E segue o texto pontuando acordos contra a proliferação de armas nucleares, alguns dribles cometidos aqui e ali para burlar o que está escrito e ‘vista grossa’ em outros casos. Cita o monitor dessas questões, o Stockholm International Peace Research que num relatório de 2020 mostra o crescimento dos gastos com armamento, influenciado por USA e China. Os USA aumentaram seus gastos militares pelo terceiro ano consecutivo chegando a 778 bilhões de dólares em 2020. A China vem em segundo com 252 bilhões de dólares e a Rússia, em quarto com 62 bilhões. Muito desses gastos, para modernizar e expandir forças nucleares.


E Chomsky também cita a colaboração do governo brasileiro para a aceleração dos ponteiros do Relógio: “Como todos sabem, sob o governo Bolsonaro, a destruição da Amazônia está sedo acelerada rapidamente em nome dos interesses da mineração, do agronegócio e das madeireiras”. E no parágrafo seguinte faz um alerta assustador: “o sudeste da Amazônia se transformou de um sumidouro (de carbono) em uma fonte (de carbono). Para o Brasil isso é uma catástrofe. A Amazônia se transformará em savana, em pastagens. A chuva diminuirá drasticamente, as áreas agrícolas ricas se tornarão deserto”. Segundo a avaliação do articulista, “um crime muito pior do que o massacre da Covid, causado pela incompetência e pela corrupção de Bolsonaro”.


O que se depreende é que a racionalidade é que pode evitar que cheguemos ao chamado ponto de inflexão, quando será tarde para qualquer medida, porque o processo de destruição já será irreversível. Racionalidade é a palavra mágica para pararmos o Relógio do Juízo Final. Um livro poderoso para reflexão e para ampliar a discussão a respeito da salvação da espécie humana.


Eu escrevi em 2018 uma novelinha de ficção científica com o título Crônica da meia-noite – o dragão alçou voo que publiquei em 2019 pela Editora Garcia.


Dois anos antes de Noam Chomsky participar daquele seminário com seu texto perturbador. O meu livro é ambientado no ano 2050 e o protagonista, um tal Saulo de Tarso, num flashback, lembra da primeira vez que ouviu algo sobre o Relógio do Juízo Final. Foi nos seus tempos de faculdade. Faltavam então três minutos, lhe disse um professor amigo. Meu texto é uma ficção e como eu mesmo o defini, uma fantasia nostálgica de solidão e otimismo. Otimismo. Tanto que se passa em 2050 e até lá os ponteiros não estavam sobrepostos sobre o número 12 do relógio. Não chegara à meia-noite.


Leiam os dois livros. Minha novelinha começa assim:


Ano 2050 - Acionei a projeção holográfica receptiva e Jordan se materializou diante de mim. Tinha a mesma expressão blasé que exibia na última conversa que mantivemos dias atrás, de forma presencial, num reservado do Hong Kong Bar. Havia um fundo musical, como agora que o sistema interno detectou minha emoção. É a Serenata, de Schubert. Uma música antiga, que muito me comove. Um clássico, que nesse momento assume uma dimensão ainda mais comovente, em harmonia com essa atmosfera melancólica. É como um réquiem. A despedida de uma existência, talvez.


 

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