Cabelos criativos, melhor dizendo, penteados criativos eram prerrogativas de mulher

Sem perder tempo em analizar as centenas de variações ao longo da história podemos lembrar dos fantásticos bolos de noiva, construídos com laquê naquele formato da mulher de Howard Simpson ou do famoso Black Power, de fortes conotações de uma política afirmativa da negritude contra o alisamento a pente de aço quente. Mas imbatível mesmo há quase um século é o sempre fascinante Chanel, que varou as décadas como marca de elegância atemporal, um certo mistério envolvendo olhos fortemente delineados de preto. Uma marca de Nara Leão, ao mesmo tempo tão simples e tão sofisticada.
Mais recentemente as grandes passarelas dos estilos masculinos se tornaram os gramados de futebol. Os estilos mudam ao longo dos campeonatos. Coques , rabos de cavalo, bandanas, índios iroqueses ou mesmo carecas totais aparecem e desaparecem, sem falar no topetinho à Cristiano Ronaldo ou cabeleiras a David Luiz e Willian Arão.
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Oriundo da música jamaicana ou por ela popularizado, o estilo rastafari tomou conta. São horas de preparo das milhares de trancinhas, de grande beleza e impacto visual, que se tivessem persistido teriam obrigado os estádios de futebol a criar adjacentes aos vestiários salões de beleza.
Da infância guardei das idas ao barbeiro, o Salão Petrônio na rua Duvivier, a famosa pergunta de Seu José à minha mãe: vamos fazer no menino o corte à Príncipe Danilo? De jeito algum, respondia ela: o de sempre, O de sempre era o coco raspado com máquina 1 - concessão para não ser a máquina zero estilo militar, com apenas um arremedo de topete.
Fiquei com essa dúvida atroz. Qual seria o tal estilo Príncipe Danilo? Pensava eu depois, apreciador da história, que deveria ser um daqueles elegantíssimos príncipes do Império Austro Húngaro, que ostentaria bela cabeleira nos bailes vienenses, em complemento a umas fardas coloridas, com dragonas douradas, quase tão formidável quando um mestre-sala ou bandeirante de escola de samba, ou a uma personagem de Clóvis Bornay.
Recentemente levando meu neto no barbeiro, perguntei a ele , experiente profissional, que diabo de estilo era este. Silva sabia : cabelo raspado do lado , bem curto, bela cabeleira em cima, assentada em ondas com auxílio de um fixador, e um particularmente protuberante topete, em marquise sobre a testa. Agora quanto a identidade do Príncipe Danilo nem uma palavra.
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Hoje em dia, investigar não tem graça. Entra-se no Google e está lá. Eli, Danilo e Jorge. Meio campo de clubes do Niterói - Canto do Rio , Fonseca - e consagrado no Rio, em especial no Vasco da Gama, center-half da seleção brasileira na Copa de 1950. Grande jogador e vaidoso com sua cabeleira que deu nome ao penteado. Homem de atitudes elegantes no esporte teve sua imagem, chorando convulsivamente após a derrota para o Uruguai ( Ah, Obdulio Varella outro nome desta saga), na finalíssima. Hoje além do corte há o tingimento. Louros palha , cor de rosa, verde e todas as cores do arco íris abundam aos domingos nos gramados e durante as semanas nas escolas primárias e secundárias. As mulheres, graças a Deus, mantêm-se nos seus imbatíveis chanelzinhos ou nos seus cortes étnicos naturais. Acabou a obsessão do alisado. Será o fim do Henê Slim? Vocês não precisam disso para se afirmar. Já os os homens, precisam passar a jogar melhor, deixar as cabeleiras de lado e cuidar mais da bola na rede. Dos adversários....A Copa está aí.
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