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Minhas filhas mais moças e também as netas mais velhas perguntaram a mim e minha mulher nossa opinião sobre o admirável filme novo de Walter Salles sobre Eunice Paiva. Elas sabiam que éramos ambos jovens na época e que, alguns anos depois do momento retratado no filme, tivemos alguma convivência com Eunice Paiva.


Estas pessoas de minha família, todas nascidas a partir de 1980, haviam se emocionado muito durante o filme, e nos perguntaram: “Era assim mesmo ??”

 

Eu respondi lembrando que na reunião ministerial em que foi promulgado o Ato Institucional número 5, ato que suspendeu as garantias do Estado de direito, a única voz discordante foi do vice-presidente Pedro Aleixo. Os militares presentes o questionaram se eles não seriam de confiança, afinal eram todos seus colegas de ministério. Diante da pergunta, o vice Pedro Aleixo, um civil, respondeu apenas que: “... não é de vocês que eu temo as ações, mas sim do guarda de esquina”.


Estava certo.

 

Ele quis dizer que o Ato Institucional número 5, criaria, como realmente criou, uma cadeia de arbitrariedades e de arrogância por parte das autoridades que, saindo do mais alto escalão de Brasília, atingiria e empoderaria o mais ínfimo representante da ordem pública, conferindo-lhe poderes discricionários.

 

Ao fato acima, eu acrescento ainda a patética visão do Ministro do Exército, em uma exaltação infame do corporativismo, carregar o caixão no enterro de um dos militares recrutados para forjar um atentado em um festival de música. O plano deu errado e as forças militares acabaram ainda mais mal vistas na ocasião, precipitando a pressão por mais abertura no regime.

 

Quando a exacerbação de fatores polarizadores se combina com o espírito de corpo e litigância em um ambiente onde carece o Estado de direito, o que se pode esperar é o que vivemos naqueles anos de chumbo: um ambiente permanente de medo, de revolta interna e desestímulo à formação de novas lideranças, mas, também, de atos de heroísmo, às vezes não compensadores, para alterar a marcha dos acontecimentos.

 

O ato de Rubens Paiva, ao se expor como um elo entre grupos clandestinos e seus parentes ou amores na legalidade foi nobre e generoso. O impacto do filme que o relembra combinado com o sofrimento e sublimação familiar pode estar produzindo um efeito de alerta da maior importância em nossos dias.


A barbárie cometida pelo Estado é algo repugnante.

 

Fernanda Torres está perfeita como a Eunice que conheci, mas a expressão do olhar de Fernanda Montenegro em sua curta aparição vale o filme. Eunice não pegou em armas e nem imolou a sua vida em causa perdida.

 

Ela fez de sua vida um exemplo de dignidade, de como se conduzir como mãe, cidadã participante e defensora dos direitos dos indígenas.

 

Rubens Paiva eu conheci como engenheiro e sócio de Mauro Sá Motta, primo de um grande amigo meu. Duas décadas depois, ao criar o CCMA, Comitê Consultivo de Meio Ambiente da Eletrobras, para orientar ações mitigadoras de impactos de grandes barragens sobre populações ribeirinhas, tive a honra de poder contar com a Eunice entre seus membros.


Poucos anos depois, em 1996, com a sanção da Lei dos Desaparecidos pelo presidente FHC, ela recebeu finalmente a certidão de óbito de Rubens Paiva e o reconhecimento da culpa do Estado em sua morte.


Como o filme relata, foi uma vitória da persistência contra tudo, contra todos e contra até o abstrato, como o esquecimento daquilo que nos incomoda.

 

Eunice em grego é uma palavra que deriva etimologicamente de “Nike”, que significa Vitória. A vitória desta mulher é a vitória da decência, da dignidade de uma mãe, do amor e companheirismo de uma mulher por seu marido, mas também da importância da memória nacional se fazer presente em momentos delicados de nossa História e mesmo da História Mundial, como aqueles em que estamos vivendo. 

 



 

 Cinema, Economia Criativa e o Papel da Cedro Rosa Digital



O sucesso de grandes filmes brasileiros como Ainda Estou Aqui, Cidade de Deus e Tropa de Elite demonstra o potencial do cinema nacional em combinar qualidade artística com apelo popular, impulsionando a cultura e fortalecendo a indústria criativa. Além de promover o Brasil no exterior, essas produções geram empregos, renda e divisas, destacando-se como motores do desenvolvimento econômico e cultural do país.


Mas como o Brasil pode alcançar um nível de investimento proporcional ao PIB na Economia Criativa semelhante ao de países como Estados Unidos, Coreia do Sul e nações europeias? A resposta passa por políticas públicas robustas, incentivos fiscais bem estruturados, parcerias institucionais e maior integração entre cultura, tecnologia e mercado.


Escute essa playlist Spotify / Cedro Rosa.



Cinema e Indústria Criativa: um Ecossistema Potente


Os filmes citados não são apenas obras de entretenimento; eles constroem narrativas que refletem a realidade brasileira e, ao mesmo tempo, dialogam com audiências globais. Além disso, cada produção mobiliza uma ampla cadeia produtiva: roteiristas, diretores, atores, equipes técnicas, fornecedores e serviços locais. Estudos mostram que, para cada real investido em cinema, o retorno na economia local pode ser múltiplo, com impacto em turismo, comércio e exportação de serviços criativos.


Países como a Coreia do Sul alavancaram o setor criativo investindo massivamente em infraestrutura, parcerias público-privadas e estratégias de exportação de sua cultura. O Brasil pode aprender com esses exemplos, priorizando incentivos à inovação e ao fortalecimento da identidade cultural local.


Cedro Rosa Digital: Entre Certificação e Produção Cultural


A Cedro Rosa Digital, fundada pelo produtor e compositor Antonio Galante, é um exemplo de como iniciativas privadas podem contribuir para a expansão da Economia Criativa. Atuando em diversas frentes, a empresa não apenas distribui músicas e gravações mundialmente, mas também investe em produções cinematográficas que destacam a riqueza cultural do Brasil. Entre os projetos mais notáveis estão:

  • “+40 Anos do Clube do Samba”: Um documentário que celebra a história do samba brasileiro, em coprodução com a TV Cultura de São Paulo. Esse filme não só preserva a memória cultural, mas também gera emprego para dezenas de profissionais envolvidos na produção.

  • “História da Música Brasileira na Era das Gravações”: Uma minissérie que resgata momentos icônicos da música nacional, abordando a evolução tecnológica e sua influência na arte e no consumo musical.

  • “Partideiros 2”: Uma sequência que explora a vibrante tradição do samba de roda e do partido alto, conectando gerações de artistas e espectadores.

Essas iniciativas destacam-se pela capacidade de unir narrativa, música e história, criando produtos culturais que podem ser exportados e licenciados internacionalmente.



Ferramentas Tecnológicas e Parcerias Estratégicas


Outro diferencial da Cedro Rosa Digital é o desenvolvimento do sistema CERTIFICA SOM, que garante a certificação correta de obras musicais e audiovisuais, assegurando que os compositores, intérpretes e técnicos recebam seus direitos autorais de forma justa e internacionalmente reconhecida. Esse modelo contribui para a transparência e a profissionalização do mercado cultural, um passo essencial para atrair novos investimentos e fortalecer a competitividade brasileira no setor.



A empresa também colabora com parceiros institucionais como EMBRAPII, SEBRAE e o Ministério da Ciência e Tecnologia, além de participar de feiras e simpósios internacionais com o apoio da APEX. Essa presença global é fundamental para posicionar o Brasil como um player relevante na Economia Criativa mundial.


O Caminho para o Futuro

Para que o Brasil alcance o patamar de outros países em investimento na Economia Criativa, é crucial criar um ambiente que favoreça a inovação, a profissionalização e a exportação de produtos culturais. Com iniciativas como as da Cedro Rosa Digital, aliadas a políticas públicas visionárias, o cinema e outras indústrias criativas podem tornar-se alicerces de um Brasil mais próspero e culturalmente influente.


O desafio é grande, mas as oportunidades são ainda maiores.

 

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