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A MONUMENTABILIDADE DAS DATAS, parte 1


2011 JAN 14 BETH E VICTOR BIGLIONE SE CASAM E EU OFICIO

A MONUMENTABILIDADE do PALPÁVEL ao IMATERIAL

Carlos Alberto Afonso para CRIATIVOS, em 14 de Junho de 2021


Não é rara que se faça uma associação quase que sinonímica entre ‘monumento’ e ‘estátua’, que, na verdade, são conceitos contíguos, mas não sinônimos. Os monumentos não se manifestam, necessariamente, através de estátuas, pois, ‘lembranças’, ‘recordações’ (latim ‘monumentum’), que são, eles dispõem de diversos instrumentos para nos despertar um referente, ainda que, nem todos remetam para as dimensões que o forte vocábulo conota em nossa cultura linguística. Leio, por exemplo, em algum lugar, que, diante da passagem de uma bela mulher, o sensível observador não resiste à imediata qualificação : “que monumento !!!” atropelando aquilo que o pacto linguístico denota em nome daquilo que – ‘ vox populi, vox dei ‘ conota, não é verdade ? Não. O MONUMENTO é, na verdade, um sinal notável – em seu grupo – que nos remete ou nos lembra algum fato, alguma pessoa, alguma tradição, algum lugar, alguma circunstância, alguma sensação. É a notoriedade e a frequência de sua manifestação que garantem sua força na memória emocional ou intelectual do homem.


A Família-berço de que venho se constitui predominantemente de portugueses, tanto do lado materno quanto do lado paterno. Os antepassados e os contemporâneos de minha mãe, por exemplo, embora vivendo na Cidade do Rio de Janeiro desde jovens quando decidiram viver no Brasil, tinham um raro, ilimitado e imperecível fascínio pela região do Sul de Minas. O que guardo de imagens de meus avós andando a cavalo em Poços de Caldas, descendo às fontes de Caxambu, boquiabertos diante dos cafezais de Três Pontas e Alfenas e Pouso Alegre... Algo muito, muito revelador. Meu tio mais próximo – o Zeca – saudoso e amantíssimo – foi mandado para estudar no Colégio marista de... Varginha ! É verdade. Lá em casa, depois do Rio, só dava Sul de Minas. Meu aniversário de 2 anos foi em São Lourenço. E daí ? E daí que – um dia eu mostro em 2 ou 3 fotos – a portuguesada veio toda e a hora do bolo, tal e qual estivéssemos no Rio, reuniu toda a Família em volta.


Nada do outro mundo, é verdade, mas ali estavam entre 40 e 50 pessoas que saíram da Cidade em que viviam para passar um final de semana em São Lourenço e cantar parabéns para o Bebeto. Rsrsrsrsrs. Pois muito bem : aos 6 anos de idade, o Bebeto (eu) passou a vir para Cambuquira durante as férias de Julho em, rigorosamente, todos os anos. E os fascínios daqueles momentos perpetuaram o lugar no coração e na cuca do Bebeto. De tal forma que, aos 72 anos de idade, o Bebeto está montando seu barraco de trabalho – a Casa da Bossa Nova – TOCA do VINICIUS Colo da Serra, visando a horizontalidade da comunicação internética para nossa REGIÃO SUDESTE – Rio, São Paulo, Minas e Espírito Santo – a partir de onde ? De Cambuquira. E só agora – apresentado o cenário e as circunstâncias da monumentalização eu passo a contar o epílogo. Vinhamos de carro. A estrada era quase toda de terra, desde a subida da Mantiqueira até Cambuca. E, depois de 7 a 8 horas – hoje são 4 – de viagem chegávamos aos primeiros arredores de nosso pequeno paraíso mineiro.


E como sabíamos – ainda crianças – que estávamos chegando a Cambuquira ? Pelo forte, delicioso e permanente cheiro dos ciprestes. A baixada do Parque das Águas, o entorno da Praça de Esportes e toda a área fronteiriça da mata que levava até à bifurcação de estradas para o Rio – à direita - e para Três Corações – à esquerda, toda esta considerável área era cercada de ciprestes. Eram muitos. Muradas longas e fartas deste cheiro verde e deste verde aromático em matrimônios sinestésicos. E mais : tais experiências e seus desdobramentos nas memórias não eram patrimônios exclusivos de grupos de visitantes cariocas não. A equidistância desta Cidade em relação aos grandes centros urbanos do sudeste brasileiro – Rio, Belo Horizonte, São Paulo e Vitória, fazia com que as temporadas de férias escolares transformassem esta pacata e pequenina Cidade de Cambuquira numa comunhão, uma verdadeira comunhão de brasileiros vindos de diferentes lugares, cada qual com suas peculiares culturas, comungando em um só altar, que a NATUREZA construiu e o homem local soube preservar durante algum tempo (...nada é perfeito, né ?). O PERFUME FORTE e MARAVILHOSO DO CIPRESTE era UM MONUMENTO QUE A NATUREZA ERGUIA ao POVO QUE LHE REVERENCIAVA. E podemos ver – e, com certeza, concordar que os MONUMENTOS NÃO FAZEM ESCOLHA ENTRE A PEDRA RÍGIDA DA ESTÁTUA e a IMATERIALIDADE DO OLOR. Sendo que, no exemplo que acabamos de apresentar, o processo de MONUMENTALIZAÇÃO foi absolutamente espontâneo. Ninguém encomendou nada a ninguém. Apenas PRESERVOU a NATUREZA.


Mas os MONUMENTOS também nascem artificialmente, como é o caso das ESTÁTUAS que, muito embora, como consequência natural de erguidas, prestem homenagem a alguém ou a algum fato, na verdade elas são feitas e instaladas em lugares públicos para garantir simultaneamente a INFORMAÇÃO E A LEMBRANÇA de alguém ou de algum fato ou de algum lugar.... E, se, por um acaso, aquela estátua não reunir todos os elementos mais representativos dos monumentalizados, estará caindo em pecado mortal - não o artista que a esculpiu -, mas o contratante, que lhe faltou com informações, que acabarão faltando, também, à Sociedade em suas presentes e futuras gerações. Vide, por exemplo, a Estátua de Tom Jobim no Rio de Janeiro.


Desde o instante em que nossas lutas para que o nome de TOM contemplasse a Avenida da Praia de Ipanema – tendo sido seu nome – o mais amplamente reverenciador e reverenciado do Bairro, eu reuni na TOCA – isto foi entre 1995 e 1996 – o Grupo VOLTA MAESTRO para discutirmos os rumos de nosso movimento. Meu amigo-irmão o saudosíssimo Jornalista de Ipanema MARIO PEIXOTO, em uma de suas sempre sábias e amáveis intervenções deu a idéia de lutarmos pela substituição do nome da rua Vinicius de Moraes, pelo nome Rua TOM E VINICIUS. E, com todo o carinho e respeito que o grande MARIO PEIXOTO e sua IMORTAL MEMÓRIA já mereciam em vida, disse-lhe : “querido irmão nós não podemos recuar subtraindo. Não podemos cair na tentação do ‘mercado’ que adora as duplas, desde Caim e Abel até Tom e Jerry. Nós temos que avançar, conquistar mais espaço para estas Memórias ENORRRRRMES. VINICIUS DE MORAES e TOM JOBIM, como outros que ainda não partiram, têm dimensões de sobra para não ter que dividir um poste, por mais ilustre que ele o seja. Vamos deixar a RUA VINICIUS ser representativa de uma OBRA do tamanho dela, que é a do amado Poeta. E vamos buscar, para TOM JOBIM, a monumentalização através de uma ESTÁTUA em que ele toque seu piano em pleno Posto 9 de Ipanema – área de onde seu talento e arte decolaram rumo ao universo e à perpetuação - tendo o MAR por orquestra, o povo por platéia e as estrelas por gambiarras deste monumental palco de IPANEMA. E fechamos a nova investida rumo a uma ESTÁTUA.


A primeira assinatura do ABAIXO-ASSINADO para a ESTÁTUA DE TOM foi de ninguém menos que WAGNER TISO: começamos de pé-direito. E construímos um DOCUMENTO simplesmente MONUMENTAL, em si. Graças às gestões do então Secretário e Ipanemense da pesada, o querido Júlio Bueno, reunimo-nos na Toca com o Secretário da Prefeitura que fora incumbido pelo Prefeito de então a cuidar da ESTÁTUA que estava sendo reivindicada. Acabada a reunião dei-lhe de presente para seu Gabinete de Trabalho, uma foto que ele vira na parede de nosso teatro no 2º piso da TOCA. Era uma foto de TOM JOBIM e VINICIUS no CATETINHO, em Brasília, quando TOM fora convidado pelo Presidente JK - carinhosamente apelidado de Presidente BOSSA NOVA , saudoso pai de nossa muito querida amiga Maria Estela, para compor uma CANÇÃO MONUMENTALIZADORA do NASCIMENTO DA NOVA CAPITAL, que estava prestes a ser inaugurada. Pois bem : Tom topou. Convidou Vinicius para escrever o texto para a melodia que copusess. E foram os 2 para a nova Capital em busca d inspiração “in loco” para a OBRA que viria a ser denominada ‘ SINFONIA DA ALVORADA ‘.


Lá, os 2, caminhavam pelos jardins do Catetinho, quando alguém os fotografou. Belíssima foto, por sinal, num belíssimo lugar. Nesta foto, em que os parceiros caminhavam, TOM JOBIM, levava o violão apoiado no ombro, em estilo Juca Chaves (quem lembra ?). É que TOM estava fazendo uso de um violão para compor... não mais que isso, pois seu instrumento representativo era, é e será smpre o piano, ficando o violão como seu instrumento ocasional, excepcional, etc. ( O PIANO está para TOM assim como O VIOLÃO esta para JOÃO GILBERTO ) e até um feto esquimó, mesmo antes de nascer, já tem conhecimento disso. Pois o desastre aconteceu. A Prefeitura do Rio fez uma estátua com base na foto que o Secretário levara de presente. Resultado: a ESCULTURA é excelente, pois a escultora – a quem aprovei quando, preliminarmente, fui consultado pelo Secretário da Prefeitura – é indiscutível craque. Só houve um equívoco, que agrega equívocos ao MONUMENTO : a REPRESENTATIVIDADE MÁXIMA esteve – e está – ausente. Quer-se dizer o óbvio: o instrumento mais representativo de TOM JOBIM, aqui e no mundo inteiro é o PIANO. Mais, aquele TOM que está no ARPOADOR ainda não era o TOM acabado com a cara TOTAL que a VIDA e ele mesmo lhe deram, com a idade, o chapéu e o charuto – ainda que apagado, pronto.


A ESTÁTUA NÃO PECA COMO ESCULTURA, mas, retratando o TOM ainda em processo (garoto novo), PECA COMO MONUMENTO, chegando, portanto, a ser prejudicial pelos limites que impõe à grande destinatária, que é a SOCIEDADE. E, com isso, acaba sendo um MONUMENTO à ALVORADA da nova CAPITAL, tanto quanto a SINFONIA DA ALVORADA que TOM estava lá a compor. PARA TODOS OS PRESENTES e PARA TODOS OS FUTUROS. Minha esperança, ainda hoje é que, UM DIA, ALGUM ILUMINADO NA CABEÇA E NO CORAÇÃO proponha a BRASÍLIA O SEGUINTE : o RIO MANDA PARA BRASÍLIA A ESTÁTUA DE TOM QUE ESTÁ NO ARPOADOR, QUE, NO CATETINHO, ESTARÁ PERFEITÍSSIMA E BRASÍLIA ENCOMENDA À MESMÍSSIMA ARTISTA uma nova ESCULTURA DE TOM JOBIM, agora, a bordo de um PIANO (o instrumento óbvio), para ser colocada no lugar, igualmente, óbvio : aquele do qual TOM JOBIM DECOLOU PARA TODO O UNIVERSO E PARA SEMPRE : O POSTO 9, NA PRAIA DE IPANEMA, SOB CUJAS AREIAS, ALUDINDO À CURVA DO RIO PEDRA, ELE PEDIU QUE ENTERRASSEM SEU CORAÇÃO.


MAS.... PERA LÁ... o Tuninho Galante vai pensar que seu amigo pirou, pois minha proposta neste artigo de hoje é a DATA, A MONUMENTABILIDADE DAS DATAS. OK. Tenho uma idéia : neste finalzinho de ARTIGO eu deixo um toquezinho deste assunto de que não vou deixar de tratar na segunda-feira dia 21 de Junho, para dedicar o encerramento à noite dos NAMORADOS há 30 anos passados, na quarta-feira, dia 12 de Junho de 1991. Três meses antes, em 1º de Março, celebrando o 426º aniversário da Cidade do Rio de Janeiro, em meio à apresentação laudatória de TOM JOBIM e sua BANDA na Pedra do Arpoador, eu pegava uma carona e lançava meu livro ABC DE VINICIUS DE MORAES, dando o ponta-pé inicial para a Editora-Livraria TOCA do VINICIUS. O Secretário de Cultura à época era Carlos Eduardo Novaes. Pouco mais adiante sabedor que eu era diretor de um conjunto de 32 escolas da rede pública municipal – o chamado 12º DEC e sabendo de minha luta “ABAIXO

A EXCLUSÃO”, tentando promover o contato de todos os padrões de nossa Cultura com todos os graus de informação de nosso Povo....em todos os lugares...Carlos Eduardo Novaes me presenteou com a escolha de um artista em uma lista com vários nomes.


A Prefeitura proporcionaria um SHOW DE DIA DOS NAMORADOS – que estava próximo. E eu escolhi o QUARTETO EM CY. A Editora entraria com Livros para estudantes da Escola Normal Carmela Dutra. TUDO, TUDO, TUDO, na amantíssima Pátria do SAMBA : MADUREIRA, em noite de CHICO BUARQUE, TOM E VINICIUS NAS VOZES DO QUARTETO EM CY. Na MONUMENTAL DATA DOS NAMORADOS, EM 1991. Gostaria muito, entretanto, de tornar público um dos mais importantes MOMENTOS MONUMENTOS que vivi já sessentão : a celebração, em 14 de Janeiro de 2011, do CASAMENTO DO AMIGO MUITO QUERIDO e MÚSICO que REVERENCIO desde muito, muito, muito antes do enorme prazer do conhecê-lo pessoalmente.


PELA MONUMENTAL NOITE DE 14 DE JANEIRO DE 2011, LINDO E AMADO CASAL BETH e VICTOR BIGLIONE e por este DIA DOS NAMORADOS, em 12 de Junho de 2021.


Matéria de CAPA da ÚLTIMA HORA do Dia dos Namorados de 1991, quando a BOSSA NOVA visitou a Pátria do Samba, Madureira.


Carlos Alberto Afonso, para CRIATIVOS!


Foto 1 Carlos Alberto Afonso, celebrando o casamento de Beth e Victor Biglione, em 2011.

Foto 2 Matéria de CAPA da ÚLTIMA HORA do Dia dos Namorados de 1991, quando a BOSSA NOVA visitou a Pátria do Samba, Madureira.



 

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