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Viva o Cinema! Gramado deu um banho de talento e consciência da necessidade urgente de mudança



Sábado à noite, o frio que assolou o Sul Fluminense, principalmente aqui nas fraldas da Mantiqueira, me prendeu em casa. Problemas outros também me impediram de subir até Visconde de Mauá, em cuja Vila, acontecia a Semana Beatles, que é um evento dos mais charmosos e que aprecio muito. Mas ficar em casa acabou tendo suas compensações. Além de assegurar que meus minguados caraminguás se mantivessem acomodados e seguros no bolso, pude ver ao vivo pela TV, a premiação do Festival de Cinema de Gramado, que este ano completou 50 anos. Sem dúvida, uma façanha das grandes. Num país de hábitos descartáveis uma cidade abrigar um evento artístico e cultural longevo como esse, é um feito. Parabéns Gramado.


Música de bar e boteco, na playlist da Spotify.


A partir da pandemia, e na impossibilidade de realização do festival de forma presencial, com presença de público, a organização se aliou ao Canal Brasil para a transmissão via TV, além das plataformas de exibição online. Passada a pandemia a emissora manteve a transmissão. Que bom. Este ano a organização selecionou a competição para longa-metragem, curta, melhor filme ibérico-americano, cinema gaúcho e melhor documentário. E o que se viu foi uma demonstração incrível da pujança do artista nacional e da diversidade do potencial criativo que se não chega a nos surpreender, sempre nos enche de entusiasmo quando constatamos por mais uma vez, aquilo que parece que nos querem esconder, a riqueza criativa da nossa gente.


O filme vencedor na categoria principal, longa-metragem, foi uma obra que veio do distante estado do Acre, “Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho. O filme mostra para o Sul Maravilha uma realidade não muito diferente das vividas por outros centros do nosso país e por alguns países vizinhos: jovens da periferia da capital Rio Branco, nas bordas da Amazônia, vivendo um contexto assustador com a chegada do narcotráfico, no lombo de facções criminosas subindo do Sudeste, e que disputam a hegemonia do comércio clandestino das drogas. Não vi o filme ainda, mas algo me remeteu às séries ‘Narcos’, da Netflix. Principalmente a ‘Narcos México’ que mostrar um Raio-X assustador de uma relação de convívio mais que promíscuo do mundo do crime com uma elite política e empresarial do país, o que nos faz refletir sobre o que pode, ou deve estar ocorrendo nos subsolos desse atual Brasil das milícias.



O curta-metragem vencedor foi ‘Fantasma Neon’, o melhor longa gaúcho foi ‘5 Casas’, o melhor estrangeiro foi o uruguaio-argentino ‘9’ e o documentário vencedor, ‘Um par para chamar de meu’. Outro momento de destaque na festa foi a homenagem aos artistas que recentemente nos deixaram. O chamamento para o clipe foi a partida de Jô Soares que recebeu um breve texto lido por uma das apresentadoras. Mas foi também tocante a inclusão da atriz Cláudia Gimenez que morrera na véspera do festival.


A melhor direção foi para Cristiano Burlan do filme A Mãe, que também rendeu o Quiquito de melhor atriz para Marcela Cartaxo. O prêmio de melhor ator foi para Gabriel Knoxx (Noites Alienígenas) e o de melhor roteiro para Gabriel Martins por Marte Um, filme que segundo as apresentadoras encantou as plateias que por uma semana lotaram o Cine Embaixador, onde ocorreram as sessões. (A entrada eram dois quilos de alimentos e rendeu cinco toneladas e meia de alimentos para serem doados).

Música brasileira que qualidade, na playlist do Youtube.


Mas o que mais me encheu de esperança e certeza numa retomada do rumo para a construção de um país descente, foram os inúmeros discursos de atores, atrizes, figurinistas, técnicos de som e fotografia, e demais participantes vindos de vários cantos do país. Foram poucas as falas que não foram acompanhadas de um “L”. Os discursos ressaltavam os tempos em que as políticas públicas destinadas à cultura no país eram uma realidade, que a educação era impulsionada, ao contrário do que acontece hoje. Os governos de Lula e Dilma chegaram a ser citados como tempos promissores para arte e cultura no país. Até um dos participantes exibiu um boné com o nome do ex-presidente e encerrou dizendo: bebam água e em outubro, é Lula 13.


Terminada a premiação, uma das apresentadoras pediu aqueles que tivessem ganho o Quiquito, que subissem ao palco para a foto histórica do 50º Festival de Cinema de Gramado. O pessoal foi subindo e o Canal Brasil foi encerrando a transmissão com Simone Zuccolotto e os comentários de Luiz Zanin. Ao fundo via-se os premiados acomodados no chão para a foto. De repente um deles abre uma faixa em que se lia FORA BOLSONARO. Final apoteótico de um evento apoteótico. Viva o Cinema nacional!!



 

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