Víktor Waewell lança mais um grande sucesso literário: Guerra dos Mil Povos
Viktor Waewell é uma pena afiadíssima entre os novos da literatura nacional dedicados à ficção histórica. E o trabalho literário é duro. Emprega rigor acadêmico se valendo de vasta pesquisa e com revisão de historiadores. Seu romance de estreia Novo Mundo em Chamas foi uma explosão de sucesso, um best-seller que chegou como semifinalista do ‘Oceanos 2021’, um dos mais importantes prêmios literários de língua portuguesa.
Viktor Waewell está laçando Guerra dos Mil Povos, seu segundo romance, também baseado num período importante da história do país. Uma leitura cativante, empolgante, densa e que flui fácil, prendendo o leitor até o ponto final. Viktor Waewell é o convidado da quinzena da Criativos.
(Istagram @viktor_waewell_autor)
CRIATIVOS – Quando e como você se assumiu como escritor? O meio familiar influenciou?
Víktor Waewell - Quando eu era criança, o meu pai lia Monteiro Lobato todo dia de noite para eu e meus dois irmãos. Acho que isso me influenciou. A minha mãe também curte literatura. Eu comecei a escrever na adolescência por pura diversão. Passava contos para os amigos lerem, coisas assim. Cheguei a escrever uns 4 ou 5 livros nessa época, todos foram parar em caixas assim que ficaram prontos, sem qualquer intenção de publicar. Isso faz pouco mais de 20 anos. Aí parei. Fiz faculdade de comunicação, trabalhei e a vida seguiu. Decidi me dedicar seriamente à literatura há apenas 5 anos, já adulto. É difícil precisar o que mudou entre a brincadeira e o ofício da escrita, mas acho que tem a ver com eu aprender a trabalhar de um modo geral, pois literatura de verdade exige muita dedicação. De toda forma, o ponto de virada foi, num determinado momento, eu enxergar o que poderia agregar: ficção histórica que se passa no Brasil. Eu soube o que devia fazer.
CRIATIVOS – Há um mantra conhecido desde sempre, que a educação é a saída para o país progredir, para que possamos um dia viver num mundo mais justo e equilibrado. Esse pensamento sempre me remete a uma certeza: "a citada educação se traduz no estudo da História". Você acredita que o estudo da História contribui na construção da cidadania?
Víktor Waewell - Eu vou além. O equilíbrio psicológico de uma pessoa é muito determinado por ela conhecer o seu lugar no mundo. Para isso, é fundamental uma visão da própria história, dos antepassados, da terra natal. Nós, brasileiros, temos um buraco aí, que acaba preenchido com informações sobre outros povos. Estão no nosso imaginário Roma e Grécia antigas, Europa Medieval, diversos eventos cujos protagonistas são dos EUA. Nós nos compadecemos com o drama dos judeus no Holocausto ou de uma família americana durante a Grande Depressão, mas não com o dos africanos aprisionados em grandes senzalas brasileiras ou dos indígenas que viveram o apocalipse causado pelas doenças trazidas pelos portugueses. A carência de conhecimento da nossa História gera uma vala na cidadania, assim como no nosso equilíbrio psicológico.
CRIATIVOS – Alguns pensadores afirmam que a ficção histórica é eficaz para a absorção da história real. Na sua opinião, romances históricos deveriam constar do elenco dos livros didáticos nas escolas?
Víktor Waewell - Com certeza! Por sinal, já recebi mensagens de professores que usam o meu trabalho em sala de aula, normalmente lendo trechos para os alunos, e fico muito satisfeito. O que acontece com o estudo histórico tradicional é que, até pelo volume de informações, ele tende a ser organizado numa sucessão de eventos meramente políticos e econômicos. A gente ouve, por exemplo, que os portugueses vinham pegar pau-brasil e que senhores graúdos enriqueciam com engenhos de açúcar, mas isso parece distante, como se fosse em outro lugar. Não sabemos o que um rapaz que vivia numa aldeia fazia para conseguir uma garota, nem ouvimos sobre os deuses que chegaram da África ou o que havia na mesa da ceia de Natal da família na casa-grande. O diferencial da ficção é gerar identificação com aquelas pessoas, que não viviam como se fosse num passado distante ou de forma esquemática, aquela era a vida delas, no presente, com todos os seus sonhos e medos. A ficção histórica é um momento de entretenimento, em que a pessoa vibra, torce, sente a história, enquanto descobre os seus antepassados e, assim, a si mesma.
CRIATIVOS – Certamente você lê romances históricos. Quem você lê?
Víktor Waewell - O autor de que mais gosto é o Ken Follet, inclusive foi muito marcante ler Os Pilares da Terra no final da minha adolescência. É um autor que sempre me prende a atenção, o que acho crucial, pois é o que me tira do turbilhão do dia a dia. Também me inspiro muitíssimo na precisão do trabalho do Umberto Eco, um acadêmico que traz essa bagagem para a literatura. Amo a sensação de ler um conteúdo histórico sabendo que houve uma pesquisa séria, diferencial que procuro oferecer aos meus leitores. Já mergulhei na obra do Bernard Cornwell. Acho fantástico como ele encontra, em eventos grandiosos, o ponto de vista de personagens comuns, como o soldado raso, algo que também me inspira. Como dá para perceber, entre grandes autores do meu gênero, não cito sequer um brasileiro, o que me motiva a seguir desenvolvendo o gênero no nosso país.
CRIATIVOS – Você quando escreve pensa no perfil do leitor? Existe este "diálogo" com quem está na outra ponta?
Víktor Waewell - Eu trabalho para o leitor. Fico bastante honrado com cada um que me lê. Então, ao escrever, penso o tempo todo no tipo de experiência que estou buscando proporcionar. Quero gerar um leque de emoções e de reflexões, sempre imaginando os que leem de dia, os que leem antes de dormir, os que leem no metrô, às vezes de pé, as mulheres, os homens, as diferentes faixas etárias, se vivem no campo ou na cidade, e por aí vai. Faço ajustes grandes, às vezes micros, pensando na experiência que cada um vai ter. Sempre me surpreendo quando ouço sobre autores que não escrevem pensando no leitor, pois eu sinceramente não saberia fazer literatura de outro jeito.
CRIATIVOS - Seus livros são alentados, robustos. Mais de quatrocentas, quinhentas páginas. Te preocupa a concorrência de modernos meios digitais na disputa pelo leitor mais jovem?
Víktor Waewell - Para quem busca uma jornada emocional complexa, a escolha quase sempre é e continuará sendo formatos longos. Por mais que um poema ou uma história que se lê numa ponte aérea possam ser interessantes, é difícil comparar com a convivência com personagens por dias ou até semanas. Já adianto que sou suspeito, sim, aliás, sou da turma que concorda com o João Ubaldo, que dizia que livro bom é livro que fica em pé. Dito isso, é claro que, para o leitor moderno, é essencial o texto prender a atenção, para as páginas virarem com facilidade, senão fica maçante. Do ponto de vista de mercado, fazendo livros que param em pé, eu acabo produzindo menos títulos do que eu gostaria de lançar. Ainda assim, devido a uma experiência mais impactante, isso me parece ser compensado pela maior fidelidade do público. O meu caso é exemplo disso, se me permite. Embora eu tenha levado 3 anos para lançar o meu segundo livro, assim que avisei nas redes, ele foi, ainda em pré-lançamento, para a lista dos mais vendidos na Amazon.
CRIATIVOS - Se não fosse a literatura, em qual, ou em quais outras formas de manifestação artística você estaria envolvido?
Víktor Waewell - Eu me sinto atraído pelo audiovisual. Não é por acaso que os leitores comentam por aí que a minha obra parece pronta para ser adaptada para um seriado ou para a telona. Acho que eu raciocino um pouco parecido com o audiovisual, contando as cenas no aqui e no agora, como um roteiro. Acredito que, no momento certo, uma adaptação vai acontecer.
CRIATIVOS - Fale sobre algo do seu interesse que eu não perguntei:
Víktor Waewell - Convido todos a conhecerem o meu trabalho! Na Amazon, dá para baixar as amostras grátis e ver o que acha. E não deixe de me mandar mensagem nas redes, eu adoro! Agradeço demais a atenção aqui e à equipe da Revista Digital Criativos pela oportunidade.
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