Umbu, umbuzeiro, “árvore sagrada do sertão”
Teu nome “ymbu”, de origem tupi-guarani, ou “árvore sagrada do sertão”, como te chamou Euclides da Cunha em “Os Sertões”. Árvore centenária, com tuas folhas que desaparecem nos períodos de seca, mas que voltam a renascer ao cair das primeiras chuvas.
Marcas o tempo. O perfume que emanas de tuas flores brancas é o néctar que delicia as abelhas. Tuas raízes armazenam água nos longos períodos de seca. Tua copa, um triângulo arredondado, é albergue de sol e chuva do sertanejo. Assim sobrevives, ano após ano, adaptada ao sertão.
Umbu-cajá, cajarana, seriguela, umbuguela que carregas o umbu, ymbu, adaptado à flora sertaneja. Teus frutos do gênero Spondias, de inconfundível sabor agridoce, são coletados da natureza pelo vaqueiro, extrativista, agricultor familiar, agroecológico, que os transforma em geleias, doces, sorvetes, compotas e sucos.
Tua cultura de fácil manejo agrícola é o sustento de muitas famílias sertanejas. Ymbu, árvore que dá de beber, és o símbolo da Bahia. Tua figura de seis metros de altura é visível na Caatinga brasileira. Sobrevives muitas vezes rodeada de mulheres, que uma vez por ano
colhem tuas “cerejas”, com peso médio em torno de 18 gramas ou grandes como melões.
Adaptada aos longos períodos de seca do semiárido, alimentas as famílias, fortaleces a economia solidária, o cooperativismo, mantendo muitos jovens que trabalham no processamento.
As polpas de tuas frutas, cujo pico de safra dura de janeiro a março, são processadas na época da colheita e podem ser armazenadas para consumo ao longo do ano. Tuas folhas e tua fruta alimentam, também, os animais que acompanham o sertanejo.
Tua fruta é transformada em cerveja artesanal, no município do Uauá, na Bahia, pela cooperativa Coopercuc. A Gravetero é 100% umbu, seduz os provadores “e não se consegue beber mais outra”, ponderam os catadores.
Polpas, doces, geleias, com seus típicos sabores regionais, são exemplos de como o umbu está sendo introduzido na gastronomia brasileira.
Criada em 2004, a Coopercuc, formada por quase 300 cooperados, em sua maioria mulheres, exporta sua produção ecologicamente correta, orgânica, economicamente justa e viável, e te leva, o ymbu, árvore sagrada do sertão, até as Europas, mas também te apresenta na merenda escolar dos filhos da Caatinga.
Referências sobre o umbu:
Referencias sobre a Coopercuc:
Sobre Sylvia Wachsner:
Nascida no Equador, educação superior, em administração de empresas nos Estados Unidos e pós-graduação em administração (PMD), Harvard Business School, Boston, Estados Unidos.
Iniciou sua carreira no Citibank e trabalhou no Banco Popular do Equador como responsável pela sua internacionalização. Participou da reestruturação do endividamento das principais empresas equatorianas e, assessorou o Ministério da Fazenda, no relativo à dívida externa do Equador.
A partir de 1985 realizou consultorias para bancos internacionais e foi Gerente Geral, em Equador, de uma empresa produtora de camarão de água doce.
1988 a 1992 foi Cônsul-Geral do Equador no Rio de Janeiro.
1995 - Diretora da Sociedade Nacional de Agricultura, SNA, coordena os projetos OrganicsNet, rede de produtores orgânicos para acesso ao mercado, que contou com o apoio do BID/FUMIN e o Sebrae/RJ, e do Centro de Inteligência em Orgânicos que, também, obteve apoio do Sebrae. Dois projetos de referência no mercado orgânico brasileiro.
Palestrante em congressos e eventos, nacionais e internacionais, em empreendedorismo, a cadeia de produção orgânica, acesso e construção de mercados.
Participa anualmente do Agribusiness Seminar da Harvard Business School, assim como de outros cursos de reciclagem profissional.
Foi eleita pelo Conselho Nacional de Mulheres do Brasil uma das dez mulheres do ano, recebeu o título de Cidadã do Estado do Rio de Janeiro.
Membro e ex-coordenadora da CPOrg/RJ (Comissão da Produção Orgânica do Rio de Janeiro).
Membro das Câmaras Temáticas de Agricultura Orgânica e de Borracha do Ministério da Agricultura,
Ex-membro do diretório de alumni do Harvard Business School (Boston).
Membro da Academia Nacional de Agricultura.
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