Saudade dos Meus Botequins
Andando por Copacabana, seu bairro querido, ficou impressionado com o número de restaurantes existentes. Muitos bares também, mas botequins não encontrou muitos não.
Na verdade, e, com uma certa tristeza, pouquíssimos. Lembrou-se dos antigos de beira de calçada e, de repente, começou a cantarolar o samba do Pimentel e do Paulinho do Cavaco.
Por sorte, viu-se diante de um autêntico boteco. Entro, pediu uma cerva e reencontrou-se com a sua história.
Saudade dos meus botequins (Luís Pimentel/Paulo Castro)
Letreiro em neon, visual requintado,
Gerente enrustido, garçom afetado,
Carta de vinho no couro dourad
Camarão com sotaque, tofu defumado
É point da moda, não sai dos jornais,
Cheio de frescuras e espelhos vitrais,
“Toillete” exalando perfume e florais,
Pitboys e patricinhas falando demais (breque)
Em boteco de grife eu não piso jamais.
Eu sinto saudades dos meus botequins
Salão e cozinha pra lá de chinfrins
Feijão e mocotó fervendo na panela
E um gato dormindo em cima da janela
Pastel, empadinha e jiló na terrina
Banheiro com cheiro de naftalina
O porre, a paquera, a conversa fiada
E a dor de corno que virou piada (breque)
Nos meus botequins a vida era engraçada.
Eu sinto saudades dos meus botequins
A conta assinada num velho papel
Cardápio na porta escrito a giz
Azulejo pintado com um anjo no céu
O samba na mesa de mármore antigo
O ovo colorido enfeitando o balcão
A cerveja gelada tirando o juízo
E os sonhos cobrindo a serragem do chão (breque)
E no alto um São Jorge matando o dragão