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POR QUE ALEMÃES E JUDEUS FIZERAM AS PAZES?



José Roberto de Albuquerque Sampaio, advogado


Em entrevista publicada pelo jornal “O Globo” de domingo, 29 de outubro de 2023, acerca do conflito entre israelenses e palestinos, Yuval Harari faz uma proposição que me levou a refletir. Disse: “Há sete, oito décadas, os alemães assassinaram das formas mais atrozes seis milhões de judeus. E hoje Alemanha e Israel são fortes aliados. Se foi possível, num espaço de tempo relativamente curto depois do Holocausto, que alemães e judeus se tornassem amigos, então tudo é possível”.


De fato, surpreendente. Como puderam os judeus, vítimas do holocausto, superar os traumas, as dores e os prejuízos causados pelos crimes praticados pelos nazistas, hoje se transformando em aliados, parceiros de negócios dos alemães?


A meu ver, um ponto de partida, para reconciliação entre o povo alemão e o judeu foi a derrota do nazismo. A erradicação deste movimento político, pela morte ou prisão de seus líderes, permitiu que o povo alemão se libertasse da catarse nazista, causa primordial do holocausto.


Outro marco relevante: a reconstrução da Alemanha. A experiência da primeira guerra mundial ensinou aos vencedores que o melhor caminho para o reestabelecimento da paz mundial duradoura não é castigar, economicamente, o vencido. Não é impingir ao derrotado, sozinho, os ônus da guerra. O acordo de Londres, em 1953, entre a Alemanha e seus principais credores, EUA, Grã-Bretanha e Franca, reduziu drasticamente a dívida alemã, relacionada ao ressarcimento dos prejuízos da guerra, criando condições para seu pagamento bastante favoráveis, o que veio a ocorrer de forma antecipada, já nos anos 60.


Nesta conjuntura de equalização de dívida, aliada aos investimentos americanos em infraestrutura, no pós-guerra, e ao resgate das liberdades individuais, próprias do sistema democrático, o povo alemão foi capaz de reerguer seu país. Hoje é um exemplo para o mundo de civilidade e desenvolvimento econômico. E o soerguimento da economia alemã criou condições favoráveis para uma aproximação com o povo judeu.


Após a criação do estado de Israel, em 14 de maio de 1948, David Bem Gurion, líder sionista, um dos heróis fundadores de Israel, mantinha-se firma em sua política de incentivo à migração de judeus para seu território. A migração em massa de judeus para esta região, justificável sob o ponto de vista do ideal sionista, causou uma séria crise econômica. Não havia recursos para atender às necessidades de um crescimento populacional tão vertiginoso.


Bem-Gurion, neste contexto, aproximou-se de Konrad Adenauer, líder histórico alemão no pós-guerra, que acenava com a possibilidade de a Alemanha indenizar os judeus por suas perdas na segunda grande guerra. O acordo de Luxemburgo, alcançado em 1952, que estabeleceu condições de pagamento de indenizações e devolução de bens pelos alemães, foi um importe passo na reaproximação destas duas nações, ao contribuir para o equilíbrio das finanças israelenses, em um momento crucial, em que o novo estado se afirmava como potência militar no oriente médio.


A aproximação entre os dois países se intensificou a partir daí. Os alemães passaram a fornecer armas a Israel, o que culminou com o estabelecimento de relações diplomáticas plenas em 1965, apenas 20 anos após o fim do holocausto. De lá para cá, a relação entre alemãs e judeus se fortaleceu e parece ter encontrado seu ponto de equilíbrio.


Este resumo, destacando apenas os acontecimentos históricos mais relevantes, retrata bem a dinâmica da reconciliação entre dois povos outrora inimigos figadais. Quem, à época, poderia supor que a Alemanha e Israel se tornariam nações amigas? Algo inimaginável para quem viveu o pós-guerra.


O exemplo de reconciliação entre judeus e alemães, pode servir, como destacado por Yuval Harari, como um exemplo de que “tudo é possível”. O conflito entre israelenses e palestinos, apesar de todos os obstáculos, em algum momento, encontrará uma solução.


Lembro que nenhum povo, em toda a história, permaneceu em guerra para sempre. A guerra que mais durou, segundo os registros históricos, foi a chamada guerra dos 100 anos entre ingleses e franceses – que, em verdade, ocorreu entre 1337 e 1453. A guerra entre judeus e palestinos, contados, como marco inicial, os primeiros conflitos ocorridos desde a reocupação da palestina, no início do século XX, já é quase centenária. Em algum momento, esta disputa terá fim, pois o passar do tempo é um remédio eficaz para o mal que representa o flagelo de uma guerra. Não se pode perder a esperança na paz.


José Roberto de Albuquerque Sampaio, especial para CRIATIVOS!

 

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