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Para superar o preconceito




Não é fácil superar preconceitos arraigados na cultura de um povo. A presente preocupação de se promover uma igualdade de tratamento entre todos os brasileiros e especialmente, um bom acolhimento e integração aos imigrantes, deve se traduzir em políticas inclusivas mais eficazes. Recentemente foi noticiado o covarde massacre de um imigrante congolês. Mas os casos que não sabemos? Como vivem os imigrantes , muitas mulheres bolivianas em condições de semi-escravidão em ateliers de confecção em em São Paulo? E os haitianos que aqui procuraram refúgio , muitos na Amazônia ou mesmo os milhões de venezuelanos?


O descaso com os imigrantes é ainda maior que o descaso com os brasileiros e serve para mostrar o quanto temos ignorado a importância de tratar bem estas pessoas que para aqui acorrem fugindo de situações dramáticas. Eles podem ser um fator importante no desenvolvimento nacional, como foram no passado, portugueses, espanhóis, italianos, sírios-libaneses, judeus, japoneses e outros. Agora podemos vir a ter ucranianos. O que se prepara para acolher esses contingentes ?


Um filme de sucesso no streaming é o Manual do Motorista Negro que narra a história de uma tournée do pianista negro Don Shirley pelo sul dos Estados Unidos em 1962, ele já consagrado, mas enfrentando todo tipo de proibição como frequentar certos restaurantes, usar os mesmos banheiros dos brandos ou se hospedar nos mesmos hotéis.


Por aqui as coisas foram um pouco mais disfarçadas mas não muito, como se observa ao ao se ler no O Globo de 3/4/22 a matéria " Em 1921, a farsa da democracia racial brasileira".


Reportando-se a fontes históricas, a matéria mostra o esforço conjunto de entidades do governo brasileiro e instituições civis para abortar a tentativa de uma imigração de famílias negras direcionada para o Mato Grosso.



Músicas para ouvir à tarde... escute!



O Ministério das Relações Exteriores , o Instituto de Advogados do Brasil e até a Câmara de Deputados foi mobilizada para impedir a proposta autorização, tendo havido projeto de lei ( felizmente não acolhido) de um deputado paulista extremamente combativo, por sinal ex - abolicionista- chamado Cincinato Braga, para impedir a emissão da licença. O projeto dizia no seu artigo 1o: "Fica proibida no Brasil a imigração de indivíduos humanos da raça da cor preta".


Isso tem apenas 100 anos e era produto de uma geração de filhos de pais republicanos como o nome Cincinato, inspirado no nobre patrício romano, aponta. Contemporâneo da família retratada por Iza von Bingen no seu precioso, "Os meus Romanos", livro epistolar que narra sua estadia como preceptora de uma rica família paulistana cujos filhos tinham nomes inspirados da Roma Clássica.


Ou seja, republicanos no papel mas não na prática social como aliás George Washington que só liberou seus escravos post-mortem no seu testamento ou mesmo o grande exemplo de cientista, homem político e humanista Thomas Jefferson, bem à vontade com seu serralho.


As extremamente agressivas cobranças identitárias segregacionistas , precisam ser enfrentadas com mais eficazes políticas de inclusão social, cotas em universidades, empregos em grandes indústrias e órgãos públicos , integração desde a escola primária para que levemos nesta nossa geração, nossa sociedade deste estigma desumanizador.


 

Que Samba Bom! Ouça!



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