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Páscoa



 

       Estive lendo o livro Jesus, escrito por Jean Christian Petitfils. Como biografo, ele busca o Jesus histórico, mas, através da delicada exatidão de sua inteligência, faz comparações entre o que nos foi passado pelos 4 evangelhos, observações sutis e esclarecedoras sobre fontes históricas em relação `a tradição religiosa que nos foi ensinada, mostra com acuidade o perfil psicológico dos personagens mais significativos por fontes realmente históricas, e vem afirmar Jesus apontando também fatos que reapresentam o seu mistério. Um mistério que os céticos facilmente descartam como dogma e a maioria dos fieis transforma numa repetição de palavras que dizem mecanicamente em suas orações.


Mas a verdade é que tão mais se pensa no que o Mestre falou e nas circunstâncias em que falou, o mistério aumenta.  Somente em Jesus, a convicção de ser passaporte para Deus vem de mãos dadas com a humildade extrema. Longe então de qualquer megalomania, ele tinha a convicção do que ele realmente era, e só assim se explica o seu comportamento paradoxal e em grande parte destruidor de regras até mesmo religiosas. Só Jesus, sempre grato ao Pai, conseguia ver dadivas na vontade divina, lições espirituais na simplicidade da natureza, chamando aqueles que temiam pelo futuro e queriam assegurar o seu bem-estar adiante do presente, como “homens de pouca fé.” Sua declaração “Vosso Pai sabe do que precisam antes que vocês lhe peçam”, é a expressão do verdadeiro estado de graça, da paz com o que acontece independente de nossa vontade, da confiança absoluta que, tal o abandono das flores, são mais bem “vestidas” por Deus do que Salomão em sua riqueza.


Jesus era o príncipe da paz, mas se considerava portador da discórdia entre os que o seguiam e suas famílias. Era um espírito reverente, agradecido, e ao mesmo tempo transgressor. Sua autoridade vinha de si, ao mesmo tempo que, sobre-humana, manifestava a mais rigorosa obediência ao que o Pai lhe designara. Ao além, no qual ele tinha visão privilegiada por não temer encarar o seu próprio coração, ao invés de fugir deste através das fórmulas religiosas que serviam a todos.


Jesus, como dizia Oscar Wilde, foi o primeiro individualista. Pois assim como se sabia escolhido, olhava cada pessoa como única. Equilibrava flexibilidade, no sentido humanitário, e rigor, ao submeter-se ao que transcendia, chegando mesmo a infringir por fins apaixonados ou humanos o quarto mandamento, assim como as proibições do Sabbath e igualmente a pratica da oração da boca pra fora, quer dizer, a hipocrisia. Elevou a verdade que sai da boca das criancinhas sobre as regras dos poderosos a quem comparou a túmulos de fachada branca e corrupção interna. Para ele o que contava era o mundo invisível de cada um, ao invés do que faziam em prol da imagem que queriam dar a outros.


Diante de sua figura paradoxal, que por ser tão humana não gera regras absolutas de comportamento, como a inatividade no Sabat, o tomar votos eternos, a não agressividade (ele mesmo chicoteou os vendedores no templo) achei brilhante o livro Jesus, de Jean Christian Petitfils, escritor que escreveu a biografia de várias figuras históricas.


       Carl Jung acusa as celebrações puramente convencionais, como Natais materialistas e comerciais, em que não se pensa em Cristo e só se responde `a obrigação de dar presentes e encher a barriga. Segundo Jung, é necessário não perder de vista o verdadeiro motivo a ser celebrado, pois só assim os arquétipos são ativados, quer dizer, o caráter sobrenatural que tanto eles, que partem das figuras que deram origem `as datas celebrativas, quanto estas, devem ter. Então, quando me dei conta de que a Pascoa está tão perto, resolvi traduzir a conclusão do livro de Petitfils como inspiração para a data mais importante do Cristianismo.


Neste livro, o Mestre aparece, nas palavras do escritor, como um profeta desconcertante que ameaçou e irritou especialmente os ricos, as autoridades religiosas, e os sacerdotes poderosos de Jerusalém. Frequentava marginais e denunciava as práticas religiosas vazias. Não era nem um revolucionário político e nem um professor de moral. Se encoraja subversão, é a do amor divino, que ele manifesta através de sua pessoa. Fato espantoso que do povo judeu, no seio da religião mais monoteísta possível, um homem crucificado como escravo seja elevado aos altares. Nada equivalente é encontrado no judaísmo da época, que tem horror a toda divinização humana.


Jesus é o messias inesperado, o servo sofredor, o justo, a ovelha que se deixa conduzir ao matadouro citado pelo profeta Isaías, diz Petitfils.


Abatidos com a prisão de seu mestre e com a tragédia de Gólgota, os discípulos foram destruídos pela morte ignominiosa de seu Mestre. S.Pedro o negou e todos os outros, com a exceção de João evangelista, fugiram apavorados. Mas estranhamente, tudo começou ali.

Narrando a vida de seu Mestre, os discípulos tomaram por missão atestar a identidade e a continuidade entre Jesus de Nazaré e o Cristo ressuscitado, cortando assim o caminho de uma espiritualidade piedosa, atemporal, sem fundamento nem raízes históricas.


Aquela manada de fugitivos assustados foi subitamente transformada, não num grupo de fanáticos hipnotizados, mas em homens livres, ardendo de convicção, prontos a dar a vida para anunciar as boas novas por todos os lados. Tomados por um acontecimento inédito - o deslumbramento da Páscoa - cheios de alegria e de espanto, cheios da certeza absoluta de terem encontrado vivo o seu mestre, de o terem visto depois da sua morte, de o terem tocado, de terem comido na sua companhia, tornaram-se testemunhas de uma verdade libertadora, convencidos de que a cruz não foi o fim, mas o início da esperança. Graças a eles, o movimento missionário assumiu uma escala global.


Como podemos então pensar que eles eram simples confabuladores, mitômanos, vítimas de alucinações? Trataram de um fenómeno único, que o historiador, munido apenas do seu conhecimento, não consegue penetrar. Deste ponto de vista, o Jesus da história, ao qual os discípulos se referem, permanece um enigma, um mistério insondável.

"Para vocês, quem sou eu?" ele lhes perguntou.


Mais de dois mil anos depois, a questão ainda surge. Cabe a cada pessoa, em plena consciência, responder.”


Devo dizer aqui que as especulações sobre a Ressurreição, a partir de relíquias cristãs que cobriram o corpo e o rosto de Cristo antes, durante, e post mortem, coincidem na confirmação todo o sofrimento pelo qual ele passou desde que foi preso: as chibatadas romanas, a lança que perfurou seu corpo na cruz, as feridas da coroa de espinhos, as do rosto, as quedas que sofreu no caminho em que carregou a cruz, se equivalem em relação ao que cobriram de seu corpo, mas nem são necessárias diante da conclusão final, das observações carregadas de sentido e das equilibradas e justas perguntas do autor,  que colocam quem carece de fé contra a parede.


Mas em relação a Jesus, minha posição é a mesma de Simone Weil: a santidade dele se basta pela vida que levou e pelo que ensinou, independentemente de seus milagres, da Ressurreição, e da divina concepção. Ao contrário do judaísmo, a santidade não precisa separar-se da dimensão humana através de milagres que podem parecer a muitos como golpes de “mágica”. O maior milagre na minha opinião foi a bondade ilimitada e sobre humana de Jesus, a sua coragem divina, a sensibilidade poética e agradecida diante da criação, a denuncia da hipocrisia e da autoimportância, e a sabedoria que viu nas criancinhas. O resto é lucro. Até mesmo a Ressurreição, havendo ou não ocorrido de fato, se cumpriu em espírito, eternizando Jesus neste mundo e o renovando a cada dia para todos que se cansaram de rezar como cumprimento de uma obrigação, ou com a finalidade de obter favores, e decidiram pensar nele por si mesmos e livremente.


De qualquer modo, há uma exposição, “The Mystery Man” sobre essas relíquias e o corpo reconstruído de Jesus na cruz através delas, que está percorrendo os cinco continentes. Embora a exatidão tecnológica limite a imaginação e traga o estigma da repetição de tudo que vem a ser submetido e mantido na ordem temporal,  afora o fato da possibilidade desses achados não virem mesmo das relíquias de Jesus, estou pronta para vê-la quando chegar aos Estados Unidos. No momento, tento encontrar a missa pascal em Latim por aqui.


Quero também chamar atenção para a brilhante análise que Petitfils faz de personagens marcantes, como São Pedro, Herodes, e Pilatos. Quando se pensa que este ultimo, como romano, considerava os Césares divinos, se atina para a entrevista absurda e tragi-quase-cómica entre ele e Jesus, quando o primeiro, sem sombra de compaixão pelo prisioneiro que quase matara com a surra de chicotes a que o sentenciou, só queria se garantir vis a vis dos “deuses” terrestres, quer dizer, da força bruta, e o segundo só se reportava a um reino que não é deste mundo, `a força do espírito e da bondade.  Ámen.


E a propósito de Petit Fils concluir o livro citando a pergunta de Jesus aos apóstolos: "Para vocês, quem sou eu?" E continuar dizendo que : Mais de dois mil anos depois, a questão ainda surge. Cabe a cada pessoa, em consciência, responder.”


Me atrevi a responde-la nos versos que escrevi quando fui a Israel, sob o título “Who are You?” e que talvez já tenha publicado neste site. Jesus era divino.


 

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