Orgulho Besta
Um dos meus maiores orgulhos foi ter conseguido chegar aos 51 anos que conto agora - e que espero ultrapassar, se a atual peste não atrapalhar meus planos - sem ser especialista em nada relevante! Não há um único assunto sério em que eu possa ser considerado um grande entendedor.
Resisti heroicamente à tentação de me tornar um expert em qualquer coisa importante, ainda que tenha transitado e ainda transite por temas diversos. Aprendi muito sobre coisas notáveis, como as muitas áreas da Agronomia (das quais raramente fiz uso prático), o samba carioca, as geografias carioca e do mundo quase todo, o romance policial francês do século XX (com foco no Simenon, por favor), a literatura policial brasileira da última virada de século (Garcia-Roza especialmente...), gestão pública, licenciamento ambiental.
O conhecimento específico traz junto um conjunto de responsabilidades com as quais eu não sou capaz de arcar, mas um de meus outros grandes orgulhos é conhecer especialistas de um número quase infinito de áreas, com os quais me acostumei a dividir bancos de escolas e universidades por onde andei e estudei, balcões de bar, copos de cerveja, pratos em restaurantes, rodas de samba, rodoviárias, aeroportos, análises de projetos no trabalho e, muito mais recentemente, mensagens quase diárias em redes sociais.
Num tempo em que pululam especialistas formados no Whatsapp e no Facebook, meu orgulho só aumenta, porque os especialistas das minhas listas de amigos são daqueles tradicionais, com mestrados e doutorados nas melhores universidades do Brasil e do Mundo.
Podendo consultá-los a quase qualquer hora, eu posso seguir dando os meus palpites e dividindo com eles o que eu sei, como as estações da linha 1 do metrô de Paris, o repertório do Chico Buarque ou do Zé Keti ou ainda todas as afluentes das margens direita e esquerda da Nossa Senhora de Copacabana. As linhas de ônibus do Centro e da Zona Sul do Rio eu sabia, mas mudaram muito. Ah, as estações de trem de todos os ramais (em Caxias só até Gramacho!) e as ruas do Centro eu ainda sei todas.
Se cada um que toma decisão se ativesse à sua capacidade e, em caso de desconhecimento, ouvisse os especialistas, seria tudo muito mais fácil. Pra não perguntar besteira pros amigos, por exemplo, eu mantenho uma razoável bibioteca em casa (uns 3500 volumes...).
Quem precisar saber alguma transversal da NSra, estamos aí!
É só uma crônica. Não sou especialista também.
EXPLICANDO
Há pouco mais de dois anos, quando ainda vivíamos o início da pandemia de Covid, ainda sonhando que aquilo acabaria logo, mas já conscientes de que o enfrentamento do problema seria muito dificultado pelo governo de que dispúnhamos na época (e que só agora se aproxima do epílogo!!), escrevi essa cronicazinha despretensiosa, baseada em coisas nas quais continuo acreditando, ainda que não recomende como dogma pra ninguém. Hoje já conto 54 invernos, estamos saindo (parece, não se sabe ao certo...) da pandemia e entrando em outra e a vida segue. Esses princípios, no entanto, repito, ainda me são caros.
Um abraço.
Rio de Janeiro, agosto de 2022.
O que se canta por ai...
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