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O que buscam os visitantes de museus e quem são eles?




É bem possível que sua primeira visita a um museu tenha ocorrido em um passeio com a escola. Talvez a dita visita, para além de uma saída de campo tenha se constituído em um trabalho escolar, no qual você teve que responder a várias questões sobre as exposições ou ainda sobre o que disse o mediador – provavelmente chamado naquela época de “guia”.


Não há nada de errado com as visitas escolares aos museus, antes pelo contrário, é uma excelente oportunidade para promover a aproximação entre os alunos e o patrimônio, seja artístico, histórico, científico, que os cercam.


Como gestora de um museu de história tenho tido a grata satisfação de observar cada vez mais famílias levando suas crianças ao museu. E, em casos mais raros, pais e filhos que se converteram em visitantes periódicos.


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Se por um lado a instituição precisa se preparar para estas visitas, em especial as escolares, dado o número simultâneo de pessoas a ingressarem nas salas, por outro as escolas devem também assumir a visita ao museu como um momento que deve ser prazeroso e de troca de saberes, preparando a turma para essa experiência – que na concepção de Larrosa é tudo aquilo que nos atravessa, que nos faz elaborar a vivência ocorrida.


Por menores que sejam os visitantes, noções de patrimônio, de acervo e do que é um museu são temáticas a serem tratadas previamente, para aguçar a curiosidade.

Já o museu deve saber o máximo de informações sobre o grupo que receberá e ter a preocupação de realizar estudos de público com os alunos e com os professores, de modo a compreender como transcorreu a experiência. Por outro lado, dar retorno à escola também é importante, tanto do ponto de vista da socialização das avaliações realizadas, quanto do ponto de vista do museu também analisar a participação da escola na ação proposta, incluindo informações sobre como foi a participação do professor na atividade mediada, se os alunos haviam recebido preparação prévia, se o tempo destinado ao museu foi suficiente para que a proposta educativa fosse executada a contento.


Neste pós-pandemia, observa-se, com frequência, uma ânsia por atividades fora da sala de aula e não raras vezes a saída de campo é um verdadeiro tour por várias instituições em poucas horas, precarizando o contato dos alunos com o que lhes é apresentado. Esse tipo de visitação, onde as crianças não têm a oportunidade de explorar as salas, de interrogar os objetos, de serem apresentados a eles a partir de um programa pedagógico apropriado, poderá gerar pessoas desinteressadas pelo patrimônio ou com a ideia distorcida de que museu é lugar de coisa velha.


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Visitantes leem os textos das salas de Exposição?

Depende do texto. Se não for excessivamente longo, se for compreensível e tiver uma linguagem fluida e com o uso de uma fonte agradável para a leitura a uma certa distância, sim, os visitantes leem.


Não é uma construção fácil essa produção textual para que não seja simplória ao ponto de tratar o leitor como acéfalo e tampouco rebuscada ou carregada de termos técnicos sem “tradução”. Muitas vezes, a pesquisa para a exposição é o que vira texto de parede, de totem e acaba não sendo atrativa. Contudo, nada dá mais prazer a quem produz conteúdo para uma sala do que ver o público devorando o texto, as etiquetas e voltando o olhar para o acervo a ser decifrado, cheio de curiosidade.


No Museu Julio de Castilhos, em Porto Alegre, usamos as câmeras de segurança para monitorar o impacto dos textos das exposições. É possível acompanhar quais estão atingindo seus objetivos e quais geram pouco ou nenhum interesse. Esse dispositivo contribui para que se pense em alternativas ou se mantenha determinado critério, como por exemplo, o número máximo de linhas.


Viver o museu : uma busca por experiências

Se por um lado a indústria cultural de massa transformou tudo em espetáculo, observa-se um número crescente de pessoas que passaram a frequentar museus.

Não se trata de um interesse súbito, surgido a esmo e se pode atribuir às redes sociais, dispositivos muito eficazes na comunicação com o público e as campanhas que as instituições passaram a desenvolver, como um dos fatores que aproximou pessoas de todas as idades dos lugares de memória, de arte etc.


Na busca por fidelizar o público, os museus vem se especializando em comunicação museal, planejando melhor suas ações, pautando seu calendário de exposições e organizando seus espaços para produzirem boas experiências, lembranças e recomendações de seus visitantes.


Apesar desta busca pelo contato com o patrimônio, no caso do Museu Julio de Castilhos (RS), o perfil dos visitantes vem mostrando uma tendência na última década: mais de 65% dos visitantes possuem ensino superior completo e/ou pós-graduação, são na imensa maioria brancos e mulheres e originários do próprio estado. Em agosto de 2022, apresentam-se os seguintes dados, obtidos a partir da pesquisa de público com respostas espontâneas de 277 respondentes no período de 01 a 27/08/22: escolaridade – 43,4% superior completo; 14,2% pós-graduados; 13,5% superior incompleto; 13,9% ensino médio; fundamental completo 0,7%; fundamental incompleto 6,7% e técnico 3%.


Dentre estes, 80,5% declaram-se brancos; 10% pardos; 6,2% negros; 1% amarelo e 2,4% indígenas. Quanto ao gênero 61,4% declaram-se do gênero feminino, enquanto 38,9% masculino.

Ressalta-se que a presença de indígenas entre o público deve-se ao fato de o Museu ter potencializado sua exposição sobre o tema e promovido ações vinculadas com a participação deles, criando deste modo um espaço-referência da memória dos povos originários para Mbyá- Guaranis e Caingangs, especialmente.


As experiências dos visitantes são individuais e cada um a vive em maior ou menor intensidade, contudo, cabe destacar que os públicos periféricos e os pobres continuam não frequentando esses espaços, logo, a elite se mantém como a grande fruidora do patrimônio, enquanto as massas excluídas, na maior parte das vezes não se vê digna ou não tem condições econômicas para chegar, em geral, aos centros das cidades onde se situam os museus.


Planejar a mudança desse fluxo patrimonial passa, inexoravelmente, por políticas públicas que pautem a cultura e seus espaços como elos de cidadania e pertencimento, em cumprimento ao direito constitucional de acesso à cultura, que deve ser para todas as pessoas.


Doris Couto

Mini Bio: Diretora do Museu Julio de Castilhos (RS). Doutoranda em História, Teoria e Crítica da Arte(UFRGS), Mestra em Museologia e Patrimônio(UFRGS). Graduada em Museologia(UFRGS). Especialista em Políticas Culturais de Base Comunitária(FLACSO/AR).


 

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