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SANGUE E NEURÔNIOS, por Léo Viana


Léo Viana

Chegamos a este ponto por caminhos diversos. Não, não é mais uma avaliação de conjuntura ou avaliação do período especial em que nos metemos de 2016 pra cá, com o domínio definitivo das milícias e a ascensão da República do Rio das Pedras ao centro do poder. A ideia é dar uma abrangência maior.


A humanidade verteu muito sangue e neurônios para chegar até aqui. E é quase consensual que gastamos mais neurônios que sangue. Muito tempo se gastou, inclusive, pensando em formas de fazer verter mais e mais sangue.


A indiscutível inteligência dos grandes generais da antiguidade foi utilizada pra conquistar e matar, não necessariamente nesta ordem. Sem neurônios com capacidade espetacular, Aníbal não teria chegado a derrotar Roma, como fez; Átila não teria sido o “flagelo de Deus” e Genghis Khan não teria dominado grande parte do mundo então conhecido e deixado uma quase infinita descendência – você provavelmente tem um gene dele – tendo saído da Mongólia, que até hoje é uma espécie de “São José dos Ausentes”[1] do mundo: é frio, alto, tem pouca gente, poucos sabem onde fica, enfim, segue sendo um segredo bem guardado.


As grandes obras físicas deixadas pelos antigos, resultado reconhecido ainda hoje de notória capacidade de elaboração tem, em paralelo à genialidade, sangue nas fundações. Sejam as pirâmides do Egito, o exército de terracota, a Roma antiga ou as igrejas de pedra da Etiópia. Foi preciso um renascimento inteiro e todo um iluminismo pra que se concluísse (e não definitivamente...) que era possível deixar um legado pra humanidade sem tiro, porrada e bomba ou os equivalentes da época.


Lamentavelmente, de vez em quando é preciso voltar ao assunto para que uma parte de nós não caia na tentação de substituir o intelecto, o engenho humano, pela força bruta. Ou ao menos de priorizar a força em detrimento da capacidade que anos de evolução nos concederam.


Mas nada é tão simples.


Ao mesmo tempo em que intelectuais e alguns dos maiores artistas do século XX faziam a arte que marcaria os anos seguintes, milhões de jovens se matavam nos campos de batalha da primeira grande guerra. Milhões de indianos, vietnamitas e africanos de diversas latitudes eram recrutados como soldados para lutar em uma guerra com a qual não tinham qualquer relação.

Finda aquela guerra e não findo o colonialismo europeu, França e Inglaterra, mas também Bélgica, Espanha, Holanda, Portugal e Alemanha mantiveram, por anos, desumanas ocupações coloniais, banhadas por sangue inocente e nem de longe aparentadas da arte e da elaboração teórica e científica que se fazia em seus países.


Nem é preciso falar na segunda guerra, na Coreia, no Vietnã, nas guerras civis espalhadas por aí, na absurda quantidade de massacres promovidos pela humanidade, em plena era do conhecimento. Há quem advogue a favor do conhecimento gerado em paralelo aos conflitos. Coisas como a penicilina e a telefonia celular. Eu, cá comigo, acho que chegaríamos lá sem matar tanta gente.


Hoje, numa dessas curvas da história, se mata outra vez por razões religiosas como na idade média e por razões étnicas ou territoriais como nas guerras púnicas, ao mesmo tempo em que se discute o 5G ou o 6G ou se chega rapidamente a uma vacina para a pandemia da hora.


E agora sim, voltamos à temática local.


Num Brasil que parece disposto a raciocinar como se raciocinava antes do iluminismo (época em que, aliás, não havia Brasil e nossos conterrâneos daqui viviam no que havia de mais próximo ao paraíso pretendido pelos religiosos) nossas polícias matam por esporte, em outra guerra étnica, mas nossos generais, alçados a burocratas incompetentes, parecem incapazes de guerrear.


Respondem por mortes não violentas, derivadas da pusilanimidade, da notória incapacidade de tomar decisões assertivas. Nem sangue, nem neurônios.


Talvez não cheguem a ser o flagelo de Deus. Alvíssaras! Ostentam até pendores religiosos.

Mas são o flagelo de Darwin.


 

[1] São José dos Ausentes é uma cidade do Nordeste do Rio Grande do Sul, considerada a mais fria do Estado, situada a 1200m de altitude, na região conhecida como “Campos de Cima da Serra”. Possui área de 1175km2 e pouco mais de 3500 habitantes.

 

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