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DINALVA

Paulo Castro, para CRIATIVOS!



Paulo Castro, o Paulinho do Cavaco

Nunca parou no Caruso, bar onde a turma da rua se reunia. Para tomar sua cerveja e seu conhaque, preferia o pequeno botequim da galeria. Chegava mais ou menos às nove da noite, dirigia-se para o fundo do balcão. Boa noite, Manoel! Não precisava pedir: as bebidas eram trazidas pelo próprio dono, que lhe dedicava uma atenção especial, já que, de vez em quando, se servia dos seus serviços profissionais, o que gerou, entre eles, uma bela amizade. Viúvo, sem filhos, morando sozinho, não tinha de dar satisfação pra ninguém. Boa noite, Dinalva!


Mulher madura, pequenos traços de envelhecimento no rosto, olhar cansado, mas firme e um sorriso aberto, que encantava quem o recebia: tinha um perfil agradável. Enquanto bebia, gostava de observar, discretamente, os clientes que ali paravam e o movimento da rua. Era cumprimentada por alguns que a conheciam de vista, mas evitavam se aproximar, respeitando a sua privacidade. A única vez que saiu do seu espaço e se envolveu em confusão foi para livrar um menino das mãos de um segurança da rua, que o agredia. “Se ele furtou, chame a polícia. Bater não pode, gritou!”. Sua fala fez efeito, apoiada por outras, e o garoto, que não tinha culpa provada, foi solto, sem antes ouvir várias ameaças caso retornasse àquela rua. Esse fato possibilitou a aproximação de Jardel com ela.



 

Ouça a música SAUDADES DOS MEUS BOTEQUINS, com Tomaz Miranda.

Repertório Cedro Rosa. Música de Luís Pimentel e Paulinho do Cavaco,

ja nas plataformas digitais.

 

Quando lhe dirigiu a palavra pela primeira vez, sentiu uma receptividade amistosa, porém desconfiada. Falou que tinha presenciado o acontecido, e elogiou sua atitude. Ela reconheceu nele a primeira voz que se colocou a seu lado criticando a ação violenta e desnecessária do cão de guarda da elite burguesa, como o adjetivou o estudante de História e socialista Jardel. Aceitou o copo de cerveja que ela lhe ofereceu, dizendo que a próxima seria dele. Quis saber o que a fez defender o menor. Ela disse que era moradora de comunidade, conhecia várias crianças naquela situação e sentia muita pena delas. Ajudava como podia, mas podia pouco. Olhou o relógio, desculpou-se, pagou a despesa, deu um tchau carinhoso pro Manoel e outro para ele, que ainda perguntou se não ia tomar um copo da cerveja que pediu. Ela agradeceu dizendo que tinha de trabalhar, caminhou até a Avenida Atlântica para assumir seu posto no calçadão.


Várias noites, largou o Caruso, a turma e foi ao botequim tomar uma cerveja com ela. Dinalva era boa de conversa, demonstrava um certo estudo, sabia falar e ouvir. Só não contava nada da vida pessoal. Única vez, foi pra falar do filho, estudante de engenharia da UERJ, que morava com a avó no Engenho Novo. Mostrou a foto, os olhos se encheram de lágrimas, deu um gole na cerveja, abandonou a garrafa pela metade, não se despediu, saiu sem pagar e dirigiu-se a passos rápidos para o local de trabalho. Quis pagar a despesa dela, mas seu Manoel, que, do caixa, assistiu à cena, disse que aquela era “da casa”.


Criaram uma amizade apesar da diferença social, o que, pra ele, não fazia a menor diferença. Ela já aceitava um copo da sua cerveja, achava graça de algumas histórias que ele contava e ria das próprias, principalmente, daquelas nas quais se deu mal. E foram muitas “É a escola da vida! Pra quem sabe ler, pingo é pingo, letra é letra”, costumava dizer. Gostava de música, tinha todos os cds de Elis e sabia cantarolar os versos de “O bêbado e a equilibrista”. “É A e não O, como muita gente diz”, afirmava. O hino da anistia, informava, exultante, Jardel.


 

de Paulinho do Cavaco.Faz parte do CD "Roda de Samba no Bip Bip".

Discos Cedro Rosa. Disponível para trilhas sonoras.

 

Férias na Faculdade, ele viajou a Cuba. Na sua cabeça, para a sua formação socialista, era importante conhecer a “Ilha”. Quando retornou, depois de contar e recontar pra familiares e amigos as suas aventuras, passou pela esquina, conversou um pouco, tomou um chope e foi até o botequim. Não encontrou, no caixa, seu Manoel. Em seu lugar, um jovem cearense de nome Alencar. “Comprei o boteco.”. Não sabia o que dizer. Perguntou: “E o seu Manuel?”. Na verdade, queria mesmo é saber da Dinalva. “Seu Manel? O Seu Manel foi pra Portugal.”. Insistiu: “E a Dinalva? Tem aparecido?”. O cearense sorriu e disse: “Foi pra Portugal também”. “Você é o Jardel? Ela deixou um bilhete pra você.”.


Abriu a gaveta e puxou um pequeno cartão colorido. Nele, poucas palavras: “Voltei a amar. Juntei com o Manoel. Estou feliz. Obrigada por tudo! Cuide-se! E lembre-se: O bêbado e a equilibrista. A e não O.”


Refeito da emoção e da surpresa, pediu uma cerveja e um conhaque, foi para o fundo do botequim bater um papo imaginário com a lembrança de Dinalva. Bebeu a cerveja, pagou a conta e foi embora. O conhaque ficou intacto no balcão do bar esperando por ela.



 

Escute as melhores playlists no Youtube e Spotify.

Repertório Cedro Rosa.



CD Roda de Samba no Bip Bip / Youtube



O Melhor da MPB / Youtube






Partido Alto, chega quem sabe chegar - Spotify

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