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As 5 estórias curtas de Helio Paulo Ferraz...Leia Desenlace.

Playlists com Didu Nogueira, Jorge Simas e Edu Kneip na Spotify e Youtube





Hélio Paulo Ferraz

Hélio Paulo Ferraz, para CRIATIVOS!


“LUGAR PROIBIDO”

Cinco histórias curtas de Hélio Paulo Ferraz;


Sacha - Dedé - Carminha - Biba - Desenlace



INTRODUÇÃO


“Escrevi esta história e aprendi a ler”

William Faulkner



As histórias têm como referência mulheres maravilhosas e as paixões, fantasias, desejos ocultos, jogos eróticos e os fantasmas que evocaram em seus narradores.


Eles falam sempre na primeira pessoa, por coerência com essa perspectiva intransferível e nada isenta, mas única, a verdade interna do narrador personagem.


Os relatos pretendem despertar o leitor, não por suas escassas virtudes literárias, mas pela possibilidade de trazer à luz os labirintos interiores do narrador, suas fantasias, amores, paixões, esse mundo profundamente íntimo, tão interior e único, que universal.


Efetivamente, nada identifica ou estabelece mais empatia entre as pessoas do que reconhecer uma emoção verdadeiramente sentida e vivida.


Ademais, as narrativas habitam essa dimensão onde tudo é permitido - o mundo descompromissado e livre da criação - onde o discurso se articula com a gramática do inconsciente, recorre às metáforas dos sonhos e movimenta-se livremente dentro do intrincado universo dos interditos.


Por tudo isso, o autor emerge dentro de cada narrador, inquestionavelmente anônimo, enquanto sujeito da construção formal, mas radicalmente pessoal na substância da narrativa.


Não obstante, como ponto de partida, nas 5 histórias curtas, são revisitadas narrativas ou referências clássicas que abordam, digamos assim, “arquétipos literários” - relacionados com a paixão e a mulher que a desperta –, os quais de há muito inquietam também o imaginário deste sexagenário, mas que ainda engatinha como contador de histórias.


De tal sorte, assumo que temas presentes em clássicos da literatura não excluiriam, novas leituras, subordinadas a um outro universo, uma diferente cultura, especialmnte uma nova experiência humana.


Assim, faz-se uma citação ao “Vita Nuova” de Dante(em Biba), ao “Otello” de Sheakespeare (em Dédé), “Orlando” de Virginia Woolf (em Sacha), à “Carmem” da Ópera de Bizet (em Carminha), e Alvaro de Campos em Desenlace.


Há também alguns paradigmas pessoais, cuja presença salpica o conjunto dos textos, principalmente: Nelson Rodrigues, Richard Wagner, Arnaldo Jabor e Jorge Luiz Borges.


Nesse sentido, o beijo na boca, por exemplo, é tratado a partir das paixões que faz eclodir e que também pode sepultar. No primeiro caso sob a inspiração de uma tirada atribuída ao mestre Nelson, para Gilberto Braga, sobre um possível desfecho para a novela “Dancing Days”, da qual fora seguidor diário e aficionado: “Ô, Gilberto, toda história de amor, tem que terminar com um grande beijo na boca, você não acha?”


Quanto às ilustrações, elas misturam duas vertentes estéticas que expressam - com fidelidade, no plano plástico - a atmosfera da sensualidade subjetiva destas narrativas.


Nesse prisma, elas citam: Carlos Zéfiro, da origem e formação do universo erótico na adolescência do autor e Roy Stuart, como expressão dessa mesma perspectiva erótico-estética, contemporânea e adulta, no plano visual, plástico.


Em “Carminha” minha leitura poderia mesmo denominar-se “Síndrome de Pigmaleão”. Refiro-me a essa fantasia masculina, muito frequente, de transformar e moldar a mulher amada, desejada.


Esta personagem é uma mulher independente, de espírito aventureiro, pronta para a caça como qualquer homem e, para complicar, objeto de uma paixão explosiva.

Trata ainda da crise pessoal, que latente, serve como semente e fermento dessa paixão incandescente, que resulta devastadora.

“O amor é um pássaro que não pode ser aprisionado”.


“Biba” aborda, de alguma forma, o núcleo do dilema vivido em Dante do “Vita Nuova” - romance da juventude que envolve os conflitos do apaixonado – (amante platônico, por toda vida, de Beatriz, mesmo após a prematura morte desta que ainda lhe guia os passos, na Divina Comédia), porque: a amada lhe sorriu.


Essa “transgressão” desencadeia um grande conflito interior (amor puro x lascivo), que se expressa em sonho alegórico, impregnado de metáforas da literatura erótica cortês. “Vita Nuova”, esboça a perspectiva estética do movimento “Still Nuovo”, que Dante vai integrar, em busca de nova linguagem literária, para falar do amor, e adota o Italiano em substituição ao Latim.


Esse dilema é revisitado no conto Biba, é claro, em contexto radicalmente diverso.

Neste, encontramos uma transgressão amorosa contemporânea, um “pouquinho” mais picante, e envolvendo duas mulheres encantadoras.


“Sacha” - inspirada em Natasha, Princesa Russa e personagem com breve passagem em “Orlando” (Virginia Woolf.) - e permeia essa irresistível atração pelo abismo, que o apaixonado constantemente tangencía e, nesse contexto do encontro dos extremos do amor e ódio, ou seja, igual à paixão, onde aquilo que mais sonha com sua amada, paradoxalmente, desperta nele seu maior fantasma.

“Acreditou por alguns instantes, pois quem pode estar certo de que a cólera não pinta o que mais se teme encontrar.”


“Dédé” retoma a temática de Otello, em ambiente de carnaval e futebol, entretanto, como a narrativa é na primeira pessoa, não há perspectiva crítica quanto a premissa de infidelidade de “Dédé”, (“Desdemona”) rainha da bateria da Mangueira.

De fato, os olhos que a enxergam são sempre os do narrador, sem qualquer mediação entre ele e o leitor.

De tal forma, e isso é central, Tiago - que alerta o personagem-narrador (Ex-dirigente do Flamengo) sobre Almyr Fenomenal (homenagem ao Pernambuquinho contemporeneizado pelo qualificativo “fenomenal”), centro-avante do clube - fala somente pela voz do personagem contador da estória.

O interesse da narrativa é, portanto, exclusivamente a angustia, a dor, e os loucos e extremos sentimentos que tomam conta do narrador, traído...?


“Desenlace” - Este tem uma abordagem diversa, no sentido de que o objeto desta paixão resta formalmente inominado!

Tem como referência última, na verdade, um poema de Álvaro de Campos, heteronômio de Fernando Pessoa, “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.”


A mulher que desperta esta paixão não tem seu nome referido, a despeito da força dos sentimentos que desperta e lhe dão vida, posto que, sua identidade tão absolutamente única e radical, dispensa que se lhe explicite o nome, em mais esta, absoluta e completamente ridícula, carta de amor.

Assim, embora os dois personagens inominados sejam absolutamente ficcionais, ao ganhar vida no contexto desta narrativa, - esta verdadeira colcha de retalhos, uma colagem emocional carregada de libido - desvela-se, simultaneamente, a faceta definitivamente biográfica do autor, enquanto sujeito ativo dos sentimentos, fantasmas, angústias, desejos e fantasias que vêm à luz.


Epigrafe


Para encerrar, refiro-me à epígrafe do livro, que considero uma linha auxiliar, quase essencial, para uma mais natural ambientação do leitor com o universo do texto que antecede, como ... um prólogo síntese, e, onde expresso que; por ter escrito estas histórias curtas, posso compreender melhor, agora, os grandes e fantásticos autores clássicos em uma nova dimensão de suas genialidades, posto que tenha percorrido, ainda que de forma incipiente e desajeitada, é verdade, os caminhos de seu ofício.


Assim, como o ator que se prepara para viver um personagem e faz a chamada “imersão”, para guardar a “memória emocional” do universo representado, a minha leitura enriqueceu-se muito com essa imersão/vivência, modesta mas verdadeira e intensa, do processo de criação literária em alguns de seus elementos básicos: a busca da inspiração, a estruturação da trama, os enigmas, dilemas, a busca da palavra com sentido exato, da outra que se quer ambígua, todos os possíveis desfechos, enfim...


Ao escrever esses contos, mais que tudo, parafraseando “Faulkner”, talvez agora, um pouco melhor, ao menos, “... aprendi a ler”?



DEDICATÓRIA


Dedico este livrinho à MULHER, encanto e motivação de vida, e em seu nome à Claudia, sua síntese plena em meu universo pessoal.



AGRADECIMENTO


À Carmem Haning, a quem devo um melhor e mais profundo entendimento da literatura, que me deu a mão, e com paciência aturou estes primeiros passos.


Hélio Paulo Ferraz

 

NOTA DA REDAÇÃO:


Vamos repertir cada um dos contos, depois já publicados na CRIATIVOS!


 

DESENLACE, de Hélio Paulo Ferraz.


 

Playlists Cedro Rosa.


- Didu Nogueira, o fino do samba carioca / Spotify

- Jorge Simas, o craque do violão de 7 cordas, um compositor de primeira - Spotify

- Edu Kneip, em Vencer Vencer Vencer - Youtube


 

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Criativos / CR Zine é um diário digital voltado à Arte, Cultura e Economia Criativa e conta com a colaboração de centenas de artistas, criadores, jornalistas e pensadores da realidade brasileira.

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