LINGUAGEM
A definição de “jogo”, no meu dicionário preferido, o Dicionário UNESP do Português Contemporâneo (organizado por Francisco S. Borba, São Paulo, 2004), dentre vários conceitos, traz pelo menos dois de que gosto muito, independente de concordar com todos. Não sou de discordar de dicionários, ou de livros de história, física, química, geografia ou matemática, salvo quando, após alguma revisão cientificamente comprovada, os conceitos são alterados, óbvio. Digressão.
O dicionário aqui define jogo, entre outras tantas coisas, como “combinação de números em jogos que dependem de sorteio, aposta”, como em “foi à casa lotérica fazer o seu jogo” e “conjunto de procedimentos estratégicos para atingir determinado fim; tática; manobra”, como em “o governo compreendia muito bem o jogo das multinacionais”.
Uma das melhores coisas da língua portuguesa é a diversidade de interpretações possível para palavras muitas vezes simples e compreendidas até por quem não se dedica muito à análise dos significados. Por mais simplória que seja a base de compreensão do indivíduo, ele sempre conhece um sem número de definições pra “ponto”, por exemplo, palavra que talvez represente o maior conjunto de conceitos dos dicionários da nossa língua. Do ponto de ônibus ao ponto final ortográfico, passando pelo ponto cirúrgico, o ponto eletrônico e o ponto geométrico, são quase infinitas as possibilidades.
Já ouvi dizer que os esquimós conhecem uma absurda quantidade de sinônimos para “neve”. Não duvido, mas não conheço um único sinônimo em português, ou mesmo em inglês, francês ou espanhol, línguas em que tenho um arremedo de vocabulário. A neve é muito importante pra eles e talvez derive daí essa fartura de nomes. Mais ou menos como a gente faz com nossos populares sinônimos pra “comida”, por exemplo. Ou para os órgãos sexuais. Cada povo com a sua mania.
A riqueza da comunicação humana através das palavras, construída sobre as necessidades fundamentais da espécie, como a alimentação, o abrigo e a reprodução, é um dos principais legados que deixaremos ou perderemos, não se sabe, quando – e se – formos substituídos na ocupação do mundo.
Não fica claro se os nossos antepassados que deixaram os desenhos rupestres em cavernas por aí possuíam outro tipo de linguagem escrita naquelas ocasiões e naqueles lugares. Os desenhos, em Lascaux ou na Serra da Capivara, podem ser uma manifestação artística ou só derivados da falta de uma comunicação com outros códigos. Não há testemunhas, lamentavelmente.
O grande Jean-François Champollion (1790-1832), que decifrou a Pedra de Roseta e um monte de outros hieróglifos do Egito Antigo, foi um dos muitos caras que, num comovente esforço, sem as ferramentas diversas que temos hoje, nos fez entender o que o passado queria nos dizer. Pena que a maioria parece não ter não entendido nada, já que sob os pontos de vista comportamental e político, há momentos em que nos aproximamos perigosamente de práticas daquela época. E, pior, sem nem deixar pirâmides ou esfinges para o futuro. Nossas obras sofrem, geralmente, da chamada obsolescência programada.
A má interpretação das palavras ou seu mau uso também trouxeram ao mundo a desgraça, a morte, a fome, o preconceito. Maus governos, e principalmente governos maus, se utilizaram como quiseram das palavras pra justificar seus atos de genocídio, guerras desnecessárias e atrocidades de toda sorte.
Os textos religiosos, políticos ou filosóficos que nos chegaram, por judeus, árabes, chineses, japoneses, gregos e tantos outros povos, deixam claro que a complexidade da elaboração escrita se relaciona em algum grau – mas não obrigatoriamente - com a complexidade da organização social. O que sei é que ainda assim, ou talvez principalmente por isso, aquelas sociedades que consideramos primitivas e aparentemente menos complexas que as atuais, nos legaram textos que até hoje regem o comportamento de muitíssima gente ou determinam, com precisão pouco questionada, conceitos fundamentais para a vida em sociedade, mesmo tantos séculos depois.
Toda essa ladainha sobre linguagem só torna ainda mais grave o que venho pensando há um tempo. Tenho a horrível sensação de que milênios de elaboração e aprimoramento da linguagem não adiantaram nada.
Escute Língua de Gente, de Tuninho Galante e Marceu Vieira.
Aparentemente, a linguagem não codificada venceu, apesar de notáveis evidências em contrário, da informática, nuvens, cyberspace e tudo o mais. Ao menos nas linhas de comunicação que ligam certos condomínios da Barra, áreas dominadas por milícias e aquela cidade planejada do Planalto Central.
Eu, que gosto muito de história, espero ansioso pelos desenhos rupestres que provavelmente surgirão naquelas paredes projetadas pelo Niemeyer. Não é possível prever o que haverá. Possivelmente armas, frutas, partes recônditas da anatomia humana, comprimidos, sprays...
Eles talvez ajudem alguém, no futuro, a entender o que se passou.
Nem que seja necessário um grande intérprete.
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