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LEMBRAR É PRECISO ! parte 2



Tom Jobim, diante da Kombi de Carlos Alberto Afonso

Em 1993 – 28 anos passados – o dia 27 de Março também caiu num Sábado. “E porque hoje é Sábado”, sem nos enganarmos a nós mesmos, sem esquecer que estamos estampa de um determinado quadro, vamos lembrar – pois somos história – que, em 19 de Outubro de 1913, o amado Poeta Vinicius de Moraes chegou neste mundo para pintar-e-bordar. E pintou-bordou-e-mais-e-melhor-que-tudo-PENSOU-e-ESCREVEU.


Partiu mais cedo do que todos gostaríamos, mas, exatamente por isso – porque todos nós gostaríamos – Vinicius partiu mas não se ausentou. Não é verdade ? E não estando ausente, a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro instituiu, por Decreto do dia 3 de Fevereiro de 1993 o denominado ANO VINICIUS DE MORAES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO com o duplo objetivo de CELEBRAR histórica-e-esteticamente o POETA e CONTEMPLAR sócio-educacionalmente a OBRA, já que, se, por um lado, o Ser Humano extremamente humano e sedutor chegou a muitos amigos, fãs e admiradores, sua OBRA fora, até então, delicioso manjar que, entretanto, deixava à margem, a lamber os beiços justo os segmentos mais carentes da iguaria.


Logo no dia seguinte ao Decreto – portanto, em 4 de Fevereiro – ainda não eram 8h30 da manhã, quando o querido-craque-em-tudo-que-faz João Marcos Cavalcanti Chefe-de-Gabinete do Prefeito ligou prá minha casa e disse assim : “Carlos Alberto, saudações tricolores (mesmo sabendo que fui amamentado em São Januário). Um instantinho só que o Cesar quer falar com você. E o Prefeito Cesar Maia, com quem militei durante anos no PDT, me deu a felicíssima notícia : “ Carlos Alberto, ontem eu assinei um Decreto instituindo ANO VINICIUS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO e constituí um Grupo de Trabalho para planejar e conduzir as ações. Chamei a Solange Amaral (Sub-prefeita zona sul) para presidir e convidei a Secretária de Cultura Helena Severo, a Secretária de Educação Professora Regina de Assis e um membro da Coordenadoria de Turismo para composição do GT. Gostaria que você assumisse a Secretaria Geral deste Grupo de Trabalho “.


Ouro-sobre-azul, pois há 6 anos antes – em setembro-outubro de 1987 – quando assumi a direção do 12º DEC e suas 32 escolas municipais na região de Madureira e adjacências, numa oportuníssima entrevista a O Globo denunciei vigorosamente o feudalismo guetificador da cultura, que, como barco a vela de vento soprado pelo ‘mercado’ só tinha uma direção : o segmento comprador.


E o paradigma que escolhi foi exatamente Vinicius de Moraes, prometendo que o levaríamos para as ruas de Madureira. E cumprimos. Em 1991, no dia dos Namorados, 12 de Junho, quarta-feira, o então Secretário de Cultura da Cidade Carlos Eduardo Novaes mandou-me escolher 1 entre 3 nomes artísticos, para fazer uma apresentação em Madureira. Escolhi o Quarteto em Cy e o fiz rapidinho para não perder a oportunidade. Quanto ao local, teve que ser num tablado do Shopping, porém.... em Madureira e de portas escancaradas para o público. Foi inesquecível. Felicidade total e contagiante. As Meninas do Cy levaram CHICO e VINICIUS em embalagem de presente – que era o seu canto !!! Não poderia ter sido melhor !!!


De 1987 para 1991 e, agora, para 1993. Estamos de volta ao Sábado 27 de Março de 1993, quando, um patrocínio movido a...cerveja se prontificou a bancar uma FEIJOADA para lançamento do ULTRA-SUPER-HIPER-BEM-VINDO ANO VINICIUS DE MORAES NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Minha excitação foi enorme ao lembrar que tínhamos a mais ampla rede escolar pública de ensino fundamental no Brasil e que VINICIUS DE MORAES iria viajar para todas as Cabeças, todos os Ouvidos e todos os Corações de crianças, adolescentes e adultos em TODOS OS SEGMENTOS DA SOCIEDADE..... não apenas através das Salas-de-Aula, mas dos equipamentos da Cultura.... E partimos rugindo para o lançamento do “ANO”. A Feijoada era o prato e o gancho, já que VINICIUS de MORAES, que também entendia de cozinha, na alvorada dos anos 60, atendendo ao pedido da famosa HELENA SANGIRARDI, que apresentava, à época, um também famoso programa de TV, pedira ao que lhe escrevesse uma RECEITA DE FEIJOADA, em versos. E o POETA DOCE-E-TOTAL escreveu-lhe o que denominou “ FEIJOADA A MINHA MODA.”


Tudo pronto, chegou o dia : Sábado, 27 de Março de 1993. No restaurante do CAESAR PARK HOTEL, em Ipanema. Fui cedo para lá. Levei minha Kombi e a exposição que fazia desde 1991. E levei o LIVRO de PRESENÇA. Amigos, Artistas, Familiares.... estavam todos lá. Comigo, tenho em arquivo fotos de Jaguar, Hermínio Bello de Carvalho, Beth Carvalho, Almir Chediak, Rodrigo Lopes e Maria Estela Kubitschek Lopes, Ferreira Gullar, Ronaldo Bôscoli, Cesar Maia e Mariangelis Ibarra, Antonio Callado e Ana Callado, Antonio Pedro, Quarteto em Cy, Joyce, Tutty Moreno, Miucha, o velho e bom Sérgio Cabral, Ancelmo Góes, Kate Lyra, Gilda Queirós Mattoso, Cristina Gurjão e muitos outros nomes do Cinema, do Teatro, da Televisão, da Imprensa, além da Família do amado Poeta e mais Helô Pinheiro – a Garota de Ipanema, Ana Jobim e, para encerrar o resumo, o núcleo de nossas intenções de hoje : o parceiro e amigo de Vinicius de Moraes, o meu, o seu, o nosso Maestro ANTONIO CARLOS JOBIM.


Naquele 1993, já estávamos sem o amado Poeta havia 13 anos. Quantos de nós estiveramos ou, mais ainda, conviveramos com o festejado do dia 27 ? A despeito de tão próximo sócio-culturalmente, eu, por exemplo, jamais estive com Vinicius de Moraes. Nem de longe. E sei o quanto ele nos faltou e falta, sem que tenha para isso qualquer referência pessoal. Não é difícil – nem um pouco – portanto, imaginar o tamanho do espaço vazio que a partida de Vinicius terá deixado em TOM JOBIM. E esta aqui não está sendo a primeira vez em que faço tal reflexão e que me pontilho de reticências. Pois muito bem, naquela celebração do sábado 27, o que todos, todos, todos, estávamos fazendo era, prá início de conversa, um exercício incombinado, mas melhor-que-ensaiado, de ressureição do amado Poeta. Claro !!! Mais ainda : aquela era a terceira vez que eu estivera em contato direto com TOM JOBIM. Na primeira vez, foi no lançamento do meu livro ABC de VINICIUS, no Arpoador, em 1º de Março de 1991 (há 30 anos).


TOM JOBIM estava fazendo do Concerto de Aniversário da Cidade e eu fui até o pé-do-palco para pedir-lhe que me autorizasse a divulgar meu livro durante sua apresentação. Ele e a Banda Nova estavam passando o som. Quando ele percebeu que tinha alguém (eu) ao lado da escadinha esperando por ele... incrível e inesquecível... sem ter a menor idéia de quem era eu, sem saber se eu não era um possível chato-de-galocha, ele deu uma parada de freio total, olhou sério para mim, mas riu e apontou para si mesmo com a interrogação que seria : “quer falar comigo ? “ CARACA !!! Eu sabia, tu sabias, ele sabia que TOM JOBIM era ENORRRME. Mas, naquele instante, eu fiquei super emocionado por dentro sem dar na pinta.


Fiquei surpreso, porque TOM JOBIM era muito maior do que o simples ENORRRME. É aquela dimensão sem limites da GRANDEZA.... E o resto eu já contei. A SEGUNDA VEZ em que estive com TOM JOBIM foi em Junho de 1992, no Canecão. Estávamos em plena ECO 92 – lembram ? – Fiquei sabendo que o Canecão havia fechado com o TOM uma pequena temporada de apresentações com a mesma duração da ECO. Diante disso. Fui até lá, numa tarde, para falar com o Maneco Priori, filho do dono, sr. Mario. Educadíssimo e tremendamente ilustrado – não bastasse o lugar-templo que gerenciava - o Maneco me ouviu com a maior atenção. Pedi a ele que me autorizasse a oferecer meu livro durante as noitadas de TOM JOBIM. E ele me respondeu que, quando estivesse falando com TOM, poderia dizer-lhe que, pelo Canecão, eu estava liberado para divulgar, vender e isento de qualquer taxa, mas.... a autorização do TOM era fundamental, se não.... nada feito.


Fui à noite para tentar falar com o TOM. No ano anterior, 1991, eu já o interrompera, durante a passagem de som no Arpoador... Pô.... E eu nunca tive vocação para cara-de-pau.... Lá vou eu. Cheguei na portaria e pedi ao porteiro que chamasse alguém da equipe do TOM. Veio uma Jovem Dama-Total que pertencia ao vocal do TOM. Seu nome, MAUCHA ADNET. Contato maravilhoso que encantou a mim e a Natalina. Mal sabia que alguns anos mais tarde, eu teria o grande prazer de conhecer seu marido o super batera do TRIO DA PAZ – DUDUKA da FONSECA, que me fora apresentado por um outro desses DEUSES que assim são por todas as razões, o Músico Instrumentista Nilson da Matta. E, voltando à terra com os pés no chão, lá fui eu seguindo Maucha.


Na entrada do camarim, este ilustre desconhecido que vos escreve foi festivamente recebido pelo primogênito de TOM, o Paulo Jobim, que, muito amavelmente, me levou até o Pai. TOM me viu e deu uma franzida de testa que poderia ser de triste constatação ou de “...estou conhecendo... não sei de onde...” Nenhuma das duas. Ele fez que estava tentando lembrar o meu nome, porque lembrou do meu livro – o ABC do VINICIUS no Arpoador no ano anterior. Pois muito bem, amigos, a recepção de TOM JOBIM, mais uma vez, deixou clara, para mim, que sua dimensão real é a soma e não a exclusão de sua dimensão artística. Nova emoção para mim : divulguei meu livro durante 12 apresentações em 3 semanas, numa das quais, por exemplo, Milton Nascimento subiu ao palco e cantou EU SEI QUE VOU TE AMAR. Inesquecível !


E volto a FEIJOADA A MINHA MODA que o prato vai esfriar. A pergunta era : o que faria o AMIGO TOM na tentativa de ressurreição do VINICIUS ? Pois eu lhes digo. E o faço com o testemunho das muitas pessoas do grupo plurisegmentado que lá estava. TOM JOBIM NÃO PAROU, NÃO SENTOU, NÃO CALOU UM SÓ INSTANTE. TOM JOBIM, DE PÉ TODO O TEMPO, FALANDO COM QUEM ENTRAVA E COM QUE SAÍA... TOM JOBIM, ESTE SER HUMANO VALIOSO, TANTO OU MAIS DO QUE O ARTISTAÇO QUE FOI NA TERRA E SERÁ NA HISTÓRIA SEMPRE..... passou o evento inteiro tentando VER E QUE TODOS PUDESSEMOS VER TAMBÉM VINICIIUS DE MORAES VIVO, VIVINHO DA SILVA, ALI na FEIJOADA A MINHA MODA em abertura do Projeto ANO VINICIUS DE MORAES, NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.


Posso assegurar aos amigos que, parafraseando VINICIUS, “ Eu, que não creio....” pude ver, claramente, e ouvir, claramente, diante de um público que reuniu não menos de 500 pessoas, um homem chamado Antonio Carlos Jobim, lembrando-se, possivelmente do mito de Lázaro, gritar docemente, por várias horas, do sábado 27 de Março de 1993, o seguinte : “VINICIUS, LEVANTA E ANDA..... ANTES QUE BEBAM A TUA CERVEJA !” E Vinicius levantou. Perguntem a qualquer um que estivesse lá.


Carlos Alberto Afonso Toca, em 27 de Março de 2021, para CRIATIVOS !


 

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