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Gustavo Praça, um carioca da gema que achou seu caminho em meio a mata, na montanha


GUSTAVO PRAÇA_ fonte: Lais Amaral Jr

O escritor Gustavo Praça nasceu no Rio de Janeiro em 1949

e foi criado na Tijuca. Jogou muita pelada, notadamente no campo

de terra, do Colégio São Bento, ao lado o Mosteiro, na Praça Mauá.

Na década de 70 trabalhou na Imprensa (JB, O Globo, TV Globo,

Radiobrás, O estadão). Desde 1980 vive em Penedo alugando uns

chalezinhos para fim de semana. Pulicou uma meia dúzia de livros

e criou três jornais tabloides, dois deles tendo circulado por 20

anos. É casado com Lana Almendra, tem três filhos e dois netos. É

membro das academias de História de Resende e de Itatiaia. É

também cantor e compositor, tendo um CD gravado com músicos

da região.


CRIATIVOS - Gustavo Praça, você teve uma intensa e variada

atuação como jornalista e como proprietário de veículos de

imprensa. O jornalismo tem alguma ligação com o escritor

Gustavo Praça?


GUSTAVO PRAÇA - Sim, o que sempre me atraiu no jornalismo foi o

lado literário, a crônica, a começar pelo tema do futebol, uma paixão

de garoto. Os textos de Nélson Rodrigues e Armando Nogueira tinham

grande valor literário, e outro na transcendência. Mais tarde, Fernando

Sabino e o grupo de cronistas mineiros, o pessoal do Pasquim, etc. O

‘Ponte Velha’ (jornal criado pelo Gustavo), por sinal, tinha a forma do

Pasquim: uma entrevista bate-papo cercada por crônicas. Nunca tive

vocação para o jornalismo propriamente dito, de apuração,

investigação.


CRIATIVOS - Ainda não li todos os seus livros (falha minha), mas

o que percebi nos que li, foi sua ligação com a região. Cantando

sua aldeia. A ex-colônia finlandesa de Penedo é uma grande

inspiração? 


GUSTAVO PRAÇA – Minha atividade teve um ponto de virada que foi

o abandono da carreira de jornalista para tentar, digamos, a “vida

alternativa”. O cenário da nova fase foi a região de Resende,

especificamente Penedo. Quando vim morar aqui o Alto Penedo era

uma roça. Havia uma espécie de clã, com cerca de 10 famílias, e

cheguei a plantar milho e feijão com eles por uns poucos anos, já que

eles estavam sendo tirados da terra, que já era um loteamento de “de

direito”. Acho que essa convivência me pesa mais que a colônia

finlandesa, que conheci desde garoto, pois meu pai era de Resende e,

morando no Rio, se hospedava nas casas dos finlandeses (os

primeiros hotéis) quando vínhamos para cá.


CRIATIVOS - O garoto que jogava pelada em campo de terra no

Centro do Rio, se reencontrou em Penedo?


GUSTAVO PRAÇA – Com certeza, graças a Deus. Eu vivia uma fase

de muita angústia na entrada da vida adulta, e desempenhava o

trabalho sob essa dificuldade. Acho que a vinda para cá me salvou.

Quando projetei juntar um dinheiro para comprar uns lotes e construir

uns chalezinhos para turistas consegui trabalhar melhor porque, como

diz a música do Raul Seixas, estava no meu caminho. Fui realizando a

coisa aos poucos; era solteiro, fica mais fácil tomar decisões e juntar

um capitalzinho. Viver com a mata em volta é bom, mas o melhor é ter

seu próprio negócio para ganhar a vida.


CRIATIVOS - E de onde veio ou nasceu o músico/compositor?

Fale de sua ligação com a música.


GUSTAVO PRAÇA – Morei por um bom tempo da infância na casa da

minha avó materna, que ficava num dos acessos ao morro do

Salgueiro. Eu ouvia samba na rua toda hora. Meu pai, por outro lado,

gostava muito de literatura e de música. Eu e meu irmão,

adolescentes, o encontrávamos uma vez por semana após o fim do

casamento e ele levava a gente para os programas dele – teatro,

concertos, shows. E ele adorava samba. O show Rosa de Ouro, por

exemplo, com Paulinho, Elton, etc, assistimos três vezes. Meu pai

tocava também um violãozinho e minha mãe arranjou uma professora

para os filhos. Depois prendi um pouco mais do básico de harmonia

com o pai de um amigo. Foi por aí.


CRIATIVOS - O compositor e o escritor convivem bem, acredito.

Eles se completam? Um colabora com o outro? 


GUSTAVO PRAÇA – acho que sim. O samba é um tipo de crônica, e

os dois precisam de uma linha melódica.


CRIATIVOS - Agora uma pergunta, não sei se para o jornalista ou

para o artista: A arte pode ajudar a dar sentido na barafunda que

é a vida, ou é apenas uma consequência?


GUSTAVO PRAÇA – acho que ajuda a dar sentido, a indicar que a

vontade de poder ter expressão sublime, num saxofone, num

trombone; a mostrar que a acumulação é uma cegueira para a poesia

da vida. O obsessivo não sabe o que está perdendo, mas nós

sabemos o que ele está destruindo.


CRIATIVOS - Qual dos seus livros e de suas composições

musicais significam mais pra você? E quem são seus autores

preferidos, nas duas áreas?   


GUSTAVO PRAÇA – Eu gosto de todos os meus livros porque todos

representavam uma necessidade que eu tive a fazer na naquela hora.

Mas aproveito para fazer a propaganda do último, Não tem cachoeira

nessa rua, que só publiquei de forma virtual e pode ser acessado pelo

Site: gustavopraca.com.br. Com as músicas é parecido. Eu destacaria

“Colina pé de serra” e “Sol escuro” (peguei emprestado o título de um

livro do Macedo Miranda), está em parceria com Gabriel Lopes, por

sinal o grande responsável pala gravação do nosso CD, Malandra

montanha, que pode ser acessado no Spotify. Eu leio bastante, e tudo

vai influenciando. Gosto da secura do Graciliano Ramos e também do

barroco do Guimarães Rosa. Com a música é parecido. Destaco uma

paixão especial pelo Nelson Cavaquinho, o Shakespeare do morro, na

definição do Fernão Lara Mesquita.


CRISTIVOS - E o livro físico, está com os dias contados, como

aconteceu com o vinil e até com o CD?  


GUSTAVO PRAÇA - Acho que não. Tudo permanece um pouco. O

livro impresso é um objeto de grande beleza; acho que as pessoas

vão continuar preferindo ele.


CRIATIVOS – Fale sobre algo que não foi perguntado.


GUSTAVO PRAÇA - Acho que a humanidade passou do ponto certo,

igual doce que desanda. Tomara que não.


 

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