FÓSSEIS
Nesta semana, um artigo no site da CNN Brasil me chamou à atenção. Em meio aos inúmeros assuntos relacionados ao assassino foragido no Centro Oeste, pandemia, CPI, Covaxin, transferência do Gerson para o Olympique de Marseille, Eurocopa e, vá lá, Copa América, uma jornalista da CNN São Paulo, que desde já merece respeito e cumprimentos, utilizando dados recolhidos junto ao Projeto Tamar, à National Geographic, ao Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (CenPaleo) e ao Fossilworks Paleobiology Database, escreveu um sucinto e quase comovente artigo sobre os chamados ”fósseis vivos”.
Em que pese ela mesmo haver ressaltado que essa terminologia não confere com a realidade (ou se é fóssil ou se é vivo, difícil conciliar, em tese), os animais citados na lista correspondem perfeitamente ao título. Não há como deixar de considerar o sucesso dos jacarés e crocodilos, contemporâneos dos dinossauros e que estão aí até hoje, ou dos celacantos, peixes também daquele tempo.
As baratas, inimigas mortais de grande parte da humanidade têm, a contragosto de nós todos, um passado muito maior que o nosso e, ao que consta, também um futuro, já que fomos informados do fato de que elas resistirão mesmo quando não der mais pra humanidade persistir.
Mas isso tudo tem no artigo, se repito é só pra discordar da premissa básica de que não há como ser fóssil e vivo. Verdade que nenhum dos tais fósseis atende à caracterização clássica, aquela que diz que "fósseis são restos de seres vivos ou de evidências de suas atividades biológicas preservados em diversos materiais", pelo simples fato de estarem vivos.
Festa Junina. Forrós, Xotes e Baiões. Escutem a playlist.
Em defesa da minha frágil tese, vou juntar umas evidências. Pra além de termos sobrevivido ao tempo sem cinto de segurança nos carros e ao cigarro em locais fechados, aos corantes enlouquecidos, das mais diversas tonalidades, que eram utilizados naqueles doces que a gente comia, de termos resistido a doses cavalares de glúten, açúcar e lactose, hoje quase palavrões - e não sem razão!!! -, parte de nós ainda soltou pipas com cerol na linha. Há muitos que ainda lembram do Inter de Falcão, Caçapava, Batista, Waldomiro e Escurinho. Outros não esquecem a zaga do Vasco com Orlando, Abel, Moisés e Marco Antônio, ou o ataque mortal do Guarani, com Capitão, Careca e Bozó. Da minha parte, me contento com as recordações da seleção brasileira de 1982, a que jogou mais bonito no meu tempo, apesar do resultado não ter vindo, e do Flamengo do Zico (e de Raul, Leandro, Toninho Baiano, Júnior, Rondinelli, Adílio, Andrade, Carpegianni, Júlio César e tantos outros), cujos resultados vieram. Ok! Sei que o futebol não é uma unanimidade. Nem todo mundo gosta e nem é obrigado a gostar. Como nem todo mundo gosta de novela, mas ainda assim lembra do Carlão morrendo no metrô da Carioca no último capítulo de Pecado Capital. Ou das trilhas sonoras inesquecíveis de Estúpido Cupido, Gabriela e Saramandaia. A Luiza, do Tom Jobim, na abertura de Brilhante, que tinha a Vera Fischer e a Fernanda Montenegro em papéis centrais.
Um tempo em que músicas de Chico Buarque, Caetano e Gil dividiam as paradas de sucesso com o Zé Rodrix, Lady Zu, Raul Seixas e Martinho da Vila, entre muitos outros. Elis Regina e Gal Costa disputavam saudavelmente o topo do olimpo das cantoras, Milton reinava e Gonzaguinha, João Bosco, Aldir Blanc e Ivan Lins diziam o que a censura não queria ouvir, enquanto Beth Carvalho e Clara Nunes não nos permitam parar de sambar!
Os cinemas exibiam filmes do Bruce Lee e, na abertura, tal como os programas de tv, a marca da censura federal. A Sonia Braga também ocupava as telas da sala escura e os pensamentos de muita gente.
O Amaral Neto defendia e exaltava a Transamazônica, Itaipu e outras megaintervenções do governo militar, antes de virar deputado.
Nem tudo é saudade boa (zero saudades do Amaral Neto!!), mas a musiquinha (musiquinha é o cacete! Um puta tema do Maestro Zé Menezes!!!) d’Os Trapalhões terminando o domingo, que começava com o Caderno B ou a Domingo, do JB, ou ainda com o SegundoCaderno, d’O Globo.
O Paulinho da Viola, que é outro genial personagem de todos os tempos, já disse uma vez, nas palavras herdadas do igualmente genial Wilson Batista, que “meu tempo é hoje!”.
Eu ouso dizer que o meu também é. Longe de ser saudade, até porque evoluímos como sociedade, apesar de diversas evidências em contrário, rola uma nostalgiazinha de um monte de coisas que - fossem boas ou ruins - marcaram o tempo de cada um de nós. Ficou até formal, esse finalzinho.
E aí, corpos e mentes modelados em outros tempos, continuamos em exposição, feito torresmos e moelas, fósseis vivos.
Pra provar, vou ali na padaria comprar um pudim de pão, ver se tem um saco de leite e, claro, 200g de mortadela, porque eu sou do tempo que não existia esse peito de peru defumado! E assim que possível, vou votar contra o governo, como a gente sonhava sempre fazer, num tempo em que mal havia eleição...
E digo isso tudo tendo nascido em 1968. Vi quase nada. Sou uma criança perto de quem viu a segunda guerra, o maracanazo, o golpe de 64, o tricampeonato. Quer saber? O que há é fóssil vivo por aí.
Meus respeitos!!!
Rio de Janeiro, junho de 2021.
O que rola na internet?
O Rio de Janeiro, apesar tão combalido, tem seus poetas apaixonados.
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