ENTRE PIZZAS, VINHOS E DESEJOS

Entra governo e sai governo, entra crise e sai crise e as pizzarias de Buenos Aires continuam as mesmas. Existem mais de 1300 pizzarias registradas na capital portenha, logo, há número equivalente de fornos responsáveis pelo cozimento da iguaria que confere um traço da identidade gastronômica e cultural da cidade. 

A imagem do forno me lembra do julgamento do indigitado que está rolando no Brasil.  Diriam, por aqui, que capitão e os generais golpistas estão ¨en el horno”, ou seja, numa situação complicada, difícil mesmo. No Brasil se diz justamente o contrário, os golpistas estão numa fria.A metáfora do calor intenso remete ao inferno e pra la que boa parte da sociedade brasileira espera que o supremo envie o capetão e seus comparsas.

Escuto, enquanto escrevo, a defesa do general Braga Neto. Descubro, para meu espanto, que segundo seu advogado, o uniformado e um santo defensor da democracia. Estou com Lulu Santos ¨Não desejamos mal a quase ninguém´´. Acho bacana que troque a rede do Posto 6 em Copacabana pelas grades na Papuda. Depois de ouvir a defesa do Almirante Garnier feita pelo ex PRAlamentar Demóstenes Torres, não consigo para de imaginar os réus cantando em coro o tango “Cambalache”, composto por Enrique Santos Discépolo em 1934, a famosa linha “allá en el horno nos vamo a encontrar” com sua carga sombria de estar pela bola 7.Cartola também ajuda na compreensão da realidade:

Preste atenção, o mundo é um moinho

Vai triturar teus sonhos tão

Vai reduzir as ilusões a pó

É, pra não falar que não falei de flores, lembro que sempre existe a dúvida existencial do Noel e se perguntar assim que ouvir batidas na porta da frente, o clássico toc toc toc, pedir do maior e começar a cantar:

E eu pergunto: Com que roupa?Com que roupa que eu vou Pro samba que você me convidou?

Brasil e Argentina, o samba e o tango mostram com frequência uma mesma realidade. Por aqui, quem está no forno e a chefa, isto é, a irmã do celerado que comanda a terra onde reinou Maradona. Karina Milei está no forno!

Está numa situação complicada, difícil mesmo. A chefa, foi pega negociando 3%, pro seu bolso, da maior parte das compras realizadas pelo governo. Nova crise. Que possivelmente não de em nada, pelo menos por enquanto. Mas voltemos ao que interessa, mesmo porque vai ser bom comemorar a condena do sujeitinho -que, sabemos, desde a pandemia, que não é coveiro e sim covarde -, comendo uma boa pizza e bebendo um bom vinho, que, por sinal, por aqui não faltam. 

A pizza aqui não é só comida: é ponto de encontro, é como diriam Nietzsche e os Titãs, diversão e arte, nessa diversão compartida com amigos afirmamos a vida, a diversão, o riso em conjunto e combustível necessário para boas e alegres comemorações. Noel ensina que O samba, a prontidão e outras bossas, são nossas coisas.

Por aqui, a amizade, o tango, o futebol é a pizza são coisas nossas, diria Gardel. Um giro atento pela capital argentina desvenda alguns templos dedicados a essas confabulações gastronômicas. Na avenida Corrientes Guerrín, Las Cuartetas e Los Inmortales.

Deslocando um pouco no sentido zona norte aparece, quase colado no Teatro Cervantes, o lendário El Cuartito, com suas paredes forradas de fotos de ídolos esportivos e políticos. No bairro de Almagro, na fronteira com el abasto, aparece o Pin Pun, parada obrigatória para quem gosta de ambiente simples e pizza generosa. Já mais ao norte, na calle Álvarez Thomas, La Meseta reina como a pizzaria de bairro caracterizada por um muzarela generosa. Em todas elas o acompanhamento perfeito é a fainá - que nasceu em Gênova e encontrou na Argentina seu palco definitivo — aquela fina massa de grão-de-bico, servida em fatias retangulares, que vai por cima da pizza como se fosse uma segunda tampa de sabor.

É quase uma alquimia: pizza com fainá é crocante, cremosa e absurdamente portenha.A pizza em Buenos Aires é tradição, é hábito coletivo, é uma instituição tão sólida quanto os cafés e as livrarias. Sempre vale um role. 

Para fechar, um desejo compartido com os amigos que tornam a vida mais leve: que tudo isto não o acabe em pizza!

Sem anistia!

---

Inclusão Cultural É Também Inclusão Econômica

Ô Samba Bom! Escuta aqui!

Quando falamos em inclusão, não se trata apenas de acesso ao consumo de cultura, mas também da possibilidade real de gerar renda com ela. Jovens de periferias, músicos independentes, produtores de cinema, designers e artistas do mundo inteiro encontram dificuldade para entrar nos mercados globais.

A Cedro Rosa Digital atua diretamente nesse desafio, oferecendo certificação de obras, organização de direitos autorais e acesso a plataformas de licenciamento mundial, permitindo que criadores de qualquer lugar sejam remunerados e reconhecidos internacionalmente.