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DOMINGO EU ME DEITEI ASSIM MEIO PASSIONAL POR DENTRO




Por mais que pareça confuso, acho que dá pra entender a confusão interna que me tomou quando fui pra cama, achando que já dormia e estaria emparedado num sonho estranho. Os versos iniciais do antológico samba de Moacyr Luz e Chico Alves, tomaram de assalto minha razão.


“Sonhei que despertei

E me dei conta que acordei noutro país

Onde as pessoas tinham balas de fuzis

E o povo andava sem razão pra ser feliz

Era um país fora da lei, sem diretriz

Embarcação sem direção, tentando em vão

Colher a paz plantando a guerra”


Por mais que os números sejam otimistas com relação a Lula, que por meros 1,6% não levou no primeiro turno - e diga-se, o segundo turno não era uma irrealidade, até para os mais otimistas, mas a aparente consolidação do bolsonarismo é preocupante, assim como, a eficiência das fakenews. O Rio de Janeiro, não bastasse reeleger o governador no primeiro turno e o senador oportunista, teve entre os mais votados, aquele general Pazuelo ou Pesadelo, sei lá, especialista em logística, que quando era Ministro da Saúde na Pandemia, confundiu as cidades e enviou o medicamentos para uma cidade errada no Norte do país.


O atual inquilino do Planalto, do alto da derrota anunciada chegou a dizer que segundo a pesquisa de um tal Datapovo, ele venceria no primeiro turno com 60% dos votos. E que isso não se confirmasse, iria questionar a lisura das urnas. Ficou longe: 43%. Mas prefere questionar os institutos de pesquisa e parece que seus seguidores na Câmara tentarão uma CPI para investigar a ação desses organismos. Deveria investigar o seu Datapovo, que errou muito e o iludiu.


Mas no frigir dos ovos, é chatíssimo encarar mais um mês dessa agonia, dessa expectativa do risco de o fascismo estar se encorpando no país. E aquela sensação é que o adversário empatou o jogo no último segundo. Empate com sabor de derrota. O que aconteceu em São Paulo foi horrível, as pesquisas erraram feio. Embora para o PT possa ser considerado uma vitória do partido ter chegado pela primeira vez no segundo turno de uma eleição para o governo do estado. Mas o Haddad ficar em segundo foi frustrantemente surpreendente.


Lula pode e deve ganhar no segundo turno. O cara é uma força da natureza. Indiscutivelmente uma liderança a nível mundial. O resultado, a sua vitória no primeiro tempo do jogo, foi por causa dele mesmo. Não foi coisa de partido ou de coligação. Só ele para bater de frente com o conservadorismo, na verdade o reacionarismo que campeia por aí (vide as eleições na Itália). Só ele para sair de uma prisão de um ano me meio, ser candidato por um partido espancado por uma ação jurídico-midiática, enfrentar um cara que já era presidente, com a caneta na mão e despejando dinheiro a rodo, e claro, fazendo campanha eleitoral desde que tomou posse, e, assim mesmo, vencer, colocando mais de 6 milhões de votos acima dos obtidos pelo sujeito. Fantástico. Se metade dos eleitores do Ciro, que fizeram voto útil votando no Inominável, escolhessem Lula, hoje estaríamos festejando.


“Confesso que senti Muita saudade do lugar onde aprendi A caminhar com as pernas tortas de Mané E respeitar que cada um tem sua fé A me encantar com a negra voz de Mãe Quelé E pelas doces mãos de Cosme e Damião Levar Jesus ao Candomblé”


Tudo bem moçada, todos em campo para a prorrogação. Rumo ao título. O campeão do primeiro turno é sempre o campeão brasileiro. O Brasil não é lugar para o fascismo se estabelecer. O Samba nos salva.


“Nesse sonho ruim que eu me via Nem a poesia falava por nós Tantos versos sem ter melodia Canção não havia ninguém tinha voz E pisando meus pés nos espinhos Cantava baixinho Nelson Cavaquinho O Sol vai brilhar outra vez Tirando a dor do caminho” (Sonho Estranho – Chico Alves e Moacyr Luz)


 

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