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Dia do Meio Ambiente é todo Dia!



Suzana M. Padua - Instituto Ipê

Suzana M. Padua


Esquecemos que somos natureza! Esquecemos que precisamos de ar puro, água limpa, terra fértil, biodiversidade, elementos naturais de boa qualidade. Agimos como se o planeta fosse infinito e nos assustamos quando há escassez de qualquer recurso natural que presumimos estaria disponível para sempre. E quando o meio ambiente, depois de maltratado com desmatamentos, por exemplo, responde com deslizamentos de terras ou enchentes em meios urbanos, causando imensos desgostos, a natureza é responsabilizada pelas desgraças. Outro cenário comum é abundância de lixo e agrotóxicos jogados nos rios, que torna a água inadequada ao consumo humano. Problemas que derivam de atitudes irresponsáveis levam à insustentabilidade socioambiental, e são muitas vezes, mal interpretados para aliviar a culpa de quem causou, mas raramente resultam em mudanças concretas de posturas. A humanidade tem dificuldade de perceber que os desastres se originam de ações que partem dela mesma.


O mais grave é que todos esses exemplos, além das consequências evidentes, ainda são intensificados por perdas menos óbvias, como o desaparecimento de espécies que faziam parte dos cenários naturais em equilíbrio, ou o aparecimento de pragas decorrentes dos impactos das ações humanas, ou até pandemias como a que assolou o mundo nos últimos dois anos. O empobrecimento do meio natural prejudica a todos, inclusive a humanidade, seja em relação à saúde, ao bem-estar de uma forma geral, ou às condições econômicas, que poderiam estar propiciando oportunidades disponíveis se os ambientes fossem sadios. Os pobres no Brasil padecem mais das externalidades ambientais dos que os mais abastados, que têm condições de vida melhor em todos os sentidos e um leque amplo de opções. Aliás, essa é uma verdade planetária, pois as nações desenvolvidas investem em soluções rápidas e com tecnologias avançadas para as crises que surgem, enquanto países menos favorecidos enfrentam consequências anos a fio dos desastres ambientais que ocorrem.


Acontece que o planeta é finito e a vida deveria ser cuidada como um bem precioso, não porque queremos tirar proveito imediato, mas pelo valor que cada espécie ou elemento natural tem. Tudo o que vemos na natureza é parte de um processo evolutivo que levou milhares de anos para ser o que é, e compõe a teia de vida da qual dependemos.


Há muito se percebe a necessidade de se manter o equilíbrio entre o social, o ambiental e a economia. Esse é o famoso “triple bottom line”, proposto por John Elkington em 1997. Hoje esse tripé da sustentabilidade passou por algumas mudanças e deu origem ao ESG, sigla em inglês que representa Ambiental, Social e Governança, e tem sido abraçada por empresas e pelo setor financeiro. No fundo, há séculos que a economia vem regendo as escolhas e as prioridades a serem adotadas pela maioria, principalmente entre tomadores de decisões. Se o ESG pegar, quem sabe teremos mais chances de valorizar o que de fato tem valor – natureza e todos os seus elementos, e condições sociais dignas para toda a humanidade. Isso porque o mesmo desrespeito que se observa em relação à natureza se torna evidente também frente a outros seres humanos. Ora, respeitar a vida deveria ser compreendida de maneira ampla, seja com gente ou outras espécies e elementos naturais.


Um budista que admiro muito, Thich Nhat Hanh, defende o princípio que chama de “interser”. Sua metáfora é com uma folha de papel, que só existe porque o sol brilhou para que a árvore crescesse e se tornasse a origem do papel. Por isso, segundo ele, o papel e o sol “Intersão”. O mesmo ocorre com a chuva, que ajudou a árvore a se desenvolver, e assim, a água e o papel “intersão”. Depois menciona o lenhador, seus pais, o trigo que comeram, o ar que respiraram e assim por diante. No final, aquela simples folha de papel contém o universo. Todos os seres e elementos “intersão” para que a vida exista. Hanh defende que essa deveria ser uma palavra adicionada ao dicionário por sua importância na compreensão do que é a vida.


Parece simples, mas a simplicidade tende a ser profunda. A compreensão de uma visão tão abrangente mexe com os valores da humanidade. Se passarmos a compreender nossa ligação com o mundo natural, a existência de cada ser adquire maior relevância. E isso pode trazer cuidados que não vêm sendo praticados, razão pela qual o planeta se encontra em tantas crises, inclusive a climática.



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A consciência de sermos natureza e dependermos de todos os elementos em bom estado não tem resultado em mudanças em nossa postura e comportamento. É uma noção tão simples, mas não incorporada pela maioria. Se fosse, quem sabe nossas ações mudariam? O fato é que mudar é sempre desafiante porque as pessoas escolhem o caminho mais curto, mais fácil, mas raramente o melhor para a coletividade e para a perpetuação da vida tal como a conhecemos.


O momento é de transformar tudo o que possa nos levar a perceber a grandeza de estarmos conectados com a totalidade do que existe no universo. A troca é constante e contínua e dependemos do todo para continuarmos a existir nesse planeta. A interdependência precisa ser compreendida e celebrada porque traz uma dimensão grandiosa a nossa existência.


Daí a importância de celebrarmos o Dia do Meio Ambiente todos os dias do ano!


 

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