De tudo se faz canção – O Clube não envelhece
“Quando Lô Borges dizia que o clube que frequentava era o ‘da esquina’, ele não fazia ideia de que, um dia, aquele apelido carinhoso que deu à esquina onde tocava seu violão madrugada adentro seria nome de música (duas!), nome de disco (dois!) e nome do movimento musical que colocou Minas Gerais no mapa da música brasileira. Visionário e já com um caminho trilhado, Milton Nascimento (Bituca) talvez tivesse uma intuição de que estava fazendo história ao exigir da gravadora a permissão para produzir um LP duplo (coisa rara naqueles tempos) e, dividindo o foco com um jovem desconhecido de Belo Horizonte”.
O parágrafo acima foi escrito pela jornalista, cantora, autora, pesquisadora musical e doutora em literatura entre outras coisas, Chris Fuscaldo e abre o livro 'De Tudo Se Faz Canção - 50 Anos do Clube da Esquina’. Ela divide a organização da publicação com Márcio Borges, que dispensa apresentações logicamente. A obra, de 300 páginas, bilíngue (português/inglês), conta a trajetória em que deu a expressão do jovem Lô: um disco histórico, líder do ranking dos 500 maiores álbuns da nossa música e um movimento que escreveu um capítulo importante e definitivo na MPB.
No livro, a biografia do álbum e da canção título é recheada com os depoimentos dos protagonistas dessa saga, entre eles Milton Nascimento, Márcio Borges e o próprio Lô. A peça inclui ainda análises e histórias imperdíveis das faixas do disco, além de um acervo fotográfico esplendoroso. Fora toda a importância documental, o livro é uma obra de arte, editado pela Garota FM Books, que tem como editora, essa valente e polivalente menina, Chris Fuscaldo. Os apoiadores culturais que ajudaram na publicação: UBC, Agência Fato Relevante, Weplay Music, FG Cidadania Italiana, Coletivo Magenta e mais quatro que estão localizados num lugar mágico no alto da Serra.
Esse lugar mágico está encravado na Serra da Mantiqueira, no Sul Fluminense, que põe nas alturas as divisas dos estados do Rio e das Minas Gerais. É a região de Visconde de Mauá, que engloba vilas que pertencem aos municípios de Resende e Itatiaia, do lado fluminense, e da mineira Bocaina de Minas. Na entrada deste prestigiado destino turístico fica a Vila de Mauá, um lugarejo, cujo núcleo urbano, conta com uma rua de duas mãos e algumas poucas transversais. Tudo embrulhado naquela atmosfera simples e charmosa da montanha. São de lá os apoiadores: a deliciosa 'Cerveja Artesanal Visconde de Mauá', a 'Casa Beatles', um bar/espaço dedicado à memória dos "garotos" de Liverpool, o 'Centro Cultural Visconde de Mauá' com arte e cultura o ano inteiro e, o 'Sol Maior', também cultura e arte, onde o livro foi lançado dia 19 passado, em noite concorrida e cheia de emoção.
A 'Sol Maior', que é também uma kombucheria, fica próximo da Ponte dos Cachorros, que liga as margens do Rio Preto, a divisa natural entre mineiros e fluminenses. Essa especial noite de autógrafos foi enriquecida com as apresentações da 'Banda Liberdade', liderada pelo Leandro Souto Maior, da 'Casa Beatles' e do ótimo 'Coral do Visconde', regido pela dinâmica Márcia Patrocínio, que comanda o Centro Cultural Visconde de Mauá. Casa lotada. Um acontecimento. Eu, já meio entorpecido pelo intenso clima emocional reinante e por algumas calibradas - claro, ninguém é de ferro - viajei vendo Márcio Borges com os cabelos totalmente brancos. Chegou tropeçando à mente uma imagem enviesada: os sonhos não envelhecem, mas os donos do verso, sim. Mas isso não tem nada a ver e ele está muito bem. Até mentiu, me respondendo que não compõe mais. Adquiri o livro com as respectivas dedicatórias, e, copo em punho, recalibrei o espírito, me deixando levar pela sensação pretensiosa de fazer parte dessa história fenomenal. Estive nessa empreitada com o músico Gabriel Sampaio, que é o cavaco do grupo de choro 'Nós nas Cordas'. Viva o Clube da Esquina! Obrigado Chris Fuscaldo e Márcio Borges. Feliz 2023 a todos.
"Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás Ao primeiro passo, asso, asso Asso, asso, asso, asso, asso, asso Porque se chamavam homens Também se chamavam sonhos E sonhos não envelhecem Em meio a tantos gases lacrimogênios Ficam calmos, calmos Calmos, calmos, calmos E lá se vai mais um dia E basta contar compasso E basta contar consigo Que a chama não tem pavio De tudo se faz canção E o coração na curva De um rio, rio, rio, rio, rio E lá se vai... E lá se vai... E o rio de asfalto e gente Entorna pelas ladeiras Entope o meio-fio Esquina mais de um milhão Quero ver então a gente, gente Gente, gente, gente, gente, gente" (
Clube da Esquina 2 - Lô Borges/Milton Nascimento/Márcio Borges)
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