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De pombos e celebridades e A morte da dupla Zezé Di Camargo e Luciano


Zezé Di Camargo e Luciano. fonte: rede social

Eu estava um dia desses numa cidade que não conhecia. Para não me perder, procurei uma referência nas proximidades. No canteiro da avenida principal havia um busto. Aquela estátua em plano americano: ombros e cabeça. Homenagem a alguma personalidade da história local, certamente. O busto ficava exatamente em frente a uma ruazinha perpendicular. Nessa ruazinha, bem lá na frente, ficava o meu hotel. A princípio não me chamou atenção um pombo pousado na cabeça do busto. “Pombo adora pousar nas cabeças das estátuas e fazer seu vandalismo fisiológico”, pensei. Mas quando voltei a encarar o busto, lá estava o pombo, paralisado. Conclui que ele fazia parte do monumento. Achei a maior graça e segui meu caminho imaginando que até a caca do pássaro-vândalo era de mentirinha. Fazia parte do conjunto. E fui ruminando pensamentos. “Caramba que cidade interessante. Já sabendo da mania dos pombos eles colocaram no busto, um de mármore, ou cimento, ou sei lá que material”. Não dava para precisar a distancia. Mas fiquei encantado com a cidade “diferente” e com o bom humor de seus administradores, seus governantes.

No dia seguinte saindo pela ruazinha e desembocando na Avenida Central lancei automaticamente os olhos para o busto. Já me sentia familiar daquele gracejo urbano. E aí veio a decepção. Não havia pombo algum na cuca do busto. Cheguei perto e me certifiquei que a caca era mesmo real. “Pombos vândalos”. Pensei comigo. Os pombos são iguais em qualquer metrópole. São capazes de tornar os bustos meros depósitos cinzentos e inexpressivos de seus desafogos intestinais. Os ratos voadores, como dizem, em contrapartida, são os seres vivos que mais dão atenção aos bustos, quase anônimos e estáticos em meio à correria dos cidadãos apressados no seu pra lá e pra cá. Coadjuvantes uns dos outros. A morte da dupla Zezé Di Camargo e Luciano A história do galo começou com um susto que a Mayra levou quando os bichos (eram dois) cantaram na oficina de encadernação do Juarez. Como um cantava fino e o outro desafinado, Juarez, tremendo gogó seresteiro, os batizou de Zezé Di Camargo e Luciano. Mas, diferente da dupla goiana, eles teriam vida curta como cantores. Iriam dessa pra melhor ensopados com batatas. A encomenda fora feita ao Juarez que tem em casa um fogareiro de concreto que é um espanto. No dia marcado e depois de horas de cozimento, a carne dura das aves tava que era uma paina boiando com as batatas no panelão. Só de imaginar, o Cérgio (com C) estava com a boca cheia d’água. Ele era um dos convidados para a comilança no sábado à tardinha. Nem almoçou, já saboreando mentalmente a iguaria.

Na hora de fechar a Adega, seu estabelecimento, chegou de carro o Vander, que não topa carne boiando. “Carne boiando só a comadre na banheira”, costuma dizer. Mas aceitou o convite de última hora só de farra. Em troca deu carona ao Jura. Baiano, outro conviva, entrou no seu fusca e foi atrás. Na gula e devido à ventania provocada pelos eflúvios do nectar de cana caiana de Areias, esqueceram-se do Cérgio na porta da Adega com cara de bobo e o ferro de fechar a porta na mão. Chisparam. Até hoje, aguado, Cérgio desliga o rádio sempre que toca Zezé Di Camargo e Luciano.


 

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