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COLCHA DE RETALHOS



 

Dia desses, estava lendo uma entrevista com o grande Mário Prata, jornalista, autor de peças de teatro, roteiros de filmes e cronista de longa data. Disse que tem mais de três mil crônicas escritas, mas que mil delas não prestavam, e eram puro lixo. Disse mais: que a crônica brasileira está morrendo, porque as atuais são mais artigos do que crônicas em si.  Parece que a carapuça caiu direitinho em mim. Tenho síndrome de carapuças vestidas. Sou um mero iniciante, e, assim, aprendiz da arte da crônica  ̶  aquele que engatinha pelos mistérios de como transformar o cotidiano em palavras que possam deslocar o leitor de algum lugar para outro. Confundi-lo. Alterá-lo. Algo que o mova nessa terra desolada.


Como poeta há 31 anos, sempre estive “preso” às condições do poema. E, tolinho, pensei que nas crônicas o sentimento fosse diferente, somente porque é prosa e não poesia. Estrondoso engano. Mesmo inicialmente motivado por uma certa liberdade que não sei usar, tenho em mim essa constatação da qual o Mário falou, da minha crônica não ser crônica e, sim, artigos empíricos, e, pior, metidos à besta. Ó mundico cruel...


Mas uma coisa nunca mudará em mim, seja com a pena de poeta ou a de cronista: o olhar atento às banalidades do cotidiano: À sandália da garota, ao deboche do menino, ao sorriso entre desconhecidos, ao perfume do jardim da vizinha, à sombra da esquina, ao rosa sempre ligeiro da formação, à aurora e ocaso, multicoloridos, ao vento do corredor.


Diante do imprevisível, não é sobre nada disso que eu gostaria de escrever. Me lembro de uma entrevista do poeta maior, Ivan Junqueira, a Edney Silvestre, para o extinto GloboNews Literatura em que, perguntado pelo repórter do porquê que seus poemas não falavam de engajamentos políticos, panfletários ou sociais, ele respondeu que, em sua opinião, na arte que ele fazia, não cabia esse tipo de assunto, e que isso não queria dizer, em hipótese alguma, que ele não sabia de tudo o que estava acontecendo no mundo ou que não era solidário às causas que achava justas. Aquele velho negócio que o ser humano tem dificuldade de entender, mas a filosofia de botequim traduziu muitíssimo bem: uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.


Hoje, vejo nas redes, centenas de poetas “revolucionários”, que se incomodam com tudo por detrás das suas mesas, ao ar condicionado... Cada um escreve sobre o que quiser, mas, em sua imensa maioria, são muito ruins, com textos mais rasos do que córrego de calçada, ultrapassados, falsamente doloridos, distorcidamente verdadeiros, emocionalmente clichês e, no pior dos mundos, que cobram posições de outros, a partir de seus próprios desentendimentos  ̶  a partir do nada, portanto. A internet, salvo raras e justas exceções, é um mar de lama literária. Um oceano de umbigos. Um pântano de vaidades descartáveis.


Esta crônica parece uma colcha de retalhos, sem eira nem beira, começa assim, passa pelo assado e pode terminar no assim assado.


Se aparecesse um Gênio na minha frente, eu teria somente um pedido a fazer, e dispensaria os outros dois. Eu pediria que ele me esvaziasse, que eu pudesse pôr decibéis nos meus silêncios.


Ah... Isso sim seria incrível.


 

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