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Carta de Amor e Saudade.


Mario Lago Filho

Em 2011 Alex, o grande amor, morreu.

De repente, dormindo.

Sem nenhum aviso.

Na época mandei essa carta pra Valerie e Rob, na Inglaterra.

Minha filha Juliana traduziu para mim.

Hoje, depois de me dar conta de que estou com 66 anos, me lembrei dela (Alex) mais uma vez.

Segue a carta.



Queridos Valerie e Rob, espero que essa mensagem encontre vocês em paz e de bem com a vida.

Ando pensando muito no amor e na saudade e em como eles podem nos trazer alegria e conforto, quando a lembrança nos dá a certeza de que fomos abençoados por compartilhar um momento sublime da criação.


E Alex, com toda certeza, foi um desses momentos sublimes da criação.

Talvez ela tenha errado em não nos preparar para não tê-la por perto e nos ensinar como seguir em frente com a mais pura simplicidade – ela, que sempre soube transformar tudo na mais pura felicidade.


Talvez apenas quisesse nos dar a liberdade de sofrer a nossa própria dor para podermos renascer alguma vida melhor – ela, que sempre foi livre e renasceu tantas vidas.


Nos conhecemos na Lapa, já alta madrugada, vindo de rodas de sambas diferentes e parando no mesmo botequim, na intenção de beber as últimas cervejas antes de voltar para casa.

Fiquei tão enfeitiçado por aquele sorriso, aquele jeito de olhar, aquela maneira corajosa e confiante (e quase irresponsável) de encarar o mundo, que nem consegui ser gentil, o que me deu a certeza de que não teria outra chance de falar tudo isso.


Porém, para minha sorte e surpresa, ela também acreditava em amor à primeira vista (eu devia ter desconfiado), era muito mais sábia do que eu (eu devia ter percebido) e era toda ela um imenso coração (eu devia ter apostado desde o primeiro momento).

Me procurou e permitiu que eu abrisse o coração – meu descrente coração que eu havia trancado a sete chaves.


E meu mundo mudou e minha vida ganhou novas cores.

Foram seis anos que valeram toda uma existência.

Ela me contou dos lugares por onde passou e das pessoas que conheceu, sempre com a maior ternura.


Me deu felicidade e me fez ter felicidade tentando fazê-la feliz.

Seu carinho foi meu aconchego.

Seu sorriso, minha recompensa.

Às vezes, ela ainda passeia por aqui, sempre sorrindo e me lembrando nossa jura de viver a vida com prazer, comprometimento e alegria.

Pensei demais antes de mandar esses fragmentos de todas as muitas Alexandras que existiam numa só Alex.

Mas compreendi que só aconteceu tudo isso porque vocês (e principalmente você, Valerie) estiveram sempre com ela.


Por isso, não creio que essa carta será motivo de tristeza, como Alexandra nunca poderia ter sido.

Infelizmente, meu trabalho acaba sempre inviabilizando meus planos de visitá-los, mas acredito de verdade que estamos juntos.

Juliana planeja ir a Londres no meio do ano e está na maior felicidade, porque gosta muito de vocês.


Aqui, a casa e meus braços estarão sempre abertos.

Com amor, saudade e gratidão pelo lindo presente que vocês me deram.

Mario.


Ps: Juliana não foi à Inglaterra e a carta não teve resposta, mas isso pouco importa.

Até a próxima esquina.


 

Família Mário Lago, muito talento junto.

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