Carnaval ou retiro espiritual? Essa dúvida não me consome!
Recebi, em final de janeiro, mensagem de amigos da serra lembrando que a data para reservar a pousada do retiro espiritual, durante o feriado de carnaval, estava acabando. Depois de ler a mensagem pela terceira vez, não consegui evitar perguntar, que merda é essa? Imediatamente lembrei do bloco que desfila em Ipanema, na rua Garcia D´ávila, domingo de carnaval.
Aproveitei que estava na cozinha e que a geladeira me olhava para abri-la e procurar uma cerveja, que me ajudasse a desvendar o mistério ou o equívoco. A esta altura do campeonato qualquer esquecimento é preocupante. Juro que não lembro de ter bebido com eles, nessas comemorações de fim ano, tanto ao ponto de ter concordado com a ideia do retiro.
Engraçado é que, desde outubro, eu e vários companheiros de folia peregrinamos por diversas repartições -bombeiros, polícia civil, PM, Prefeitura, Riotur – atrás do “nada opor” para realização de desfile carnavalesco. Não acredito ter sido possível que eu tivesse dito “nada opor” a qualquer conversa que incluísse a simples ideia do retiro, mesmo se tratando de uma simpática pousada, de estilo indiano, escondida na serra e cheia dos gueri-gueri transcendentais. Refeito da surpresa encaminhei mensagem pedindo desculpas pelo aparente mal-entendido.
A única vez que uma ideia como essa passou pela minha cabeça foi durante a pandemia. Devo ter pensado, no retiro forçado experimentado por todos nós, que, se saísse dessa, faria um retiro pra valer.
Confesso que sempre achei curioso que essa fosse opção de muita gente durante o reinado de Momo. Para mim essa possibilidade sempre foi da ordem do inconcebível. Gosto mesmo de multidão, de abraços, samba, suor e cerveja, mas, por força do isolamento, cogitei que estavam dadas as condições para realizar essa experiência. Erro total! Nunca se falou, se fez e debateu carnaval como durante a dupla provação: da pandemia e do governo do futuro detento.
Sempre que pensei em sair do Rio de Janeiro no carnaval a opção do retiro espiritual nunca estava colocada. As opções carnavalescas me tomam de assalto. A possibilidade de conhecer outros carnavais sempre foi uma ideia sedutora.
Talvez, o que mais se aproximasse do retiro seria participar da festa da Virgem da Candelária, patrona da cidade de Puno, no Perú, na fronteira com a Bolívia. A altitude de 4000 metros sobre o nível do mar, e o Pisco descendo generoso pela garganta para amenizar o frio, na certa acalmaria o espírito.
Poderia, depois de atravessar o Lago Titicaca, participar do carnaval de Oruro na Bolívia e, descendo um pouco mais, entrando na Argentina, encontrar os povos da Quebrada de Humahuaca celebrando o carnaval associado ao culto da terra ou Pachamana, símbolo da pureza e fertilidade.
A opção pelo carnaval de Barranquilla no caribe colombiano, me seduz faz tempo. Declarado pela Unesco Obra Mestra do Patrimônio Oral e Intangível da Humanidade, a celebração me colocaria em contato com as marimondas personagem que, com suas máscaras coloridas com longos narizes e grandes orelhas, agitam o carnaval de Barranquilla até o enterro de Joselito carnaval na quarta-feira de cinzas.
Claro que experiência gaditana, no carnaval de Cádiz, no sul da Espanha, faz tempo que me diz com sotaque andaluz: disfrutame! Assim como me chama, cada ano, com maior intensidade, o carnaval de Sesimbra, simpática vila situada nos pés da Serra da Arrábida, a poucos quilômetros de Lisboa.
Dá para perceber que opções não faltam. Esta semana, por exemplo, fui arrebatado pela grandeza de Pedro Ernesto colocando o centenário Cordão Bola Preta na avenida. Bloco que comove e contagia milhares de foliões, entre eles, o Chaves, alter ego do meu querido amigo e parceiro Guilherme Sá. Cada vez que orquestra começa a executar os acordes da marchinha de autoria de Nelson Barbosa e Vicente Paiva, meu amigo não contém as lágrimas e na certa, não é o único.
Motivos para cair na folia não faltam, blocos também não! Não há dúvida que o retiro será adiado sine die.
Resolvida essa questão, informo que hoje, terça-feira 13, vou ao encontro de meus amiigos no bloco Meu Bem, Volto Já! Que festeja, no seu desfile no Leme, 30 anos de história e o centenário da publicação do Manifesto da Poesia Pau Brasil, de Oswald de Andrade, que morou no Leme em 1939, no Edifício Tietê. Pelo visto, Oswald saiu de São Paulo, mas São Paulo não saiu dele! Piada Pronta não dá para dispensar.
Vamos lá que abraços, beijos e cerveja não faltarão.
Plataforma Digital Impulsiona Diversidade Artística no Carnaval e na Indústria Musical
O Carnaval, efervescente expressão cultural, engloba uma ampla gama de manifestações, desde as grandiosas escolas de samba até os tradicionais blocos de sujos e trios elétricos. Por meio da música, dança e dramaturgia, essas festividades geram emprego e renda, movimentando a economia e enriquecendo a identidade cultural brasileira.
Nesse cenário, a Cedro Rosa Digital, fundada pelo produtor e músico Tuninho Galante, desempenha um papel fundamental. A plataforma não apenas certifica e distribui obras e gravações musicais, mas também promove a diversidade artística, viabilizando a participação de artistas de diferentes vertentes do Carnaval.
Ao simplificar a gestão e comercialização das criações artísticas, a Cedro Rosa Digital contribui para a valorização dos músicos, compositores e demais profissionais envolvidos na cadeia produtiva do Carnaval. Essa abordagem não apenas promove a transparência e eficiência na indústria musical, mas também impulsiona a sustentabilidade financeira dos artistas, gerando impactos positivos durante toda a festividade carnavalesca.
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