Babel
Dizem que a lenda bíblica da Torre de Babel tem o propósito de explicar a existência de muitos idiomas no mundo. Só que esses diferentes idiomas passaram a existir entre os construtores da torre porque Deus quis que eles não mais se entendessem. Me pergunto qual lenda explicaria o fato de as pessoas reais que falam a mesma língua não se entenderem, ou pensarem que se entendem enquanto são incapazes de perceber os motivos de cada uma ou melhor, o ângulo de onde estão vendo a realidade. Isso aconteceu e acontece sem precisar um golpe de Deus. Mas sim do tempo.
Desde que meus filhos são adolescentes, me dei conta de que mesmo que tenhamos assuntos em comum, eles como jovens tem urgência de viver e, simultaneamente, a atitude de dispor de todo o tempo do mundo. Enquanto isso, a pessoa mais velha como eu sente a limitação do seu tempo, mas frequentemente carece de urgência, se torna mais ponderada pra algumas coisas e cansada para outras. Moços e velhos têm uma noção de tempo completamente diferente. Para ilustrar com casos extremos, um ano para uma criança de dois significa a metade da sua vida enquanto para uma pessoa de sessenta o mesmo período de tempo é somente uma pequena fração da vida dela, precisamente 1/60. Para os moços, o tempo é muito mais longo do que para os velhos, mas além desses extremos, ele também é diferente entre idades não tão distantes entre si. A mulher na casa dos trinta que ainda não teve filhos já se preocupa com a redução dos anos de que dispõe para tê-los, enquanto o homem pode deixar rolar até muito mais tarde, quer dizer, pode ver o fato de procriar através de um tempo muito mais longo. Isso é suficiente para botá-los em mundos diferentes.
A adolescência de nossos filhos é quando mais se nota essas disparidades. Quando minha filha tinha quinze anos, me pareceu que tinha mudado da noite para o dia. Eu e ela éramos inseparáveis mas ela começou a me tratar como uma estranha. Parecia-me que até a véspera eu havia sido uma musa pra ela e de repente virei alguém que a constrangia. Muitas vezes, ela demonstrava ter vergonha tanto de mim quanto de seu pai. Quando eu e ela estávamos sós na casa em que primeiramente moramos em Boulder, ela `as vezes me dava uma imagem tão estranha de mim mesma (pois o nosso sentido de identidade também depende do que refletem as pessoas mais próximas de nós) que um dia tive que parar e apalpar as paredes `a minha volta e ter certeza de que eram solidas e eu não estava alucinando, pois aquela altura já não mais sabia quem eu era. Estávamos numa casa alugada que era imensa e caindo aos pedaços. Meu marido se encontrava numa viagem de negócios, e meu filho, que era a única pessoa que conhecíamos que já morava em Boulder, tinha viajado para participar do Burning Man no deserto em Nevada. Durante aquela fase, eu constantemente me perguntava o que tinha feito para me encontrar no limbo em que estava. Aí, me dei conta de que a mudança que eu sentia ter sido súbita em minha filha, na verdade havia levado uma eternidade na vida dela. Pois se a passagem da infância pra adolescência é rápida para nós, para quem a vive é super longa. Envolve a total transformação da pessoa, e transformações radicais acontecem na eternidade.
Como sugeri, isso ocorre pela vida afora entre todos nos, desde que até mesmo diferentes faixas etárias vivem diferentes noções do tempo. E o tempo, vamos combinar, é o que funda o universo de cada um. Para uma formiga, um dia é tudo. Para nós, um dia não passa de uma transição. Não sou solipsista, mas quando me dei conta disso, percebi que na maioria das vezes as pessoas falam para si mesmas e a sua troca verbal é um ricochetear daquilo que dizem pois cada qual continua vendo a realidade através de “línguas” diferentes. Mesmo que falem o mesmo idioma. A morte para um velho é uma iminência, para um jovem é uma abstração.
Quando minha avó e meu pai se queixavam de cansaço e velhice, eu os achava dramáticos e chatos. Embora os dois fossem cronicamente deprimidos, hoje eu posso compreender melhor as suas queixas.
Se eu tivesse que inventar uma lenda para explicar a incomunicação entre as pessoas, ao invés de culpar Deus, atribuiria todo o problema ao Tempo. Enquanto este distancia as pessoas no mundo interno delas, o seu melhor amigo, o Espaço, as separa no mundo externo. A dupla que fazem parece mesmo a própria queda do paraíso: o exílio da eternidade. Mas esses dois dão melhor conta da dificuldade (em muitas vezes impossibilidade) de comunicação entre as pessoas, do que o deus vingativo e competitivo do velho testamento poderia dar. Melhor do que a existência de idiomas diferentes! Não só isso, enfraquecem a verdadeira e única comunicação universal, essa que fala `as pessoas, como às plantas, como aos animais: o Amor.
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