AMIZADES SUSPEITAS
- Jose Roberto Sampaio
- 4 de ago.
- 3 min de leitura

Vi um documentário sobre um notório bicheiro. Muito interessante. Retrata a biografia deste folclórico cidadão, em um período de nossa história recente. Uns 40 ou 30 anos atrás. Chamou-me atenção uma circunstância. A proximidade deste indivíduo com as autoridades, incluindo policiais.
Os bicheiros, por muitos anos, mantiveram uma imagem pública positiva. Adotaram uma estratégia de marketing inteligente. Investiram pesadamente em carnaval e futebol, associando sua imagem a duas paixões cariocas. O público, em geral, gostava dos bicheiros daquela época, tinha muita simpatia por eles. Não acreditavam que pudessem praticar crimes graves. Para a população do Rio, os bicheiros eram meros contraventores. Existia até uma áurea de romantismo envolta a estes personagens, um pouco parecido como os gângsters representados nos filmes de Hollywood.
Este documentário, também registra como, nestes tempos, era comum se ver políticos, magistrados, empresários e, até mesmo, policiais, em encontros públicos com bicheiros, sem que houvesse qualquer estranhamento. Tudo pareceria muito normal.
Somente mais recentemente, com a revelação de práticas criminosas graves, como assassinatos e tráfico de drogas, por parte destes “contraventores”, que se passou a mudar esta percepção. Hoje, não há mais romantismo algum na vida de um bicheiro. As pessoas têm mais medo do que simpatia e admiração.
Esta promiscuidade entre autoridades e bandidos, lamento dizer caro leitor, não me parece coisa do passado. Veja o que presenciei recentemente, quando estava contemplando as belezas do mar.
Chega uma lancha grande. Homens de calção de banho e mulheres de biquíni dançando. O marinheiro montando a churrasqueira, na popa. O barco estava próximo a arrebentação. A regra, para a praia do Leblon, é a de que as embarcações, com com instalações sanitárias, somente podem ancorar, respeitada a distância mínima de 100 metros. O yacht deveria estar a uns 50 metros.
Confesso que olhei rapidamente esta cena e logo em seguida voltei minha atenção para o arquipélago das Cagarras. Não há consenso sobre a origem deste nome. A versão mais aceita é a de que adviria da quantidade de excrementos de pássaros nas rochas em que estes animais se abrigam em abundância. Faz sentido. Cagarras é o nome da ilha mais conhecida, que dá nome ao conjunto. Há outras, entretanto, como a Ilhota Filhota da Cagarra, Palmas, Comprida, Redonda, Ilhota Filhote da Redonda e Rasa.
Enquanto relaxava, contemplando este lindo arquipélago, chamou-me a atenção a aproximação de uma lancha da capitania dos portos, em direção ao iate. Nesta altura, já se via a fumaça saindo da grelha. O churrasco já havia começado. Não conseguia ouvir, mas presumo que tivesse música alta tocando, pela animação dos convivas. Pela movimentação das meninas, deveriam estar tocando funk ou pagode.
Pensei: “Acabou a festa”. Passei a observar os desdobramentos da visita da capitania. Era um bote do tipo Zodiac, com um ou dois motores, não me lembro bem. Um policial estava à frente. Parecia tentar se comunicar com alguém no barco maior. A lanchinha deu uma, depois outra volta. Aproximou-se e encostou. Desceram duas pessoas. A festa não pareceu ter sido interrompida. Não consegui ter certeza. Não estava perto. Pareceu-me que não houve solução de continuidade. Prosseguia o convescote.
Dispersei-me por um momento. Alguém veio falar comigo. Quando voltei a olhar para o iate, o Zodiac não estava mais lá. Fiquei pensando: “Será que aplicaram multa e foram embora? A Capitania não deveria ter obrigado o lanchão, ao menos, a respeitar o limite de distanciamento da praia?”
O fato é que o iate permaneceu onde estava. O churrasco seguiu normalmente. Fiquei na dúvida se os dois policiais que desembarcaram, não ficaram por lá mesmo. Não duvidaria. Os antecedentes desde nossa cidade, infelizmente, não nos recomendam. Tampo vai, tempo voa e o carioca continua numa boa!
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