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A verdadeira riqueza do Brasil


Suzana M Padua

Suzana M. Padua, Doutora em educação ambiental e

Presidente do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas



O Brasil é um dos países mais ricos em biodiversidade do mundo. Infelizmente, a maioria dos brasileiros não parece valorizar essa riqueza à altura que merece. Com isso, temos perdido muito de nossa natureza, sem as devidas reflexões do porquê e do como poderíamos estar agindo diferentemente. Derrubar florestas com milhares de espécies e repô-las com uma única, em produções de monocultura, deveria ser inadmissível. E é o que ocorre no Brasil até os dias de hoje. Foram ciclos após ciclos (pau brasil, açúcar, café, borracha, ouro e agora soja e uma nova onda de ouro com exploração ilegal que contamina e arrasa tudo o que o cerca), como mostra José Augusto Pádua em artigo de 1987. Estamos sempre destruindo a natureza com o foco em ganhos de curto prazo, em geral para exportação, sem a preocupação de proteger a riqueza natural nacional. Se as pessoas tivessem a noção do valor intrínseco dos elementos naturais, das espécies, dos ecossistemas, dos biomas, estariam defendendo esse patrimônio que é nacional, mas sobretudo é planetário.


O grande valor é a vida em toda a sua manifestação. Ou seja, a riqueza está em cada pedacinho de terra com matas nativas, cada espécie viva, inclusive as endêmicas (aquelas que só existem em determinadas localidades), cada nascente ou curso d’água, cada ecossistema com infinidades de elementos naturais. A diversidade que existe em manguezais, florestas, oceanos, rios, charques, savanas, ou em qualquer recanto natural é resultado de um processo de evolução que levou milhares de anos para que existisse. Apenas por essa razão tudo na natureza deveria ser celebrado e merecer atenção plena e cuidados incessantes.


O Brasil não é o único que vem sofrendo perdas irreparáveis. No livro, Colapso, de 2010, Jared Diamond mostra que o cidadão dos Estados Unidos também não leva o meio ambiente a sério e as consequências são enormes territórios desmatados, erosão e assoreamento de rios, escassez de água e desaparecimento de espécies.



Playlist de Samba-Jazz e Chorinho, na Spotify.



Muitos dos países mais avançados já passaram por épocas de grande exploração da natureza, intensificada com a Revolução Industrial que exigiu aumentos exponenciais de elementos e matérias primas advindas de recursos naturais, o que ocorreu sem grandes questionamentos. Clive Ponting, em seu livro A História Verde do Mundo, de 1991, já havia chamado a atenção que muitas civilizações colapsaram quando desrespeitaram e não protegeram a natureza, e a lista de exemplos no decorrer da história incluem Ilha de Páscoa, Egito, Grécia, e muitos outros até os dias atuais.


Talvez com essa compreensão hoje os países mais desenvolvidos vêm regenerando seus habitats naturais, enquanto os economicamente desfavorecidos (que em geral são os mais ricos em biodiversidade por estarem próximos à linha do Equador) enfrentam imensos desafios na recuperação dos danos e externalidades causados pelo desenvolvimento irresponsável e insustentável que adotam. Uma vez estragado é difícil restaurar, pois, segundo Diamond, é mais oneroso recuperar o meio ambiente do que protegê-lo.

Quando ocorrem desastres ambientais severos como enchentes, estiagens, assoreamento de rios, contaminações, entre outros, as nações mais desenvolvidas investem rapidamente e sanam os danos, enquanto países mais pobres permanecem com as consequências por muito tempo, agravando as condições socioambientais de suas regiões.


Ao mesmo tempo em que há nítidas evidências do desequilíbrio em que se encontra o mundo atual com ameaças reais à sobrevivência de nossa própria espécie, os hábitos e valores da humanidade persistem em permanecer semelhantes aos do passado. Só que agora, com tecnologias avançadas, os efeitos são incomparavelmente mais graves. Por exemplo, um homem que saia para caçar com arco e flecha, conseguia, se fosse sortudo, matar um animal por vez e ainda tinha o desafio de levá-lo de volta à família ou à tribo. Hoje, uma metralhadora é capaz de aniquilar todo uma população de grandes mamíferos em questão de segundos, que nem sempre são aproveitados para alimentação. O mesmo ocorre com uma árvore, que levava horas de um trabalho braçal extenuante no machado até que tombasse. Atualmente, uma motosserra, ou pior, dois tratores com correntões derrubam matas inteiras em menos tempo do que levava para tombar ao chão apenas uma árvore.



Playlist de Música Brasileira, no Youtube.



A natureza tem servido à humanidade na Terra em todas as suas necessidades, que só aumentam com a voraz compulsão ao consumo. A hora é de retribuirmos! E não se trata de capricho ou de generosidade altruística. Trata-se da nossa própria sobrevivência como espécie nesse planeta.


Tem saída? Eu acredito que sim, mas se houver Vontade (com letra maiúscula). Nosso sistema de valores precisa ser transformado e somente quando despertarmos para o fato de que fazemos parte dessa magnífica teia de vida da qual somos apenas um elo atrelado aos demais, teremos a chance de mudar nossas prioridades e ações.


A Teoria de Gaia, de 1979, elaborada por James Lovelock, parte dessa visão sistêmica, pois ele defende que a Terra conta com mecanismos auto-reguladores de equilíbrio. Precisamos compreender esses processos para podermos valorizá-los e aí seremos capazes de lutar pela sua proteção.


Para que isso aconteça, precisamos estar pautados no amor – amor à vida. A compreensão de que somos natureza é fundamental para que tenhamos maiores chances de dar à vida o espaço e o tempo que necessita para se manifestar em sua plenitude e evoluir naturalmente com perspectivas de um futuro promissor, belo, equânime e ético.


Isso quer dizer que todos os seres, todas as raças e gêneros precisam ter a oportunidade de desabrochar e florescer. É esse o mundo que precisamos criar. E o Brasil, com seu imenso território e extraordinária natureza, pode e deve ser pioneiro e exemplo dessa nova forma de ser, de perceber que sua biodiversidade é sua maior riqueza e que somos parte dela!


 

Música!


Sustentabilidade e florestas, na playlist da Cedro Rosa no Spotify.


Café com Música, playlist no Youtube.



 

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